quarta-feira, 29 de outubro de 2008

De Cipolletti a Cipolletti

Por aqui e por aí, temas actuais!


Uma pós -graduação sobre "O mal-estar dos docentes universitários" face à "imobilidade burocrática", e respectivas consequências para a saúde!


Ainda a Educação sexual :







Archives Dis Childhood



Nova publicação desta vez no Arch Dis Childhood/ BMJ, abstract disponível em:


http://adc.bmj.com/cgi/content/abstract/adc.2008.139915v1?eaf




Parabéns Helena!



Emotional, behavioural, and social correlates of missing values for BMI


Helena Fonseca 1*, Margarida Gaspar de Matos 2, António Guerra 3 and João Gomes Pedro 1

Objective: To examine the emotional, behavioural, and social correlates of missing values for Body Mass Index (BMI) in a nationally representative sample of Portuguese youth.


Design and Methods: Sample included 6131 6th, 8th, and 10th grade public school Portuguese students, age 11-16 years, who participated in the 2002 HBSC / WHO survey of adolescent health. Those who did not report their weight and/or height, were compared with their peers. Bivariate analyses of psychosocial and behavioural variables were conducted, comparing the two groups. Multivariate logistic regression was used to determine if the variables that were significantly associated with missing BMI values at a bivariate level would predict missing BMI, when controlling for all the others in the model.


Results: From the 6131 adolescents who answered to the questionnaire, 661 (10.8%) did not report either their weight or height or both. Gender was not associated with missing BMI. Missing values were significantly predicted by a younger age (aOR=2.56, 95% CI 1.99-3.29, P< 0.001), sedentary lifestyle (aOR=1.53, 95% CI 1.16-2.01, P< 0.01), poor body satisfaction (aOR=1.34, 95% CI 1.19-1.51, P<0.001), father absence (aOR=1.62, 95% CI 1.14-2.30, P<0.01), lack of friends of the opposite sex (aOR=1.65, 95% CI 1.03-2.66, P< 0.05), and by a poor perception of academic achievement (aOR=1.23, 95% CI 1.06-1.42, P< 0.01).


Discussion: Our findings suggest that those with missing values for BMI tend to have poorer body image, health behaviours, and social networks. These results have implications for potential bias in results in studies that do not account for missing BMI.






WHO Autumn School

Caros amigos e colegas,

Entre os dias 22 e 25 de Outubro decorreu em Siena (Itália) a primeira ‘Autumn School’ da Organização Mundial para a Saúde (OMS), subordinada ao tema ‘Developing Evidence-Based Practice for Health Promotion’.

Esta actividade formativa da OMS vinha sendo desenvolvida desde há alguns anos como ‘WHO Summer School’ no âmbito da Conferência Internacional dos Hospitais Promotores de Saúde (HPS) e este ano, a Rede da Toscânia dos HPS, juntamente com o secretariado internacional e a Universidade de Siena, organizaram a Autumn School, que visto o seu sucesso, será certamente repetida nos próximos anos.

Por agora, informo que as apresentações da Autumn School encontram-se no site do secretariado internacional da rede em:
http://www.who-cc.dk/news-1/who-autumn-school-08
site geral:
http://www.who-cc.dk/ .
No site do secretariado também poderão aceder a outras informações sobre as actividades, projectos e publicações da rede internacional.

Desejos de um óptimo trabalho para todos.
Um abraço,
Ana

WHO Collaborating Centre for Health Promotion Capacity Building in Child
and Adolescent Health
c/o Health Promotion Programme
Meyer University Children's Hospital



terça-feira, 28 de outubro de 2008

De Mendoza a Cipolletti III





Pegando outra vez na publicidade e nas suas perversões, fica um cartaz onde se diz que
Um amigo é como um psicólogo, apenas sem título” e dá um endereço electrónico tipo amigopsicologo.com.

Os conselhos são do estilo “se a tua namorada quer casar, diz-lhe que se case”, “ se andas a sair com duas miúdas, compra dois telemóveis”. O que se quer vender é uma cerveja!

Qua campanha tonta, sexista e ainda por cima potencialmente banalizante do que é um apoio psicológico.


De Mendoza a Chipolletti II




Pelas ruas de Mendoza (provavelmente por toda a Argentina), à boleia de um cartaz do Ministério da Saúde onde se apela “consulte o seu médico” para controlo do cancro da mama e do útero (foto), aparece massivamente um outro cartaz (foto) com uma actriz muito conhecida e sua filha, “ uma em seis mulheres morre diariamente…” apelando para a tal consulta e a tal vacina.

No ano passado houve uma campanha do Ministério da Saúde para a vacinação das meninas contra a Rubéola, este ano é a vez dos rapazes “Vamos acabar com a rubéola na Argentina” dizem os cartazes), provavelmente confundindo com campanhas nacionais deste tipo, as mães de meninas a partir de 9 anos e as jovens dos 18 aos 26 apareceram massivamente nos hospitais e centros de saúde, a pedir que as vacinassem… Não queriam que as suas filhas fossem “uma das seis”. Mas não sabiam, que a vacina custa 1000 pesos (cerca de 250 euros).
Apesar do ar oficial e “não lucrativo” das Associações anunciadas no cartaz, a verdade é que divulgam um serviço que, não sendo acessível, pode perversamente servir para alarmar… culpabilizar…!

(mensagem implícita: “A população foi abundantemente informada, se as filhas vierem a ser uma das seis é porque as mães não tiveram 1000 pesos para lhe dar a vacina!”) .

Mas não há respostas públicas!
Não devia isto ter sido feito de outra maneira?
Nota: para quem gosta das fotos turísticas publicámos hoje mais um conjunto, na faixa lateral.

