sexta-feira, 5 de setembro de 2008

De S.Paulo a S.Paulo II

Hoje foi dia de museus. Todos dentro do campus da Universidade de São Paulo.

Comecei pelos magníficos museus do Instituto Butantan: um serpentário, um museu de biologia, outro de microbiologia e ainda um museu histórico. Depois o MAC, de arte contemporânea, o MAE de arqueologia e etnografia e o Museu de Geologia da Faculdade de Ciência Geofísicas.

O Instituto Butantan, fundado em 23 de Fevereiro de 1901, é um centro de pesquisa biomédica, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, responsável pela produção de mais de 80% do total de soros e vacinas consumidas no Brasil.
Para prossecução das suas actividades possui grande número de ofídeos dos quais expõe, ao ar livre, algumas espécies mais adaptáveis ao cativeiro. Em jaulas de vidro dentro do Museu de Biologia podem ver-se dezenas de espécies.

O Museu de Microbiologia dá uma visão desde os fungos até aos priões. Fungos, protozoários e bactérias podem aí ser vistos ao microscópio. Ficam, naturalmente, fora da visão os vírus e priões, dos quais são apresentados modelos.
O Museu Histórico descreve a evolução do Instituto desde o sítio de Ibu-tá-tá (terra-dura-dura), passando pela fazenda de Ibutatan e até hoje.
Sobre o MAC (lamento a minha falta de competência) entrei e saí sem um mínimo de afeição por qualquer uma das obras expostas.

O MAE tem, para além de um sector mediterrânico e outro africano menos interessantes para o visitante europeu, um importante acervo de materiais sul-americanos. Os Índios brasileiros são aqui descritos nas suas culturas ancestrais e na sua evolução ao contacto com a cultura industrial.
O MGFCG tem uma imensa colecção de minerais, rochas, pedras. Todos com indicação de nome e respectiva composição química.
É, com certeza, de inestimável valor para o estudante mas também de imenso gozo para a vista do turista.

Incluíndo os passeios a pé e de autocarro (onibus) foi um dia bem agradável este passado nos 50 hectares do campus da USP.
Note-se o gosto que aqui temos ao ouvir onibus (em Portugal escreveríamos omnibus) em vez de "ónibâss" como pronunciado pela maioria dos Portugueses desconhecedores, que tratam esta conjunção latina como se de inglês se tratasse (?). Também dizem "áitéme" (item) e ainda os hei-de ouvir dizer "sainé daié" (Sine die). É triste mas é verdade.






Alunos visitando o Museu de Microbiologia












Serpentário no Instituto Butantan














Procurámos de tarde uma esplanada para trabalhar, ao sol, longe do hotel.
O Hotel Howard Johnson é um exemplo acabado de má hotelaria.
O pessoal acumula-se e perfila-se no balcão da recepção, mas nada, nada e nunca, corre bem…

O hotel é central e perto da Universidade o que daria para evitar o caótico e imenso trânsito de S.Paulo. Daí a escolha.
É um hotel "standard" daqueles que há, iguaizinhos, por todo o mundo.
Pessoalmente preferimos hotéis mais característicos, mais do tipo familiar e local, mas, na verdade, estes hotéis internacionais costumam brindar o cliente com um serviço de qualidade, no sentido estrito de “sempre igual”.

Aqui corre tudo mal… a ligação à net, acessível por períodos de 24 horas a preço módico, não trabalha dias a fio e desde há 5 dias que nos garantem que o técnico está a providenciar.
O “café da manhã” mantêm há 5 dias um (o mesmo) bolo de chocolate, que hoje apresentava já sinais do devido envelhecimento e desidratação.
O jantar de ontem era praticamente intragável… uma porção de legumes a acompanhar um objecto não identificado coberto de molho (na lista o objecto dava pelo nome de peixe!).

