sábado, 11 de outubro de 2008

De Lima a Lima III

A Cidade de Lima
Lima está a -7 graus de latitude (quase no Equador) e esperar-se-ia um clima com uma única estação quente, húmida e chuvosa.

Nada disso. Temos frio desde que chegámos a Lima, um frio que entra pelos ossos e dá um grande desconforto todo o dia. O céu está sempre cinzento. Aqui culpam o “El niño” mas este é o clima típico de aqui devido à subida da corrente de Humbold que deixa o mar com uma temperatura de 15ºC. Há também muita poluição.
Lima espraia-se por vários quilómetros em extensão, com poucos edifícios altos a não ser nas partes mais modernas. Qualquer viagem de taxi demora hoooras…

Os colegas das várias Universidades que visitei andam todos sempre de táxi, negoceia-se o preço primeiro e paga-se no meio da viagem. Não há taxímetros. Dizem que não têm carros porque é inseguro conduzir e porque os carros nas ruas são muitas vezes roubados ou vandalizados.

O centro de Lima é uma zona considerada perigosa pelo menos à noite, nas ruas fora da praça de armas (esta muito bonita e sempre iluminada, com arcadas à volta como em Cusco).

Nós estamos em Miraflores, longe de tudo, mas uma zona moderna, pouco interessante mas segura. Estamos perto da praia, mas o frio não a torna apelativa. A nós não, aos surfistas sim… sempre por lá.


A Política no Peru

A política da América do Sul é uma instabilidade constante. À medida que entramos num país estão a acontecer coisas que só não soubemos antes porque não saem das fronteiras. Antes de ontem aqui demitiu-se todo o executivo pela voz do Primeiro Ministro, acusado de envolvimento com ex-dirigentes que lhe seriam próximos e agora são acusados de tráfico de influências, corrupção etc. em negociatas nacionais e internacionais. Ontem o Presidente da República aceitou esta demissão.


Universidades aqui e aí

Um colega confessava-me recentemente que tinha abandonado a Universidade Pública porque estava farto de lobbies políticos à volta da Ciência. Comentou que na sua antiga Universidade havia um conjunto de Professores que se se juntavam em esquemas de poder e não deixavam as coisas evoluir, e por isso tinha optado por ingressar numa Universidade Privada (no Peru consideradas em geral de maior qualidade do que as Públicas), apesar dos anos de serviço público já efectivos.

Fiquei perturbada com esta situação, mas… passada a perplexidade... bem, em Portugal não há memória pelo menos recente de actos de corrupção associados aos dirigentes de Universidades Públicas. Eu não conheço! Mas todos sabemos que nas Universidades (Portuguesas) a vida profissional de alguns docentes é mais simples do que a vida profissional de outros, e esta simplicidade tem quase sempre a ver com a proximidade do lobby no poder…

Como me dizia há meses um alto dirigente governativo nacional, há dois tipo de pessoas que se candidatam ao Poder nas Universidades: umas são as que já têm um grande historial de investigação, experiência e conhecimento e que têm um “sonho” de desenvolvimento Institucional que querem concretizar: esses são os excelentes candidatos que fazem as coisas "acontecer"; mas há infelizmente outro grupo de candidatos ao Poder: os que não têm gosto, nem na realidade grande competência para investigar e leccionar - o poder para estes docentes serve-lhes para dificultar o percurso dos outros, serve-lhes para criar esquemas de controlo, esquemas de atemorização, esquemas de favoritismo e esquemas de compadrio. Corrupção não haverá, em Portugal, mas o conceito está lá todo!

Posto isto faço meu o pesar deste colega, que com tantos anos de investigação e de estudo, tem de sair do seu posto de trabalho habitual para poder trabalhar sem “vender a alma”.

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