De Mendoza a Chipolletti



La noche en la isla

(…)
Tal vez tu sueño
se separo del mío
y por el mar oscuro
me buscaba
como antes
cuando aún no existías
cuando sin divisarte
navegué por tu lado,
y tus ojos buscavan
lo que ahora
-pan, viño, amor y colera-
te doy a manos lhenas

(...)
He dormido contigo
toda la noche mientras
la oscura tierra gira
con vivos y con muertos,
y al despertar de pronto
en medio de la sombra
mi brazo rodeaba tu cintura.
ni la noche, ni el sueño
pudieron separarnos

(...)



(Pablo Neruda, Los versos del capitán, Julho 1952)

De Mendoza a Mendoza III



Ainda a educação sexual, a sexualidade e saúde sexual e reprodutiva.

Quem diria que Mendoza, com cerca de 100 mil habitantes, podia receber 3 mil médicos ginecologistas para o “XIX Congreso Latinoamericano de Obstetrícia y Ginecologia ( F.L.A.S.O.G. 2008)”.

Por casualidade o Simpósio do primeiro dia era exactamente sobre “ La Salud Reprodutiva en la Adolescencia”, e fui, no âmbito de uma reunião preparatória para um Congresso da SAGIJ (Sociedade Argentina de Ginecologia Infanto Juvenil), que terá lugar em breve em Buenos Aires e onde participarei também.

O Simpósio foi interessante com 3 apresentações “direitas ao assunto” : contracepção na adolescência (José Alcione, Brasil), o aborto na adolescência (Jorge Pelaez, Cuba) e o HPV (Ruth Graciela, Panamá).

Este simpósio teve um formato curioso, o debate público foi substituído pelo comentário de especialistas convidados, de elevado mérito tiveram 5 minutos cada um para comentários às apresentações.
Foi com entusiasmo que vi como em 5 minutos se pode dizer o essencial (para recordar o “massacre” de algumas reuniões de trabalho intermináveis onde se passam horas a patinar no gelo e saímos como entrámos, apenas um pouco mais irritados!).


Assim o Dr.Ramiro Molina da CEMERA (que visitei em Santiago do Chile) e actual Presidente da FIGIJ (Federação Internacional de Ginecologia Infanto-Juvenil), e o Dr.Enrique Pons (Uruguai).

Dos comentários sublinho:

(1) a necessidade de estudos internacionais para conhecimento do perfil dos(as) adolescentes nos problemas, mas também no dia-a-dia, conhecimento da sua percepção de saúde, de bem-estar, de qualidade de vida.
(2) a necessidade de uma educação sexual atempada: em geral a adolescente apenas recorre aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, após a primeira relação sexual, expondo-se assim a riscos escusados
(3) a necessidade de inclusão urgente dos jovens pais, nas intervenções na área da gravidez na adolescência (pais “grávidos”)
(4) a discrepância entre os países da América Latina em matéria de legislação na área do aborto
(5) a falta de eficácia, mesmo das medidas autorizadas pelas leis dos países em matéria de Interrupção Voluntária de Gravidez, que ocorre por questões logísticas ou de recursos humanos
(6) a vacina HPV não deve ocasionar a eliminação dos habituais testes de rastreio
(7) a necessidade de se evitar que o HPV seja o novo vírus do “controlo” da sexualidade.




Nota:
Na faixa lateral vamos incluindo links de interesse em cada país.
Hoje mesmo para além de mais links da Argentina, incluimos a newletter do Centro da Malária e Doenças Tropicais, onde é possivel inscrever-se e receber semanalmente, e o powerpoint com as fotos turisticas de São Paulo/ Brasil. As do Pantanal vêm a seguir.

domingo, 26 de outubro de 2008

De Mendoza a Mendoza II

Ponte del Inca - Fenómeno de erosão natural

Aconcágua - com a sua nuvenzinha "privativa" à volta.
Emocionante vê-lo aqui mesmo, a 30 km de nós ... quase 7000 metros de altitude!
O João Garcia já esteve certamente por aqui. Mesmo agora vimos um grupo nos preparativos de partida, não sabemos se para ir até ao topo!


De Rapa Nui a Valparaíso

Os Moai, da Ilha da Páscoa ("Rapa Nui") em Valparaíso, por oferta da região ( só agora chegou a foto!).

Estranho destino o deste povo que, segundo consta, se extinguiu por ter desertificado a ilha, cortando árvores sem a devida substituição, para o transporte destas estátuas gigantescas para a beira-mar. Paradoxalmente estas estátuas destinavam-se à sua protecção!

sábado, 25 de outubro de 2008

De Mendoza a Mendoza



Estamos agora em Mendoza (uma das cidades produtoras de vinho na Argentina, com castas como o Malbec que por aí não temos).
Ontem o passeio do Chile aqui foi fantástico, 9 horas de autocarro, daqueles com poltronas e serviço de almoço, muito confortável.

A paisagem era de tirar a respiração, sempre no meio dos Andes, subimos do lado do Chile, e descemos do lado da Argentina.

Há um mês ainda estava tudo cheio de neve, agora começa a derreter formando quedas de água de grande velocidade e força por autênticas ravinas. As cores variam entre o branco da neve e o ocre da terra, que às vezes parece esculpida outras derretida.

Passamos várias estações de esqui, agora fechadas com pistas de uma inclinação invejavel para "espertos".

Na fronteira, já não viamos coisa assim há muitos anos, toca a abrir malas , revolver, desmanchar, mostrar tudo, arrumar tudo, um tempão, bastante irritante!

Ontem lembrei-me que aqui há uns tempos me tinha apetecido contar uma história, mas quis deixar uns dias e alguns países para manter o anonimato. Mas agora vem mesmo a propósito da celeuma renascida sobre a educação sexual nas escolas em Portugal.

A história começa quando me resolvo ir cortar o cabelo, o que como se sabe, é um risco num local desconhecido.

O jovem que se ocupou de mim perguntou as coisas habituais, de onde vinha e o que fazia mas, à menção que era psicóloga olhou para mim encantado e confessou que andava há anos para consultar uma, mas não conhecia o "ramo" e que queria mesmo muito falar comigo. E começou imediatamente a contar a sua história.