Hoje a fugir do hotel fomos até uma esplanada nas redondezas. Um restaurante na rua paralela, com uma esplanada agradável, coberta de vegetação.
O empregado não tardou: “Você fumam?”, “Não?”…. “Então não pode sentar, só lá dentro… a esplanada está reservada a fumadores !!!!!!!!”
Nunca tinha acontecido, mas para nós que adoramos esplanadas em dia de sol…
Custa pensar que a nossa única hipótese é começar a fumar!!!!!


Mas falando de coisas interessantes. A visita ao Instituto de Psicologia foi rica em informações e experiência.
A Prof Edwiges Mattos Silvares (Professora Edwiges ) é minha conhecida de longa data. Nas últimas décadas fomo-nos vendo um pouco por todo o Mundo, ela já me tinha visitado em Lisboa, só faltava mesmo esta minha visita à sua Universidade. Toda a gente a reconhece pelo carinhoso nome de “Vivi”. Apesar da sua juventude foi professora de meio mundo no meio profissional de psicologia por todo o Brasil. É, enfim, daquelas pessoas que “abriram portas e horizontes” aos seus estudantes.

A Universidade de S.Paulo é enorme! Mais de 50000 alunos, mais de 40 Escolas, um campus com uma linha permanente e gratuita de transporte entre escolas.
Há vários museus (entre os quais um de Microbiologia, onde veja-se na foto, também abundavam crianças-visitantes, interessados no assunto), variada oferta de logística hoteleira, um Hospital Universitário e, pelo menos no Instituto de Psicologia, uma Biblioteca invejável… (Universidade de S.Paulo )

No Instituto de Psicologia (Instituto de Psicologia) para além das minha palestra e workshop, contactei os alunos de doutoramento (aqui diz-se “de doutorado”) e seus projectos, alguns dos quais incluídos no “Projecto Enurese”, ( Projecto Enurese ) uma linha de pesquisa em que a Edwiges é uma referência a nível mundial. Desenvoveram e têm a patente de uma intervenção terapêutica e um instrumento terapêutico para este problema.

Ficámos em promessas e projectos de que uma representação deste projecto deveria ir a Braga, em Abril de 2009, participar num evento que estamos a organizar colaborando com a Universidade do Minho, o Congresso Ibérico “Saúde e Comportamento”.
Fui, com os estudantes de pós graduação e estagiários, ver o seu trabalho no serviço de Pediatria do Hospital Universitário. Alguns psicólogos fazem jogos didácticos com as crianças à espera de consulta de pediatria num cantinho recreativo; outros conversam com os pais também na sala de espera ouvindo-os e identificando problemas e recursos familiares. Mais um exemplo a seguir, com muito impacto e baixo custo, uma vez que este serviço conta com a colaboração de estagiários de graduação, supervisionados por dois seniores, a própria Edwiges e mais um psicólogo graduado.

Adiantamos um pouco no projecto Luso-Brasileiro “ Projecto Serviços-Escola de Psicologia” , que vamos desenvolver em conjunto, on-line (Serviços-Escola de Psicologia ).

Uma das doutorandas da Vivi, a Carol Guisantes está a fazer o estudo piloto do HBSC (HBSC) no Brasil, mais exactamente em S.Paulo e Curitiba. Juntámos as bases de dados dos nossos dois países e temos já um artigo cozinhado, em que ela vai trabalhar até à minha passagem por Curitiba, mesmo antes do meu regresso. Estamos a comparar os alunos Portugueses e Brasileiros no que diz respeito aos problemas de comportamento e competências sociais e sua influência nos estilos de vida.

Estivemos hoje a ver revistas especializadas em língua Portuguesa, e factores de impacto ( CAPES e ANPEPP )

Tive ainda ocasião de reunir com a Directora do IP , acertando projectos de assinatura de um protocolo entre as nossas Instituições, para colaboração em investigação e intercâmbio de alunos e professores.

Entretanto recebi hoje um e-mail com a referência da legislação Portuguesa referente à recente criação da Ordem dos Psicólogos em Portugal.
Aqui no Brasil, 2008 é o ano da Psicologia: Profissão na Construção da Educação para Todos (ver Psicologia)

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