quarta-feira, 22 de outubro de 2008

De Santiago a Santiago III


















Igreja , num domingo, com "lotação esgotada" em El Totoral,

















Casa de Pablo Neruda a navegar na falésia para evitar o "mareo"- (Isla Negra)



























Ser Jovem- Saúde Integrada na Adolescência - Santiago






















Ser pai, e adolescente!


A chegada ao Chile foi tumultuosa, mais o incidente reserva de Hotel e o roubo da máquina fotográfica. Estamos agora com outra máquina que enfim, vamos ver como se comporta...

Santiago é uma cidade muito agradável. A parte nova é moderna, embora a uniformidade anónima do modernismo.


A parte antiga, mais alguns bairros típicos, é bonita e agradável para passear "sem destino", sempre a descobrir novos e inesperados recantos. Acho eu, porque nestas cidades grandes gasta-se tanto tempo a ir de um sítio a outro que sobra pouco tempo para passear “sem destino”, para nos podermos perder no meio das gentes.

No fim-de-semana fomos de passeio a Viña del Mar e Valparaiso; Isla Negra e Pomaire.
Decididamente não gostamos de viagens organizadas mas, com o pouco tempo que tínhamos, era mesmo a única hipótese.


Para Valparaiso levamos fato e banho para um mergulho no Pacífico (estava calor em Santiago) mas, por outra vez esquecermo-nos de Humboldt… estava um frio de rachar na praia e a água, 13 graus!
Valparaiso já não é o porto romântico no fim de uma estrada de campo, como vimos nos “Diários do Che”; Valparaíso já não é o Porto marítimo de antes do Canal do Panamá.


Segundo nos disseram, para gostar de Valparaiso, agora, é preciso perdermo-nos naquele estranho urbanismo: morro (aqui “ serro”) acima, morro abaixo, com estradas de largura impossivel e de declive ainda mais improvável.
Pablo Neruda encontrou essa magia e tinha lá uma casa.
Nós não tivemos tempo suficiente para a re-descobrir. Ficou-nos a recordação de uma excelente e barata refeição de marisco.

O mesmo poderíamos dizer da Isla Negra, embora nesta (outra) casa de se sinta mais o que resta da magia do espaço de vida e de trabalho que Pablo Neruda foi construindo.
Construiu a sua casa pendurada na falésia, à beira-mar, à semelhança de um barco, para resolver o seu problema da conciliação do seu gosto (teórico) pelo mar com a sua náusea ao enfrentar o oceano… Tinha inclusivé um barco na falésia (a seco)com magnifica vista de mar agitado, para assim usufruir a maresia, sem o “mareo”.

Comprei “Los versos del capitán”, que Neruda publicou anonimamente, enquanto exilado em Capri , em 1952. Consegui aí re-encontrar o meu poema favorito, em espanhol.
Disso falarei outro dia, em breve, a propósito de outra ocorrência.

Visitámos ainda um "pueblecito" com uma igreja, um cemitério, e nada mais...
A igreja, ao domingo tinha "lotação esgotada" ...o cemitério também... como diria Garcia Marques a vida não passava por alí.

De volta a Santiago, para começar a semana visitámos um Centro de Saúde Integral para Adolescentes o “Ser Jovem” (link na faixa lateral, mais o jornal “on-line” que publicam para jovens e suas famílias).
Falamos com a Pediatra Directora do Centro. O Centro fica num local afastado de Santiago já quase a entrar pelos Andes, um bonito passeio com montanhas e neve ao fundo, o que faz uma paisagem estranha porque em Santiago há calor. O Centro tem muito boas condições logísticas e está à procura da sua identidade, entre uma equipa pluridisciplinar que inclui médicos, psicólogos e enfermeiros, uma população jovem das redondezas (assistida na sua maior parte em clínica individual), a vocação de treino de médicos e psicólogos (da Universidade do Chile), e a implementação de algumas rotinas de divulgação e investigação.
Sublinhamos um tema algo novo, mas relevante, a “ paternidade na adolescência”.



Cadavre-exquis ou... a convergência de diferentes olhares

Este fim de semana foi dedicado a passeios à volta de Santiago do Chile.
Para além disso foram as festividades de aniversário.
Ontem tivemos um grande jantar no melhor restaurante aqui ao pé do hotal. Hoje foi um almoço de experiências gastronomicas típicas do Chile.
Ontem Lagosta, patas em soufflé, rabo grelhado. Hoje cazuela de ave e pastel de choclo.
Bem bons todos eles!.

Está um tempo óptimo. Aqui na montanha, a 530 metros de altitude, o fim de tarde é ameno, sem vento e a fazer esquecer que mais para a noite o frio vai apertar um pouquinho.
Isto é o que nos provoca a dúvida: porque acham os Chilenos tanta graça a Viña del Mar e a Valparaiso?
Ali está frio. Está enevoado. Há vento. O mar é cinzento e segundo nos dizem está a 13º C...
Já do marisco não podemos dizer mal. Foi bom e a bom preço.

A viagem de cento e tal quilometros até ao mar é feita por boa estrada, na maioria do tipo via rápida ou mesmo auto-estrada.
Primeiro por meio do vale central onde se concentra a produção de vinho, depois as montanhas da costa, mais um vale menos rico e, finalmente, a vista de Valparaiso.

É bonito, em concha por cima do mar. A cidade é bem antiga. Mesmo velha. Foi recentemente declarada "patrimonio da humanidade". Não pela sua beleza, certamente. Talvez pelas suas caracteristicas arquitectónicas únicas. As casas são de má construção, penduradas pelos cerros acima. Em madeira, telhados de zinco.
Na parte baixa, naturalmente chamada "o plano", os prédios são da época anterior, a primeira guerra mundial. Mais própriamente são anteriores à abertura do Canal do Panamá. Que também foi em 1914. Mas estão degradadas na sua maioria. O conjunto não é bonito nem atraente.

Mesmo ao lado, fica Viña del Mar. Esta foi fundada para suporte da linha férrea de meio do século XIX que, claro, não podia ir dar ao acidentado Valparaiso. Esta cidade é bem mais moderna, mais bonita e mais bem tratada. Aqui é a sede do "celebrado" Festival de Música de Viña del Mar. Está virada para o turismo de verão.

É para aqui que os Santiaguenses com mais posses vêm de férias. Mais para o Norte, continuando a dar para a mesma baía, encontram-se mais estâncias de verão. Reñaca p.e.. Como já mais do que dissémos, é pena a temperatura da água.

Mais a Sul há mais estâncias de férias que hoje são invadidas pelos menos abastados, com muito menores condições de habitação e de conforto. Mas décadas atrás não havia a actual invasão das praias e os mais afortunados podiam aqui ter sas suas casas exclusivas, no seio da nutureza.
Aqui ficava uma das três casas de Pablo Neruda (Isla Negra)- a melhor, ou, pelo menos, a mais bem situada. Sobranceira ao mar, era o barco estável do poeta.

Aqui tinha as suas mais preciosas colecções: conchas, máscaras tradicionais, barcos em miniatura, barcos em garrafa e, principalmnente, as magníficas figuras de proa.
Comprámos um dos livros e esperamos um serão especial com a leitura de alguns dos seus melhores poemas.

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