Então, eram sete irmãos e ele, com 24 anos era o mais velho. Moravam todos com a mãe e ele era o ganha pão daquela família, idolatrado pelos irmãos e pela mãe, porque do pai nenhum se lembrava.

O drama deste jovem com 24 anos, homosexual, era que em casa ninguém poderia nem imaginar a sua orientação sexual fazendo-o sentir-se sempre só, e muitas vezes culpado, enfim sempre que "abandonava" a família para sair com o seu grupo.

Como a sua situação era secreta, não podia ter um namorado estável, com quem tivesse uma vida social, sexual e familiar. Assim, tinha apenas acesso a relações episódicas, e era em geral muito assediado por homens mais velhos, que não lhe agradavam porque, dizia, apesar de já ser um pouco calvo tinha apenas 24 anos e gostava do convívio dos da sua geração.

Estava muito deprimido, achava-se excelente no seu emprego, achava-se um excelente pai para todos os seus irmãos e irmãs, mas não tinha coragem para seguir a sua vida e os seus sonhos, porque não ousava, nem achava que tivesse o direito de chocar a família, e, assim sendo, não podia fazer parte de um casal apaixonado e estável, e ficava confinado a relações episódicas e não gratificantes.
Enfim, esta situação fica para ilustrar que a recusa da educação sexual nas escolas, limita também o direito à diferença. Para quando todos diferentes... todos iguais?
Esta situação insólita, a mim garantiu-me um (excelente) corte de cabelo de 90 minutos.

Penso que para este jovem foi importante constatar que pelo menos para alguns, a orientação sexual de cada um faz parte do direito de cada um à diferença.

No fim brindou-me com um grande sorriso, agradeceu e declarou que eu não podia nem imaginar como aquela conversa tinha sido importante para ele.

Olhei e, com efeito, pelo menos a culpabilidade parecia ter-se ido!

De Santiago a Mendoza

Outra coincidência para o dia de hoje: os 50 anos dos "Estrunfes" ( aqui chamados "Pitufos").
Tania e Mariana, lembram-se?




A Mariana faz hoje anos... a Margaridinha também...


Aqui fica a Margaridinha, na foto de cima com a sobrinha, ambas de costas porque não consegui encontrar nenhuma foto meia desfocada...


A Mariana aqui fica numa versão de há uns anitos!.

Parabéns às duas, aqui da Argentina.

Educação sexual nas escolas : episódios recorrentes

Pronto, já cá tardava... lá volta a Educação Sexual à primeira fila !...
O que é crítico neste assunto, é mesmo ainda ser um "assunto" ... mais: um assunto que consegue provocar tal polémica, tal falta de serenidade e tal falta de serena e sustentada inclusão nas rotinas educativas na área da saúde, da cidadania e do desenvolvimento pessoal e relações sociais! Os jovens são sempre os principais prejudicados, raramente ouvidos, mas de quem depois sempre se espera que façam sínteses pessoais a partir destas polémicas recorrentes!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

De Santiago a Santiago V

As escolas de antigamente! ( ver em baixo)


Exposição no Centro Cultural de la Moneda. No século XIX índios da Patagónia foram "exibidos" no Jardin d'Acclimatation em Paris, como espécimes vivos de história natural(...)
Ao lado o Palácio de La Moneda, a lembrar a história mais recente do Chile.






Mesmo no ínicio desta mensagem, detalhe de uma foto, no Museu de Belas Artes. Lamentavelmente não consegui recuperar o nome do(a) autor(a), mas aqui fica, como contributo à mudança urgente de crença, dos que continuam a dizer que a educação de "antes é que era boa".
Antes era assim!... e mesmo assim para uns poucos, priviligiados.








Xadrez na rua : uma paixão comum a vários estilos de vida e classes sociais: no coreto da Praça de Armas


O Trabalho

Hoje foi a vez do Serviço de Saúde Infanto-Juvenil do Hospital Roberto de lo Rio, em Santiago, o único Hospital com internamento de pedo-psiquiatria do Pais. Tem 17 camas para internamento e segue crianças até aos 17 anos e 11 meses. Os internamentos são de curta e média duração. As crianças têm apoio de uma equipa pluridisciplinar (pediatra, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro) e têm apoio de voluntárias do Hospital para os tempos livres.

Fica sempre a tristeza de ver tanta dor psicossocial, uma dor que adoece a mente (aparentemente) para o corpo não sofrer tanto. Quando se trata de crianças é confrangedor ver tão pouca idade associada a tanto sofrimento. Sim, porque aqui como aí uma boa parte dos casos têm a ver justamente com situações psicossociais de infortúnio.

Lembrei-me do jovem investigador da ARCIS que se propõe fazer uma tese em Psicologia argumentando que o "Direito da Criança" é na nossa realidade social o "Direito do Direito", que deixa a criança de fora, exposta e "sem direitos".
O exemplo mais flagrante são, claro os casos de negligência e maus tratos, abusos físicos e sexuais nas famílias ou com a cumplicidade das famílias.

Fiz uma apresentação/debate aos profissionais do serviço sobre a "Saúde mental na Infância e na adolescência: estudos portugueses e desafios emergentes", onde falei do nosso trabalho em Lisboa. Falei dos novos desafios emergentes em Portugal, aqui contaram-me da alarmante subida de casos de tentativa de suicídio entre adolescentes nos últimos anos.
Uma vez mais durante a discussão surgiu, entre outros temas a questão dos direitos da criança (até chamada técnicamente "Menor", e o seu Tribunal chamado técnicamente "Tribunal de Família").
Mas que direitos têm a criança quando a família é o principal agente abusador? se se retira desta a família, que alternativas restam? e que miséria humana leva os progenitores a aniquilar a sua descendência, ou a usá-la para benefícios económicos ou sociais.
Preferimos acreditar que a família já não sofre apenas porque já "nem tem por onde sofrer", mas uma vez mais é a criança que fica esfacelada física e psicologicamente, e sem horizontes de remediação, quanto mais de um desenvolvimento pessoal e social.

