sábado, 30 de junho de 2012

Sampaio da Nóvoa , uma vez mais

 

"O futuro, Minhas Senhoras e Meus Senhores, está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento."


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Sampaio da Nóvoa. 10 de Junho de 2012.
Obrigatório ler:

Discurso do Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Prof. Doutor António Sampaio da Nóvoa
Lisboa, 10 de junho de 2012

"As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade.

As minhas primeiras palavras são, por inteiro, para os portugueses que vivem situações de dificuldade e de pobreza, de desemprego, que vivem hoje pior do que viviam ontem.

É neles que penso neste 10 de Junho.

A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Penso nos outros, logo existo (José Gomes Ferreira). É o compromisso com os outros, com o bem de todos, que nos torna humanos.

Portugal conseguiu sair de um longo ciclo de pobreza, marcado pelo atraso e pela sobrevivência. Quando pensávamos que este passado não voltaria mais, eis que a pobreza regressa, agora, sem as redes das sociedades tradicionais.

Começa a haver demasiados "portugais" dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização. 
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.

Afinal, a História ainda não tinha acabado. Precisamos de ideias novas que nos deem um horizonte de futuro. Precisamos de alternativas. Há sempre alternativas.

A arrogância do pensamento inevitável é o contrário da liberdade. E nestes estranhos dias, duros e difíceis, podemos prescindir de tudo, mas não podemos prescindir nem da Liberdade nem do Futuro.

O futuro, Minhas Senhoras e Meus Senhores, está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento.

Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social (Miguel Torga).

Gostaria de recordar o célebre discurso de Franklin D. Roosevelt, proferido num tempo ainda mais difícil do que o nosso, em 1941. A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos.

Numa situação de guerra, Roosevelt sabia que os sacrifícios têm de basear-se numa forte consciência do social, do interesse coletivo, uma consciência que fomos perdendo na vertigem do económico; pior ainda, que fomos perdendo para interesses e grupos, sem controlo, que concentram a riqueza no mundo e tomam decisões à margem de qualquer princípio ético ou democrático. É uma "realidade inaceitável".

Em mar de águas revoltas, é preciso manter o rumo, ter a sabedoria de separar o acessório do fundamental. A Europa não é uma opção, é a nossa condição. Uma Europa com uma nova divisa: liberdade, diversidade, solidariedade.

A Europa é o nosso futuro, mas não nos iludamos. Ou nos salvamos a nós, ou ninguém nos salva (Manuel Laranjeira). Falemos, pois, de Portugal e dos portugueses.

Pelo Tejo fomos para o mundo… mas quantas vezes estivemos ausentes dentro de nós? Preferimos a Índia remota, incerta, além dos mares, ao bocado de terra em que nascemos (Teixeira de Pascoaes).

A Terra ou o Mar? Portugal ou o Mundo? A pergunta foi feita por todos aqueles que pensaram Portugal.

No final do século XIX, um homem da Geração de 70, Alberto Sampaio, explica que as nossas faculdades se atrofiaram para tudo que não fosse viajar e mercadejar. Nunca nos preocupámos com a agricultura, nem com a indústria, nem com a ciência, nem com as belas-artes. As riquezas que fomos tendo "mal aportavam, escoavam-se rapidamente, porque faltava uma indústria que as fixasse", e o património da comunidade, esse, "em vez de enriquecer, empobrecia".

Nos momentos de prosperidade não tratámos das duas questões fundamentais: o trabalho e o ensino. Nos momentos de crise é tarde: fundas economias na administração aumentariam os desempregados, e para a reorganização do trabalho falta o capital; falta o tempo, porque a fome bate à porta do pobre. Então a emigração é o único expediente: silenciosa e resignadamente cada um vai partindo, sem talvez uma palavra de amargura.

Este texto foi escrito há 120 anos. O meu discurso poderia acabar aqui. Em silêncio.

Senhor Presidente da República,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

É esta fragilidade endémica que devemos superar. O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino.

Parece pouco, mas é muito, o muito que nos tem faltado ao longo da história.

Porque Portugal tem um problema de organização dentro de si:
- Num sistema político cada vez mais bloqueado;
- Numa sociedade com instituições enfraquecidas, sem independência, tomadas por uma burocracia e por uma promiscuidade que são fonte de corrupção e desperdício; 
- Numa economia frágil e sem uma verdadeira cultura empresarial.

Estão a surgir, é certo, sinais de uma capacidade de adaptação e de resposta, de baixo para cima. Precisamos de transformar estes movimentos numa ação sobre o país, numa ação de reinvenção e de reforço da sociedade.

