quarta-feira, 15 de outubro de 2008

De Chiclayo a Chiclayo II


















Universidade de Chiclayo - Peru ( Faculdades de Psicologia e Medicina)



















Huaca Rajada - O Túmulo do Siñor de Sipán e Tucuma, a planície com pirâmides




Chiclayo- História, gastronomia, trabalho e lazer

Por toda a zona de Chiclayo abundam vestígios da Cultura Moche, pré-inca de entre 200 e 600 anos DC.

Na Huaca Rajada, que visitámos como parte das actividades postas à disposição pela organização do Encontro, visitámos o célebre Túmulo do Señor de Sipán, numa pirâmide em degraus. É uma pirâmide de três degraus que foi crescendo com as sepulturas construídas ao longo de largos anos. São três as mais importantes câmaras funerárias sobrepostas: o Señor de Sipán, o “velho Señor. de Sipán” e o sacerdote.
Na jazidas do Señor de Sipán há 8 pessoas que o acompanharam para a “outra vida” sendo enterrados com ele: um sacerdote, 2 guerreiros, a esposa, mais 2 mulheres, uma criança (símbolo da vida e do futuro) vários animais (cão e lamas) e várias riquezas (necessárias para pagar a entrada “na outra vida”), e alimentos.
Este conjunto túmlar foi descoberto em 1987 e apenas porque começaram a aparecer nos mercados da zona, relíquias em ouro que os camponeses vendiam para o estrangeiro e para museus. A zona encontra-se ainda com vestígios de ter sido abundantemente saqueada (pelos huequeiros/esburacadores), à procura de riquezas ou de dinheiro extra para “ tomarse” (beber um copo).

Túcume , nas redondezas, é uma planície cheia de pirâmides ainda por explorar, que parece um vale enorme com umas elevações artificiais que a erosão deixa com aspecto de montículos, que se pensa serem túmulos cheios de riqueza. Ver tudo até perder de vista implica subir uns 300 metros de escada de pedra, na torreira do sol… mas, agora que passou, valeu a pena!

Por fim fizemos uma “revisão da matéria dada“ no Museu de Lambayeque, um museu em forma de pirâmide em tamanho natural com uma recriação do local em tamanho natural, com réplicas dos esqueletos e mostra das jóias e adornos de conchas, armamentos etc., com a excelente Mabel, estudante de Psicologia e erudita em História (e lendas) Moche.

Aqui em Chiclayo tal como em Lima, ninguém se veste com os fatos de serrano de Cusco e Puno, embora a população seja maioritariamente “índia”. Chiclayo é uma cidadezinha bonita com grandes complexos Universitários (pe a Universidade de Chiclayo para além da Psicologia tem ainda os cursos de Medicina, Arquitectura, Direito, Economia, Engenharia), e com uma bonita praça de Armas, na tradição espanhola, tal como em Cusco e em Lima.


O trabalho na Universidade de Chiclayo

Aqui durante o workshop que fiz no Congresso voltei a constatar com os inscritos, a dificuldade cultural em se dizer “não”, considerado uma falta de educação e de consideração pelo interlocutor. Este “nim” dá origem a várias complicações, uma vez que, de cada vez que pedimos algo no restaurante, no hotel, na rua, a resposta é sempre rápida e positiva, mas depois nunca se sabe o que vai acontecer, e quando…
O tempo é outra das peculiaridades culturais. As horas são sempre “ aproximativas” e um atraso de 45 minutos é bem tolerado, direi mesmo incentivado. Mas no fim acaba por acontecer tudo!

Os Peruanos (pelo menos os que conhecemos) são amabilíssimos, muitíssimo empáticos, a ilustrar o dito “Chiclayo é a terra da amizade”. E este afecto passa mesmo nas cerimónias oficiais.
Durante a cerimónia do Doutoramento Honoris Causa, houve uma grande formalidade, com discursos e actos administrativos-académicos, sempre misturada com um grande orgulho e sentimento de “pertença” por parte de Professores e Alunos, e também com uma grande ternura.
Canta-se o hino da Universidade, o hino da Cidade. No fim dos discursos e da oferta da toga, chapéu e diploma, toda a imensa audiência recebe um copo de vinho doce para o brinde e uns bolinhos para acompanhar.
Esta inusitada partilha de pão e vinho no próprio plenário de eventos científicos e académicos, fica magnífica e apela ao verdadeiro sentido da comunhão.
Depois a “ponência” da praxe, já mais curtinha porque, com os atrasos protocolares, quase se avizinha a hora de lanche. Fiz depois uma conferência sobre a "Saúde dos adolescentes em Portugal e na Europa, nos últimos 8 anos.
Tenho uma nova toga belíssima, debruada a veludo em tons de azul, uma nova medalha com as cores do Peru e muito orgulho nesta distinção!

A agenda social, académica e científica foi carregada, mas vamos daqui com saudades da hospitalidade e afecto de colegas e alunos.

A Política no Peru

Mais uma peculiaridade, esta uma vez mais relacionada com a política local. Há dias o Presidente Garcia tinha aceite a demissão do Executivo, alegadamente envolvido com personagens corruptos.
O novo Primeiro-Ministro já tomou posse e é palestiniano, casado com uma originária de Chicalyo. Este Primeiro-Ministro tem uma curiosa história de 9 anos de prisão no passado por alegado envolvimento com agentes terroristas, mas nunca foi condenado.
O antigo Presidente Fujimori era de ascendência japonesa, afastado do poder também por alegado envolvimento com actos de corrupção, deixou no entanto um partido os “Fujimoristas” que segundo se ouve, esperam que ele apareça para o reeleger nas próximas eleições presidenciais. É interessante esta tendência para o voto para posições de alto nível de poder em indivíduos de ascendência estrangeira, sendo que a população peruana é bastante homogénea, com uma maioria entre quechua, aymaras e criolos, e uma minoria de ascendência espanhola. De onde vem esta confiança (na História Peruana pouco validada) pelos “estranhos”?

Gastronomia
Chicha morada (cor de vinho mas sem álcool)
Pisco sour
Tamalitos verdes
Causas limenas
Rocotto releno
Cebiche
Yuca frita

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