Esta reflexão veio a propósito da conversa de ontem sobre os Direitos da Criança e da visita de hoje... mas não é um problema daqui do Chile, é um problema de todo o mundo e, embora seja seguramente um problema de miséria psicossocial, nem sempre é um problema da pobreza, nem da toxicodependência.
É sempre uma violência e quando se trata de crianças é insuportavel.

No passeio
Na praça de Armas em Santiago, um coreto onde se joga xadrez.

O que tem graça é que se vêem executivos "fardados" lado a lado com "sem abrigo" exibindo alguma falta de higiene corporal, jogando lado a lado versões de xadrez 5 minutos, com contador de tempo e igualdade de oportunidades.
Queriamos ir ao teatro ver uma peça "alternativa" de teatro multimedia "Sin sangre" mas está esgotado.
Os teatros só abrem de quinta a domingo e no cinena, aqui como aí, as salas ficam nas galerias comerciais só vimos as grandes produções pouco apetecíveis. Vai estrear amanhã o "Ensaio sobre a cegueira" ( aqui "Ceguera"), esperamos vê-lo na Argentina.

Conseguimos ver o clássico de Arthur Miller - "La muerte de un vendedor", pelo Teatro Nacional Chileno, numa sala (Teatro António Varas) mesmo ao lado do Palácio de La Moneda. Uma reflexão interessante sobre as diversas expectativas face à vida, os segredos de família... a encenação estava muito bem conseguida, montada no palco como uns andaimes com várias divisões, os actores são excelentes.
Gastronomia
Cazuela de ave, pastel de choclo, pastel de paita, palta (pera abacate), empanadas, vinho chileno.

A primavera em Santiago continua magnífica, de dia e de noite.
Vamos amanhã embora e parece que ainda faltam mil recantos extraordinários, mil pormenores para descobrir, mil rotinas para seguir, mil pessoas para conhecer!...
Já esquecidos da entrada atribulada (ai a Leika desaparecida no metro!...), gostámos mesmo MUITO desta cidade... estamos tristes de ir embora.
Podiamos viver aqui um bom par de anos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

De Santiago a Santiago V






















Visitámos a Universidade ARCIS (link também na faixa lateral), uma Universidade com um modelo e uma história interessantes.
Vários académicos refugiados políticos em outros países foram regressando ao Chile mas sem posto de trabalho. Fundaram então a ARCIS (Universidade de Artes e Ciências Sociais, claramente uma Universidade de vanguarda, uma elite intelectual associada à Esquerda Chilena).

Deste historial podemos imaginar a conversa interessante que se tivemos sobre "ideologias", sobre o que é ser de “direita” e de “esquerda” no Chile (e em Portugal) na modernidade e, já que quase todos éramos psicólogos, sobre o que é ser Psicodinâmico/Psicanalista, ou Sócio-Cognitivo ou Cognitivo-Comportamental, na Psicologia Moderna, e claro, qual o papel do psicólogo na compreensão e na acção para a mudança social.
Aqui a Faculdade de Psicologia tem uma forte componente na intervenção comunitária e em politicas sociais, com uma licenciatura em Psicologia, um Mestrado em Psicologia com menção em Análise Institucional e de Grupos e ainda um Doutoramento em Processos Sociais e Políticos na América Latina.

O edifício da Universidade, que também acolhe cursos de literatura e artes, tem uma arquitectura muito bonita e vanguardista em consonância com este ambiente de grande inquietude e reflexão sobre o papel social da Universidade, e sobre o papel da Psicologia e das Artes na cidadania e na mudança social.

Na Europa temos Bolonha e um montão de alegadas vantagens desse modelo.
A ARCIS deu-me uma verdadeira nostalgia dos meus tempos de universidade, em que a inquietação e o gosto pela discussão centrada na vida, na ciência e na sociedade, fazia tanto sentido.
Agora é fácil sentirmo-nos perdidos no meio da contagem e dos somatório dos “impact factors” necessários para as sinuosas subidas nas carreiras académicas (e eu posso falar à vontade, no que diz respeito a publicações, ao contrário de alguns "opositores" cujo verdadeiro argumento se deve "apenas" à sua falta de publicações...)
Hoje, durante a minha visita falei com dois jovens docentes que pelos vistos ainda estão a concluir o seu doutoramento.
Eu, se tivera que avaliar a complexidade do seu discurso, a qualidade da sua argumentação e dos seus conhecimentos sobre as dinâmicas sociais do seu país, os seus conhecimento técnico-científicos sobre o racional das intervenções psicossociais que propõem, a sua contribuição internacional em redes de estudo na área da Psicologia, eu teria acreditado que ambos seriam no mínimo doutores, com uma carreira dedicada à reflexão.

Eu conheço bem os argumentos "de Bolonha", mas fiquei a pensar! Em que altura teremos que parar para pensar aí pela Europa?
A formação de estudantes que estamos a fazer, ensina a pensar?, a reflectir sobre dinâmicas complexas e a resolver problemas originais ? ou queremos ensinar aos estudantes soluções "básicas" e "pronto-a-vestir", para um número finito de problemas já pré-estabelecido? e então a inovação e a renovação?
E um Professor Universitário, é suposto ser “o melhor aluno” da sua disciplina? Ou é alguém que construiu um saber original sobre ela? E para construir esse saber leu, reflectiu, e evoluiu a partir de análises e sínteses pessoais sucessivas? (já agora, se realmente leu e escreveu assim tanto, será admissível que se vejam tantos erros de ortografia e erros semânticos grosseiros?).

Estas questões têm uma resposta rápida e superficial e outra mais demorada e complexa. Deixem-me ficar a pensar!
Foi um dia verdadeiramente inspirador!

