Contactei o Prof Dr Enrique Pons aqui em Montevideu, depois de o ter ouvido no Congresso Latino Americano de Ginecologia e Obstetrícia em Mendoza (Argentina) no mês passado.
O Dr Enrique Pons é Professor Catedrático de Ginecologia e Obstetrícia da faculdade de Medicina do Uruguai e dirige a Clínica Ginecotocológica do Hospital Pereira Rossell de Montevideu, que é também um Hospital Universitário. Foi presidente da ALOGIA (Associação Latino Americana de Ginecologia de Infância e Adolescência), do centro Latinoamericano de Saúde da Mulher (CELSAM) e de várias Sociedades nacionais na área, nomeadamente a Sociedade Uruguaia de Ginecologia da Infância e Adolescência (SUGIA) e Sociedade Uruguai de Saúde Sexual e Reproductiva (SUSSR).
O Hospital Pereira Rossell é um complexo hospitalar vasto, que se deve a um milionário que morreu sem descendência e o doou, com a expressa instrução de que teria de ser para um hospital (assim não pode ser loteado e vendido “ a retalho”)
Aqui diz-se “o Hospital de mulheres e crianças” enquanto que o Hospital das Clínicas é “o Hospital de adultos”.
O Hospital tem um internamento onde as jovens parturientes têm os seus bebés e onde se lhes fixa um internamento maior, para se aproveitar esse tempo para a “ prevenção da segunda gravidez”, algumas são muito jovens, diria 13-14 anos e algumas estão acompanhadas dos seus parceiros, muitos também muito jovens (os mesmos 13-14 anos).
As jovens mamãs têm quartos individuais para uma melhor atenção e cuidados individualizados. Segundo o Dr Pons, quando chegam ali têm o melhor atendimento durante a gravidez e parto. O problema é a prevenção, da primeira gravidez não planeada e da segunda. Até porque muitas vezes é mesmo planeada. Por exemplo se o parceiro da jovem mãe se afasta no processo da gravidez, o parceiro seguinte muitas vezes clama um filho, podendo depois por suas vez afastar-se.
O Hospital Pereira Rossell é um complexo hospitalar vasto, que se deve a um milionário que morreu sem descendência e o doou, com a expressa instrução de que teria de ser para um hospital (assim não pode ser loteado e vendido “ a retalho”)
Aqui diz-se “o Hospital de mulheres e crianças” enquanto que o Hospital das Clínicas é “o Hospital de adultos”.
O Hospital tem um internamento onde as jovens parturientes têm os seus bebés e onde se lhes fixa um internamento maior, para se aproveitar esse tempo para a “ prevenção da segunda gravidez”, algumas são muito jovens, diria 13-14 anos e algumas estão acompanhadas dos seus parceiros, muitos também muito jovens (os mesmos 13-14 anos).
As jovens mamãs têm quartos individuais para uma melhor atenção e cuidados individualizados. Segundo o Dr Pons, quando chegam ali têm o melhor atendimento durante a gravidez e parto. O problema é a prevenção, da primeira gravidez não planeada e da segunda. Até porque muitas vezes é mesmo planeada. Por exemplo se o parceiro da jovem mãe se afasta no processo da gravidez, o parceiro seguinte muitas vezes clama um filho, podendo depois por suas vez afastar-se.
Assim vê-se por vezes mães adolescentes com 2-3 filhos de pais diferentes. Entendem que 2-3 filhos na adolescência dificulta a concretização de sonhos de vida individuais, mas a verdade é que muitas vezes não há mesmo sonhos para além de alimentar um envolvimento afectivo pontual. O serviço de atendimento de saúde integral a adolescentes é pluridisciplinar e inclui ginecologistas, pediatras, enfermeiros, psicólogos, trabalhadores sociais, parteiras.
No Uruguai a Ginecologia infanto–juvenil é também uma especialidade própria com formação especifica e uma Associação Nacional (SUGIA) , tal como nos outros países da América Latina (e mais recentemente na Europa, quem diria!) .