Chegou o tempo de dar um rumo novo à nossa história.

Portugal tem de se organizar dentro de si, não para se fechar, mas para se abrir, para alcançar uma presença forte fora de si.

Não conseguiremos ser alguém na Europa e no mundo, se formos ninguém em nós.

Não é por sermos um país pequeno que devem ser pequenas as nossas ambições. O tamanho não conta; o que conta, e muito, é o conhecimento e a ciência.

Senhor Presidente de República,

O convite de V. Ex.ª, que muito agradeço, é um gesto de reconhecimento das universidades e do seu papel no futuro de Portugal.

Em Lisboa, na célebre Conferência do Casino (1871), Antero disse o essencial: A Europa culta engrandeceu-se, nobilitou-se, subiu sobretudo pela ciência: foi sobretudo pela falta de ciência que nós descemos, que nos degradámos, que nos anulámos.

Antero tinha razão e o século XX ainda mais razão lhe veio dar. O drama de Portugal, do nosso atraso e da nossa dependência, tem sido sempre o afastamento de sociedades que evoluíram graças ao conhecimento e à ciência.

Nas últimas décadas, realizámos um esforço notável no campo da educação (da escola pública), das universidades e da ciência.

Pela primeira vez na nossa história, começamos a ter a base necessária para um novo modelo de desenvolvimento, para um novo modelo de organização da sociedade.

É uma base necessária, mas não é ainda uma base suficiente.

Existe conhecimento. Existe ciência. Existe tecnologia. Mas não estamos a conseguir aproveitar este potencial para reorganizar a nossa estrutura social e produtiva, para transformar as nossas instituições e empresas, para integrar uma geração qualificada que, assim, se vê empurrada para a precariedade e para o desemprego.

É este o nosso problema: a ligação entre a universidade e a sociedade. É esta a questão central do país: uma organização da sociedade com base na valorização do conhecimento.

Insisto. Apesar de todos os contratempos, Portugal tem hoje uma capacidade instalada, nas universidades e na ciência, que nos permite sair de uma posição menor, periférica, e superar o fosso tecnológico que se cavou entre nós e a Europa.

Não temos tempo para hesitações. As universidades vivem de liberdade, precisam de ser livres para estarem à altura do que a sociedade lhes pede.

É por aqui que passa o nosso futuro, pela forma como conseguirmos ligar as universidades e a sociedade, pela forma como conseguirmos que o conhecimento esteja ao serviço da transformação das nossas instituições e das nossas empresas.

É por aqui que passa o nosso futuro, um outro futuro para Portugal.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Também Lisboa se está a transformar graças à criação, à energia da cultura e da ciência, graças aos estudantes que aqui chegam de todas as partes do mundo.

Lisboa é dos poetas. Em abril, a poesia esteve na rua e fez-nos emergir da noite e do silêncio. A poesia volta sempre à rua, através desta língua que é a nossa mátria, desta língua que nos permite estar connosco e com os outros, nas comunidades que nos multiplicaram pelo mundo e nos países que são parte de nós.

25 anos depois, não esqueço José Afonso: Enquanto há força, cantai rapazes, dançai raparigas, seremos muitos, seremos alguém, cantai também.

Cantemos todos. Por um país solidário. Por um país que assegura o direito às coisas básicas e simples. Por um país que se transforma a partir do conhecimento.

Não podemos ser ingénuos. Mas denunciar as ingenuidades não significa pôr de lado as ilusões, não significa renunciar à busca de um país liberto, de uma vida limpa e de um tempo justo (Sophia).

Foi esta busca que me trouxe ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas."


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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ciência em Portugal e Horizon 2020?

Ciência em Portugal e Horizon 2020?

Bom, Como me disse no outro dia uma pessoa MUITO experiente que eu consultei:
 "Com toda essa segurança e blindagem contabilistica é mesmo muito fácil e cómodo ser o "administrative board"  de uma faculdade em Portugal, mas a verdade é que a investigação fica estrangulada (o que às vezes é o efeito até desejado porque esses "adminsitrative boards" não são obrigados a ter o minimo entendimento do que é a missão de uma faculdade) e apenas pensam no seu poder e em não sair de zonas de conforto.
O País está com dificuldades e as faculdades estão  todas com problemas, mas algumas ainda vão tendo "administrative boards" que ajudam os investigadores a resolver problemas, ao passo que noutras o "administrative board" é o maior problema e a maior força de bloqueio".
Por isso sim.. nós investigadores precisamos do Horizon 2020 e de ser competentes, perseverantes, competitivos e audazes, mas antes precisamos que nos livrem dos  "administrative boards" que não saem da "sombra da bananeira" a não ser para criar obstáculos....

terça-feira, 12 de junho de 2012

XI Congresso de Nutrição e Alimentação da Associação Portuguesa dos Nutricionistas

Num sítio lindo no Porto....