Santiago a Santiago IV

Educação para a cidadania e igualdade de género!

















Gostamos de Guaysamin quando vimos as primeiras reproduções
dos seus quadros... e ainda não sabiamos que era famoso e controverso. Em exposição aqui!




















Com a Drª Virgínia Perez, Endocrinologista Pediátrica, depois da Conferência na Sogia.
Como alguns Latino Americanos que temos vindo a conhecer, ela fala perfeitamente Português.
É interessante, e nada habitual para nós, encontrar pessoas que por algum motivo aprendem Português, e têm gosto em usá-lo.

Visitei a CEMERA (ver link na faixa lateral) , junto ao Hospital Roberto del Rio, onde conversei longa e agradavelmente com a Prof.Electra Gonzalez.
Esta académica trabalha na área da saúde sexual e reprodutiva e uma das suas investigações sobre diferenças de género, foi recentemente publicada pela Revista Médica do Chile e pode ser consultada a partir do seu nome no http://www.scielo.cl/ (coloquei na faixa lateral, junto do link da CEMERA, e o da Universidade do Chile, que publica a Revista Médica do Chile).
Foi muito interessante a semelhança de experiências, problemas, reflexões e soluções, incluindo a Educação para a Saúde e Sexualidade, nomeadamente em meio escolar...

Queria ter dito (ainda) com mais convicção, que em Portugal, na sequência do nosso trabalho do GTES a realidade Portuguesa tinha tido alguns melhoramentos nos últimos anos.
Falta-me no entanto alguma informação recente. Recentemente tive notícias de um estudo da APF (alguém mo manda?) e de uma resposta securizante do porta-voz do Ministério da Educação à comunicação social, confirmando que as coisas nas escolas estavam a andar como previsto, na sequência das propostas do GTES.

Mas falta-me informação recente e estou expectante! Um erro de timing neste momento pode deitar muito a perder. Sobretudo para os adolescentes portugueses seria uma pena perder-se um trabalho cuja dinâmica envolveu todo o Pais nos últimos 3 anos.

Pelo Chile os mesmo problemas: o conservadorismo de alguns pais e encarregados de educação (muito assustados e com os tais receios infundados de que a educação sexual antecipe a idade do começo das relações sexuais dos seus filhos, p.e.); a dificuldade em estruturar políticas de continuidade com os professores; a necessidade da formação de professores (essa sei que está a continuar em Portugal); a dificuldade de políticas coerentes e sustentadas; a dificuldade de articular os timings políticos com os timings educativos, os da saúde, os científicos…

Está mais que visto, o que é necessário não são mais recursos, são usos mais racionais e atempados dos recursos e das motivações… Uma velha história que tarda a concretizar-se de modo consistente e sustentado, para desgaste da opinião pública, dos técnicos, dos pais, e sobretudo em prejuízo dos jovens e da sua saúde.
Aqui, como aí …um grande ponto de interrogação no que diz respeito a causas e dinâmicas subjacentes a estas procrastinações e lentidões processual, associada a uma clara evidência quanto às consequências negativas para a saúde…

Fiz uma conferência a convite da Sociedade Chilena de Ginecologia Infanto-Juvenil (Sogia, link na faixa lateral) . A conferência foi sobre “Os adolescentes e a sexualidade: estudos quantitativos de carácter epidemiológico e estudos quantitativos de análise de discursos, com jovens e suas famílias”.

Na audiência várias pediatras, endocrinologistas-pediátricas, ginecologistas, psicólogas.
(Aqui todas mulheres mas, explicaram-me, não é característica da medicina de aqui, mas destas especialidades…)
Foi uma conversa bem agradável, que durou quase duas horas em vez da “encomenda” de 30 minutos. Várias coordenadoras de Centros de Saúde Integrada do(a) adolescente: Clínica Alemã, Hospital Roberto del Rio, Hospital Luís Calvo Mackenna, uma endocrinologista cuja actividade clínica e de investigação a levou às adolescentes.
Falei também um pouco do trabalho do GTES e da política de Educação para a Saúde em Portugal, do projecto dos Espaços de Apoio e Orientação aos Alunos na Escola; do Despacho da SEE sobre a Educação para a Saúde em Julho 2008, apresentado durante o Encontro Nacional de Professores, da segunda avaliação nacional, prevista para Janeiro 2009 com base em inquéritos aos Conselhos Executivos; da avaliação nacional, com base nas opiniões dos alunos prevista para Outubro 2009. Mas estes timings!… é que tarde, pode ser mesmo tarde demais….

De Santiago a Santiago III


















Igreja , num domingo, com "lotação esgotada" em El Totoral,

















Casa de Pablo Neruda a navegar na falésia para evitar o "mareo"- (Isla Negra)



























Ser Jovem- Saúde Integrada na Adolescência - Santiago






















Ser pai, e adolescente!


A chegada ao Chile foi tumultuosa, mais o incidente reserva de Hotel e o roubo da máquina fotográfica. Estamos agora com outra máquina que enfim, vamos ver como se comporta...

Santiago é uma cidade muito agradável. A parte nova é moderna, embora a uniformidade anónima do modernismo.


A parte antiga, mais alguns bairros típicos, é bonita e agradável para passear "sem destino", sempre a descobrir novos e inesperados recantos. Acho eu, porque nestas cidades grandes gasta-se tanto tempo a ir de um sítio a outro que sobra pouco tempo para passear “sem destino”, para nos podermos perder no meio das gentes.

No fim-de-semana fomos de passeio a Viña del Mar e Valparaiso; Isla Negra e Pomaire.
Decididamente não gostamos de viagens organizadas mas, com o pouco tempo que tínhamos, era mesmo a única hipótese.