A questão da violência doméstica e abuso sexual também aqui é um assunto de destaque, havendo várias dinamizas no sentido de apoiar sócio-economicamente, culturalmente e do ponto de vista logístico o “reporte”.
Conversar com o Dr. Pons flui, muito agradavelmente. As suas preocupações antropológicas, históricas, culturais, sócio-económicas e psicossociais transcendem em muito o habitual na carreira médica. A sua vasta experiência dá-lhe uma visão abrangente e perspectivada no tempo e no espaço sócio-histórico.
Voltei à minha preocupação com as “conversas velhas de 30 anos” e de como passar a uma prática que leve a mudanças sustentadas, agora que tantos problemas já estão identificados junto com as suas determinantes sociais.
Identificámos as necessidades " universais:
No Uruguai a Ginecologia infanto–juvenil é também uma especialidade própria com formação especifica e uma Associação Nacional (SUGIA) , tal como nos outros países da América Latina (e mais recentemente na Europa, quem diria!) .
A questão da violência doméstica e abuso sexual também aqui é um assunto de destaque, havendo várias dinamizas no sentido de apoiar sócio-economicamente, culturalmente e do ponto de vista logístico o “reporte”.
Conversar com o Dr. Pons flui, muito agradavelmente. As suas preocupações antropológicas, históricas, culturais, sócio-económicas e psicossociais transcendem em muito o habitual na carreira médica. A sua vasta experiência dá-lhe uma visão abrangente e perspectivada no tempo e no espaço sócio-histórico.
Voltei à minha preocupação com as “conversas velhas de 30 anos” e de como passar a uma prática que leve a mudanças sustentadas, agora que tantos problemas já estão identificados junto com as suas determinantes sociais.
Identificámos as necessidades " universais:
-de melhor gerir o que há: recursos materiais e recursos humanos. As soluções “de cima para baixo” nunca chegam a tempo e perdem-se muitas vezes nos confins da inércia burocrática, por outro lado organizações que se formam para agilizar a acção, muitas vezes perdem-se no balanço entre interesses internos e públicos.
-de avaliar e disseminar boas e más práticas para não partir sempre do zero nem repetir erros.
-de intervir precocemente para se obter mudanças de mentalidades uma vez que muitos problemas, como o abuso físico e sexual se radicam numa tolerância e até incentivo do grupo familiar e social.
-de formar profissionais para trabalhar na prevenção, na detecção, no encaminhamento e na intervenção, não só a nível individual como do grupo familiar e social.
-de avaliar e disseminar boas e más práticas para não partir sempre do zero nem repetir erros.
-de intervir precocemente para se obter mudanças de mentalidades uma vez que muitos problemas, como o abuso físico e sexual se radicam numa tolerância e até incentivo do grupo familiar e social.
-de formar profissionais para trabalhar na prevenção, na detecção, no encaminhamento e na intervenção, não só a nível individual como do grupo familiar e social.
1 comentário:
Estimada Margarida:
me disculpo por escribir en Español, pero mi conocimiento de su hermoso idioma es escaso y no quiero ser injusto con una lengua que ha dado al mundo glorias inmensas, desde "Os Lusiadas" hasta "Ensayo sobre a Cegueira".
Me ha parecido admirable su capacidad para captar en pocas palabras la esencia del programa que se desarrolla en mi Hospital.
Pero mejor me parece su encomiable esfuerzo por mantener en su blog un sitio de intercambio de valiosa ínformación sobre los problemas sociales que afectan a tantas poblaciones en el mundo, muchas veces exageradas por la incomprensión de gobernantes, o por el desinterés de quienes tienen en sus manos la posibilidad de mejorar esa realidad. En particular, los médicos tenemos una gran cuota de responsabilidad, y asumirla es un deber ético.
Le agradezco su compromiso y le aseguro que seré lector permanente de su blog, en busca de inspiración y estímulo.
Gracias por su visita a Montevideo, que fue enriquecedora.
Enrique Pons
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