terça-feira, 2 de setembro de 2008

Do Rio a S. Paulo II












Viagem tranquila para S Paulo de autocarro (onibus).
Das localidades pelo caminho, registam-se os pormenores mais salientes: uma estrada lindíssima à beira-mar, uma estrada de montanha às curvas e contra-curvas (mas desta vez o condutor era sereno!), a multiplicidade de cartazes publicitando candidatos para as próximas eleições, e a tipologia dos serviços mais populares em cada localidade (cafés, drogarias e "Assembleias de Deus").
Da religiosidade da população falarei um dia, se me der a coragem, porque é sem dúvida um assunto fracturante, mas de importância nacional.

Das próximas eleições aqui vai mais um descritivo:
Afinal no acto eleitoral, quando se marcam aqueles números atribuídos a cada um dos candidatos, aparece a foto do candidato(a) e requer uma confirmação.

Na campanha eleitoral na televisão, faz-se um apelo sensato mas insólito “Não venda o seu voto, só assim pode impedir a eleição de maus políticos”.

As eleições por aqui, como por todo o lado, dão muitas notícias: O Globo anda a desenvolver a notícia da prisão de uma candidata por suspeição de vários ilícitos relacionados com o processo eleitoral.
Na leitura do jornal damos conta que alguns candidatos líderes de milícias, estão a ser investigados por suspeitas criminais, arrastando com eles forças policiais também envolvidas.
Muitas das suspeitas têm justamente a ver com processos vários de “compra” de votos. A televisão passa uns spots apelando para a resistência à extorsão.
As milícias apareceram como organizações locais de auto-defesa, num movimento de organização das favelas contra a liderança dos “narcos”.
Pelos vistos acabaram em muitos casos por se tornar organizações paralelas, que protegem a população mas a troco de pagamento, que robustecem, e cujos líderes pelos vistos também se candidatam às eleições.

Durante a campanha eleitoral, aparentemente há patrões que garantem despedimentos, outros garantem que molestam, outros optam por outra estratégia e prometem benefícios na terra ou nos céus….

Alguns obrigam a uma foto de telemóvel do acto eleitoral para confirmar o sentido do voto (o que é proibido), outros ameaçam que verão em quem cada um votou através de uma gravação local.
Os meios de comunicação social desdobram-se em afirmações que tudo isto é impossível. Mas a população tem medo!

Para dar uma nota construtiva um vereador de um município na zona do Rio de Janeiro, implementou, para promover a cidadania, a Câmara Mirim. Os alunos das escolas do município candidatam-se com autorização dos pais e são eleitos Vereadores Mirins do município, nos variados pelouros, pelos seus pares. A experiência iniciou-se com um mandato de um mês, mas espera-se que em breve venha a estender-se a um ano .

Que tal levar os nossos alunos a inteirar-se, interessar-se, estudar e ter uma voz, em relação aos vários problemas, de áreas diversas, dos vários Municípios, em Portgal?


Pormenor curioso para a chegada a S.Paulo ( já tinha acontecido no Rio) : há por todo o Brasil um sistema bem cómodo e seguro para os turistas e também para os locais: o táxi pré-pago.

Chegados a um aeroporto ou uma estação rodoviária, o viajante que não conhece a cidade não tem que se preocupar em fugir de um taxista desonesto ou incompetente. Há cabines ou quiosques de venda do serviço de táxi a preço fixo de acordo com o destino. Este serviço é cómodo e descansativo: o táxi não nos leva a fazer passeios imensos com o simples fito de uma corrida mais longa.
Porque será que não existe em Portugal?
Não estarão os Governos ou as Câmaras Municipais interessados em facilitar este serviço? Porquê?

5 comentários:

Unknown disse...

taí uma visão á portuguesa da democracia brasileira... um pouco de canja de galinha não faz mal á ninguém...

Unknown disse...

Divirtam-se e continuem a enviar as experiências por esses lados. Há situações que mostram bem a vivência das pessoas. Espero também que se estimule os jovens estudantes daqui a interessarem-se por assuntos dos seus locais
Beijinhos
Lourdes

Gina Tomé disse...

Olá, aqui estamos nós a ver todos os dias como está a correr a sua viagem e a verificar que por maior facilidade que exista actualmente a nível de comunicação, nada como a presença física para matar as saudades :).
Ao ler a descrição da viagem a São Paulo fez-me reflectir um bocado em tudo o que se tem passado por cá. Tem estado fora mas deve saber que agora andamos com uma "onda" de violência a nível nacional. Todos os dias há noticias nos jornais, televisão, rádio, internet..de vários assaltos e alguém que matou alguém...Enfim estamos numa onda de violência, e todos os dias ouvimos as pessoas comentar "parece que estamos no Brasil!"
Eu vivi muitos anos precisamente em São Paulo, já voltei a Portugal há mais de 15 anos, e continuo a não concordar com essa afirmação. Podemos perceber através da sua pequena descrição que falamos de culturas parecidas em alguns aspectos, mas muito diferentes em outros. E prova disso é que quando visitamos o Brasil vemos coisas que para os brasileiros são banais mas para nós ainda são insólitas. E se temos assim tanto receio porque não trabalhar na prevenção? E a prevenção começa pelos jovens, por isso acho que a solução não passa por todos os dias acordar com medo e pensar qual será o "crime" de hoje? Mas reflectir sobre a situação actual e encontrar soluções para criar um amanhã melhor.
Bjs com muitas saudades
Equipa Aventura Social em Portugal

Anónimo disse...

Ver a chuva a cair é bom.... poder fazer preguiça é delicioso... ver chuva a cair enquanto de faz preguiça na Quinta do Bicho da Preguiça deve ser divinal!!
Leio com prazer as descriação dessa viagem incrivel. Continuem!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Beijos
Lúcia

Anónimo disse...

Não sei se alguma vez acompanhou as eleições aqui no Brasil.
Acho que seria pertinente quando fala em milícias,voto sendo monitorado,etc,etc,deixar claro que milícias existem nas favelas cariocas,e talvez no Nordeste,não sendo algo comum no Brasil como um todo;senão fica uma impressão errada do que ocorre na realidade.
Quanto à votação,por ser feita no país inteiro com urna eletronica,não permite fraude ou monitoramento.
Seria bom também esclarecer que se trata de eleição para as prefeituras das cidades e composição das câmaras de vereadores.
Boa viagem,bom trabalho e divirta-se.
Abraços de uma paulistana de São Caetano do Sul.
Marisa Coan.