Para Valparaiso levamos fato e banho para um mergulho no Pacífico (estava calor em Santiago) mas, por outra vez esquecermo-nos de Humboldt… estava um frio de rachar na praia e a água, 13 graus!
Valparaiso já não é o porto romântico no fim de uma estrada de campo, como vimos nos “Diários do Che”; Valparaíso já não é o Porto marítimo de antes do Canal do Panamá.


Segundo nos disseram, para gostar de Valparaiso, agora, é preciso perdermo-nos naquele estranho urbanismo: morro (aqui “ serro”) acima, morro abaixo, com estradas de largura impossivel e de declive ainda mais improvável.
Pablo Neruda encontrou essa magia e tinha lá uma casa.
Nós não tivemos tempo suficiente para a re-descobrir. Ficou-nos a recordação de uma excelente e barata refeição de marisco.

O mesmo poderíamos dizer da Isla Negra, embora nesta (outra) casa de se sinta mais o que resta da magia do espaço de vida e de trabalho que Pablo Neruda foi construindo.
Construiu a sua casa pendurada na falésia, à beira-mar, à semelhança de um barco, para resolver o seu problema da conciliação do seu gosto (teórico) pelo mar com a sua náusea ao enfrentar o oceano… Tinha inclusivé um barco na falésia (a seco)com magnifica vista de mar agitado, para assim usufruir a maresia, sem o “mareo”.

Comprei “Los versos del capitán”, que Neruda publicou anonimamente, enquanto exilado em Capri , em 1952. Consegui aí re-encontrar o meu poema favorito, em espanhol.
Disso falarei outro dia, em breve, a propósito de outra ocorrência.

Visitámos ainda um "pueblecito" com uma igreja, um cemitério, e nada mais...
A igreja, ao domingo tinha "lotação esgotada" ...o cemitério também... como diria Garcia Marques a vida não passava por alí.

De volta a Santiago, para começar a semana visitámos um Centro de Saúde Integral para Adolescentes o “Ser Jovem” (link na faixa lateral, mais o jornal “on-line” que publicam para jovens e suas famílias).
Falamos com a Pediatra Directora do Centro. O Centro fica num local afastado de Santiago já quase a entrar pelos Andes, um bonito passeio com montanhas e neve ao fundo, o que faz uma paisagem estranha porque em Santiago há calor. O Centro tem muito boas condições logísticas e está à procura da sua identidade, entre uma equipa pluridisciplinar que inclui médicos, psicólogos e enfermeiros, uma população jovem das redondezas (assistida na sua maior parte em clínica individual), a vocação de treino de médicos e psicólogos (da Universidade do Chile), e a implementação de algumas rotinas de divulgação e investigação.
Sublinhamos um tema algo novo, mas relevante, a “ paternidade na adolescência”.



Cadavre-exquis ou... a convergência de diferentes olhares

Este fim de semana foi dedicado a passeios à volta de Santiago do Chile.
Para além disso foram as festividades de aniversário.
Ontem tivemos um grande jantar no melhor restaurante aqui ao pé do hotal. Hoje foi um almoço de experiências gastronomicas típicas do Chile.
Ontem Lagosta, patas em soufflé, rabo grelhado. Hoje cazuela de ave e pastel de choclo.
Bem bons todos eles!.

Está um tempo óptimo. Aqui na montanha, a 530 metros de altitude, o fim de tarde é ameno, sem vento e a fazer esquecer que mais para a noite o frio vai apertar um pouquinho.
Isto é o que nos provoca a dúvida: porque acham os Chilenos tanta graça a Viña del Mar e a Valparaiso?
Ali está frio. Está enevoado. Há vento. O mar é cinzento e segundo nos dizem está a 13º C...
Já do marisco não podemos dizer mal. Foi bom e a bom preço.

A viagem de cento e tal quilometros até ao mar é feita por boa estrada, na maioria do tipo via rápida ou mesmo auto-estrada.
Primeiro por meio do vale central onde se concentra a produção de vinho, depois as montanhas da costa, mais um vale menos rico e, finalmente, a vista de Valparaiso.

É bonito, em concha por cima do mar. A cidade é bem antiga. Mesmo velha. Foi recentemente declarada "patrimonio da humanidade". Não pela sua beleza, certamente. Talvez pelas suas caracteristicas arquitectónicas únicas. As casas são de má construção, penduradas pelos cerros acima. Em madeira, telhados de zinco.
Na parte baixa, naturalmente chamada "o plano", os prédios são da época anterior, a primeira guerra mundial. Mais própriamente são anteriores à abertura do Canal do Panamá. Que também foi em 1914. Mas estão degradadas na sua maioria. O conjunto não é bonito nem atraente.

Mesmo ao lado, fica Viña del Mar. Esta foi fundada para suporte da linha férrea de meio do século XIX que, claro, não podia ir dar ao acidentado Valparaiso. Esta cidade é bem mais moderna, mais bonita e mais bem tratada. Aqui é a sede do "celebrado" Festival de Música de Viña del Mar. Está virada para o turismo de verão.

É para aqui que os Santiaguenses com mais posses vêm de férias. Mais para o Norte, continuando a dar para a mesma baía, encontram-se mais estâncias de verão. Reñaca p.e.. Como já mais do que dissémos, é pena a temperatura da água.

Mais a Sul há mais estâncias de férias que hoje são invadidas pelos menos abastados, com muito menores condições de habitação e de conforto. Mas décadas atrás não havia a actual invasão das praias e os mais afortunados podiam aqui ter sas suas casas exclusivas, no seio da nutureza.
Aqui ficava uma das três casas de Pablo Neruda (Isla Negra)- a melhor, ou, pelo menos, a mais bem situada. Sobranceira ao mar, era o barco estável do poeta.

Aqui tinha as suas mais preciosas colecções: conchas, máscaras tradicionais, barcos em miniatura, barcos em garrafa e, principalmnente, as magníficas figuras de proa.
Comprámos um dos livros e esperamos um serão especial com a leitura de alguns dos seus melhores poemas.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Notícias de Bolívia - La Paz

Querida Margarida:
nosotras también los llevamos en el corazón y todavía hablamos de todo
lo que aprendimos de tí.
te mando las fotos de mi hospital (por fín).
un gran abrazo para Joao y para tí. Haré lo posible por ir a Lisboa en abril.
Cecilia.