 

XI Congresso de Nutrição e Alimentação 

 ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS NUTRICIONISTAS

 

sábado, 9 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Blog personal de Alfredo Oliva Delgado


 


Reflexiones de un psicólogo evolutivo. Blog personal de Alfredo Oliva Delgado

Un estudio sobre los activos para el desarrollo positivo adolescente

Posted: 06 Jun 2012 03:39 AM PDT



En entradas anteriores he hecho referencia al modelo de desarrollo positivo adolescente elaborado en un estudio cualitativo llevado a cabo sobre profesionales relacionados con la adolescencia (ver aquí). Ese estudio no fue sino el comienzo de una investigación cuantitativa más ambiciosa que tenía como objetivo principal obtener información acerca de los activos familiares, escolares y comunitarios relacionados tanto con el desarrollo positivo adolescente como con la prevención de los problemas de ajuste emocional y comportamental. Por otra parte, el estudio también sirvió para validar y baremar una serie de instrumentos adaptados o elaborados para la evaluación de algunas competencias relacionadas con el desarrollo positivo, y de los activos en la familia, la escuela y la comunidad.


Probablemente, la principal conclusión del estudio es la importancia para el desarrollo adolescente, tanto en lo relativo a la promoción de competencias como para la prevención de problemas de ajuste, de las relaciones que en el entorno familiar se establecen entre padres o madres y adolescentes. Lejos de disminuir la influencia de la familia cuan¬do llega la adolescencia, nuestros datos indican que es en el contexto familiar donde se encuentran los principales activos para favorecer el desarrollo de chicos y chicas. Por lo tanto, hay que destacar la importancia de apoyar a padres y madres para que puedan desempeñar mejor su rol de educadores y ejercer una parentalidad positiva. Con frecuencia se tiende a considerar este apoyo como más adecuado para quienes tienen niños más pequeños, pues se piensa que para el momento en que llega la adolescencia, padres y madres tienen ya un rodaje más que suficiente para haber adquirido las competencias precisas para manejar con pericia la mayoría de situaciones que se les pueden presentar en la vida familiar cotidiana. Sin embargo, la primera ado¬lescencia es una etapa en la que su suelen producir algunos desajustes en las relacio¬nes familiares, y algunos progenitores pueden verse algo desorientados y beneficiarse mucho de un apoyo externo. La difusión de una imagen más normalizada y menos negativa de la adolescencia y la promoción de un estilo parental democrático entre los progenitores puede influir de forma muy positiva sobre el desarrollo de nuestros chicos y chicas.

A pesar de la mayor importancia de la familia, también en el centro educativo se detectaron importantes recursos o activos que favorecen el desarrollo adolescente. Así, aquellos centros con normas y valores claros, y con un buen clima escolar que facili¬tan la vinculación del alumnado al mismo, tuvieron mejores resultados en cuanto a las competencias promovidas en sus estudiantes. También mostraron estos chicos y chicas menos problemas de ajuste psicológico. Por lo tanto, a partir de los datos del estudio pueden extraerse algunas sugerencias de carácter práctico para que los centros de edu¬cación secundaria se conviertan en lugares promotores de la salud y la competencia adolescente.

Finalmente, el estudio también aportó una importante evidencia empírica acerca de la im¬portancia del barrio o vecindario en que residen los adolescentes, ya que también se encontraron relaciones muy significativas entre la competencia y el ajuste adolescente y algunas di¬mensiones comunitarias, como la seguridad, el control social, el empoderamiento de la juventud y su sentimiento de vinculación o pertenencia a su comunidad o barrio. Aun¬que en nuestro estudio la disponibilidad de actividades extracurriculares no se asoció a un mejor ajuste o competencia del alumnado, sí lo hizo la participación en ellas.

Aquí podéis encontrar el la publicación con los principales resultados de este estudio.


Oliva, A., Pertegal, M. A., Antolín, L., Reina, M. C. Ríos, M., Hernando, A., Parra, A., Pascual, D. y Estévez, R. (2011). El desarrollo positivo adolescente y los activos que lo promueven. Un estudio en centros docentes andaluces. Sevilla: Consejería de Salud de la Junta de Andalucía