Novas tecnologias para todas as idades - Parabéns a um filho aniversariante, a milhas de casa.

Parabéns, parabéns, parabéns meu querido filho.
Em 60 anos (o primeiro não conta), julgo ser a primeira vez que não passamos juntos este dia.
Mas sinto-me feliz, por te saber também feliz, realizado, na melhor companhia, o que penso ser um grande sonho. Que passem um dia maravilhoso com tudo a correr pelo melhor.
Parabéns também à Guida pelo seu sucesso e por todas as distinções de que tem sido alvo. Era de esperar...
Gostei muito das vossas prendas que penso já ter agradecido.
Muitas, muitas saudades e beijos.
Assinado: Maria Margarida Costa

domingo, 19 de outubro de 2008

Então essa aventura?

De Lisboa!
Primeiro que tudo mil milhões, biliões portanto, de saudades...
Calculo que esteja tudo sobre rodas.
Honoris causa aqui, honoris causa ali, um belo merecimento por uma inteira vida de trabalho e acreditança em algo melhor e progressivo. Parabéns Margarida (xuac)...

E tu primo, o que tens feito? Visto o mundo, a parte do sul e a oeste daqui, o que te falta? Aguardamos, saudosamente, todas essas memórias (xuac para ti também)...

Já agora! Esse estranho mundo onde vocês deambulam parece-se muito com o nosso/meu. Por exemplo:

A política da América do Sul é uma instabilidade constante. À medida que entramos num país estão a acontecer coisas que só não soubemos antes porque não saem das fronteiras. Antes de ontem aqui demitiu-se todo o executivo pela voz do Primeiro Ministro, acusado de envolvimento com ex-dirigentes que lhe seriam próximos e agora são acusados de tráfico de influências, corrupção etc. em negociatas nacionais e internacionais. Ontem o Presidente da República aceitou esta demissão.

Eu também concordo. Acho que os gajos se deviam demitir, durante a noite de preferência, e nada me dizer.
Porque na realidade, mesmo que eles fiquem lá, nós/eu nada damos por isso.
Bom, continuação de uma boa viagem.
Beijos do nosso pequeno Portugal.
Alex


De Santiago a Santiago II



















O João Frederico faz hoje anos.
Aqui fica numa visita recente ao Zoo de Lisboa com os sobrinhos Miguel, Madalena e Margarida.


Hoje ele está aqui comigo e, (desculpem os amigos e família), em vez da grande festa habitual, vamos jantar sòzinhos a um sítio fantástico.

sábado, 18 de outubro de 2008

De Santiago a Santiago

Os azares na primavera de Santiago


Depois de um dia de aeroporto, chegamos a Santiago pela meia noite.
Durante o vôo o comandante falou duas vezes, ambas para dar o resultado do jogo de futebol Chile-Argentina, festejando a vitória do Chile.
Os passageiros aplaudiram aos gritos das duas vezes. Na chegada a Santiago, grande animação nas ruas, apesar de passar da uma da manhã. Parece que foi um feito histórico para o futebol Chileno.

Nós não estavamos assim tão contentes. O hotel La Sebastiana em Las Condes, marcado desde há meses, em resposta ao nosso email a comunicar a hora da chegada, comunicou-nos que não sabiam da nossa reserva e que não tinham vagas !!!!.
Enfim, esta ainda não nos tinha acontecido, chegar a um local à uma da manhã e o hotel ter resolvido anular a nossa reserva e feito ouvidos de mercador ao nosso "voucher": não tinham quartos. O "overbooking" já chegou aos hoteis. Que pesadelo!

O Hotel La Sebastiana, apesar da sua reputação e situação privilegiada, teve acesso imediato à nossa secção de "Os tesourinhos deprimentes".

Os jornais só falam da vitória do Chile em futebol, da demissão da Ministra da Saúde por um problema de deficiente despistagem de doentes seropositivos, e da popularidade de Lula considerado o estadista mais reputado da América so Sul. Até o novo primeiro ministro do Peru promete "uma política à Lula".

Tinhamos várias fotos do dia, mas fomos assaltados no metro. Ainda não arranjamos coragem para decidir se compramos outra máquina, nem certeza que não será de novo roubada... a máquina foi roubada de um estojo que estava metida no cinto e até tinha um fecho. Roubaram a máquina e até se deram ao luxo de voltar a correr o fecho. Só demos por falta dela já no hotel.

O tempo está fantástico, uma primavera deliciosa, saborozissima depois do frio húmido do Peru. Vamos ver se alguma coisa começa a correr bem para além do tempo!

De Chiclayo a Santiago do Chile

A Celeste faz hoje anos!
Votos de parabéns e de um excelente dia de anos, apesar da sobrecarga de trabalho que tens tido. Sei qie o trabalho nunca foi um problema para ti, sempre excelente em tudo o que fazes!
Os meus votos são para que não te deixes esmorecer com as pequenas tricas próprias de "palaciano ocioso e entediado". Sei que essas habituais tontarias, na minha ausência, vão "sobrar para ti"! Enfim, uma aprendizagem escusada, do pior que a "ciência" tem! (Viste o meu parágrafo sobre poder aqui há dias?, enfim...aula prática!) . Um grande beijo!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

De Chiclayo a Chiclayo II


















Universidade de Chiclayo - Peru ( Faculdades de Psicologia e Medicina)



















Huaca Rajada - O Túmulo do Siñor de Sipán e Tucuma, a planície com pirâmides




Chiclayo- História, gastronomia, trabalho e lazer

Por toda a zona de Chiclayo abundam vestígios da Cultura Moche, pré-inca de entre 200 e 600 anos DC.

Na Huaca Rajada, que visitámos como parte das actividades postas à disposição pela organização do Encontro, visitámos o célebre Túmulo do Señor de Sipán, numa pirâmide em degraus. É uma pirâmide de três degraus que foi crescendo com as sepulturas construídas ao longo de largos anos. São três as mais importantes câmaras funerárias sobrepostas: o Señor de Sipán, o “velho Señor. de Sipán” e o sacerdote.
Na jazidas do Señor de Sipán há 8 pessoas que o acompanharam para a “outra vida” sendo enterrados com ele: um sacerdote, 2 guerreiros, a esposa, mais 2 mulheres, uma criança (símbolo da vida e do futuro) vários animais (cão e lamas) e várias riquezas (necessárias para pagar a entrada “na outra vida”), e alimentos.
Este conjunto túmlar foi descoberto em 1987 e apenas porque começaram a aparecer nos mercados da zona, relíquias em ouro que os camponeses vendiam para o estrangeiro e para museus. A zona encontra-se ainda com vestígios de ter sido abundantemente saqueada (pelos huequeiros/esburacadores), à procura de riquezas ou de dinheiro extra para “ tomarse” (beber um copo).

Túcume , nas redondezas, é uma planície cheia de pirâmides ainda por explorar, que parece um vale enorme com umas elevações artificiais que a erosão deixa com aspecto de montículos, que se pensa serem túmulos cheios de riqueza. Ver tudo até perder de vista implica subir uns 300 metros de escada de pedra, na torreira do sol… mas, agora que passou, valeu a pena!

Por fim fizemos uma “revisão da matéria dada“ no Museu de Lambayeque, um museu em forma de pirâmide em tamanho natural com uma recriação do local em tamanho natural, com réplicas dos esqueletos e mostra das jóias e adornos de conchas, armamentos etc., com a excelente Mabel, estudante de Psicologia e erudita em História (e lendas) Moche.

Aqui em Chiclayo tal como em Lima, ninguém se veste com os fatos de serrano de Cusco e Puno, embora a população seja maioritariamente “índia”. Chiclayo é uma cidadezinha bonita com grandes complexos Universitários (pe a Universidade de Chiclayo para além da Psicologia tem ainda os cursos de Medicina, Arquitectura, Direito, Economia, Engenharia), e com uma bonita praça de Armas, na tradição espanhola, tal como em Cusco e em Lima.


O trabalho na Universidade de Chiclayo

Aqui durante o workshop que fiz no Congresso voltei a constatar com os inscritos, a dificuldade cultural em se dizer “não”, considerado uma falta de educação e de consideração pelo interlocutor. Este “nim” dá origem a várias complicações, uma vez que, de cada vez que pedimos algo no restaurante, no hotel, na rua, a resposta é sempre rápida e positiva, mas depois nunca se sabe o que vai acontecer, e quando…
O tempo é outra das peculiaridades culturais. As horas são sempre “ aproximativas” e um atraso de 45 minutos é bem tolerado, direi mesmo incentivado. Mas no fim acaba por acontecer tudo!

Os Peruanos (pelo menos os que conhecemos) são amabilíssimos, muitíssimo empáticos, a ilustrar o dito “Chiclayo é a terra da amizade”. E este afecto passa mesmo nas cerimónias oficiais.
Durante a cerimónia do Doutoramento Honoris Causa, houve uma grande formalidade, com discursos e actos administrativos-académicos, sempre misturada com um grande orgulho e sentimento de “pertença” por parte de Professores e Alunos, e também com uma grande ternura.
Canta-se o hino da Universidade, o hino da Cidade. No fim dos discursos e da oferta da toga, chapéu e diploma, toda a imensa audiência recebe um copo de vinho doce para o brinde e uns bolinhos para acompanhar.
Esta inusitada partilha de pão e vinho no próprio plenário de eventos científicos e académicos, fica magnífica e apela ao verdadeiro sentido da comunhão.
Depois a “ponência” da praxe, já mais curtinha porque, com os atrasos protocolares, quase se avizinha a hora de lanche. Fiz depois uma conferência sobre a "Saúde dos adolescentes em Portugal e na Europa, nos últimos 8 anos.
Tenho uma nova toga belíssima, debruada a veludo em tons de azul, uma nova medalha com as cores do Peru e muito orgulho nesta distinção!

A agenda social, académica e científica foi carregada, mas vamos daqui com saudades da hospitalidade e afecto de colegas e alunos.

A Política no Peru

Mais uma peculiaridade, esta uma vez mais relacionada com a política local. Há dias o Presidente Garcia tinha aceite a demissão do Executivo, alegadamente envolvido com personagens corruptos.
O novo Primeiro-Ministro já tomou posse e é palestiniano, casado com uma originária de Chicalyo. Este Primeiro-Ministro tem uma curiosa história de 9 anos de prisão no passado por alegado envolvimento com agentes terroristas, mas nunca foi condenado.
O antigo Presidente Fujimori era de ascendência japonesa, afastado do poder também por alegado envolvimento com actos de corrupção, deixou no entanto um partido os “Fujimoristas” que segundo se ouve, esperam que ele apareça para o reeleger nas próximas eleições presidenciais. É interessante esta tendência para o voto para posições de alto nível de poder em indivíduos de ascendência estrangeira, sendo que a população peruana é bastante homogénea, com uma maioria entre quechua, aymaras e criolos, e uma minoria de ascendência espanhola. De onde vem esta confiança (na História Peruana pouco validada) pelos “estranhos”?

Gastronomia
Chicha morada (cor de vinho mas sem álcool)
Pisco sour
Tamalitos verdes
Causas limenas
Rocotto releno
Cebiche
Yuca frita

terça-feira, 14 de outubro de 2008

De Chiclayo a Chiclayo

Doutoramento Honoris Causa na Faculdade de Psicologia da Universidade de Chiclayo - Peru