Este blogue tem agora tradução em 38 idiomas... (está compreensível?), tem um mapa-mundo onde os visitantes dos vários países ficam registados, e tem o registo das páginas mais visitadas (tudo em "teste")
Incluimos ainda as fotos que estavam em falta na "cobertura fotográfica".
O tempo passa num instante e já cá estamos há um mês...
- Entrámos outra vez inverno... !
- Depois Natal e festejos de fim de ano!
- Agora o regresso à rotina do trabalho diário, já para a semana...
- Estamos a organizar dois trabalhos interculturais, em colaboração com várias das equipas que visitei, sobre as temáticas que se tornaram mais relevantes nesta visita: a sexualidade e a saúde sexual (está para sair), e a violência (ainda vai demorar)
- Concluímos o livro que se foi alinhavando nesta viagem e que está agora pronto para sair e vai ser publicado pela editora Caminho.
As ilustrações são do Eduardo Salavisa ( fica uma a abrir este post, para criar suspense!), os comentários e textos para reflexão são meus e do Daniel Sampaio, e os dossiers temáticos da autoria de vários(as) colaboradores(as) meus(as) ligados ao projecto Aventura Social.
O título ainda anda em germinação.. para já está "Diálogos entre gerações sobre temas de saúde.
Há neste livro um capítulo sobre esta viagem, um convite à visita deste blogue, e uma reflexão sobre as problemáticas da saúde e da educação.
Um resumo do que fomos fazendo no capítulo " trabalho", fica aqui desde já .
(Para o capítulo "Lazer" vejam as fotos em "cobertura fotográfica.")
Por outros mundos: notas soltas para activar o debate
Durante 4 meses uma visita a vários Países, várias Universidades, várias Escolas e vários Centros de Saúde permitiu o estudo das problemáticas e soluções no terreno e bem como das as políticas e práticas de Promoção da Saúde na América Latina.
As dificuldades económicas e as questões relativas à pobreza e à escolarização têm em geral na América Latina muito mais peso do que na Europa. Igualmente as questões relativas aos direitos das crianças (com mais casos de trabalho infantil, analfabetismos, abuso físico e sexual, exploração sexual, menor acesso a cuidados de saúde), e as questões relativas à condição feminina (mais casos de meninas não escolarizadas, violência doméstica e sobre a mulher, abuso sexual, exploração sexual, múltipla gravidez na adolescência).
A nível da formação superior de técnicos, as Universidades estão menos vocacionadas (com excepção do Brasil) para a formação de técnicos a nível de Mestrado e Doutoramento e há, em geral, maiores dificuldades para a investigação seguindo metodologias adequadas e que dê origem a publicações em revistas científicas. No entanto, no que diz respeito às situações sociais, e na área da saúde e da educação, há uma grande quantidade de intervenções no terreno com activação de recursos comunitários e rentabilização de recursos humanos e financeiros que mereceria uma observação cuidada e o registo de boas práticas e de soluções de sucesso.
O texto total acompanhado de endereços web na faixa lateral pode ser lido em http://www.umaventurasocial.blogspot.com/ e está organizado por etiquetas correspondentes aos países. Este blogue foi ”blogue convidado” do Jornal PUBLICO durante o período da viagem.
Aqui ficam notas soltas, por País, junto com um convite a uma visita ao blogue, aos links das Instituições e projectos visitados (na faixa lateral) e, claro, às magnificas fotos dos países. :
BRASIL
Universidade Estadual do Rio de Janeiro- Hospital Pedro Ernesto
Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (NESA)
O NESA é considerado uma referência na América do Sul na área da Saúde Integral do Adolescente. Oferece serviços de Atenção Primária em áreas como a saúde oral, a sexualidade, prevenção da violência, dos consumos, do VIH e ISTs, intervindo em centros comunitários, empresas e em especial na comunidade escolar, com uma equipa pluridisciplinar de médicos, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, cirurgiões dentistas, nutricionistas, promotores de saúde juvenis.
Desenvolve acções de ensino e formação, pesquisa e extensão comunitária. Oferece ainda um Serviço de Atenção Secundária, um atendimento em ambulatório, no NESA, anexo ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, feito por profissionais da especialidade. Tem ainda um Serviço de Atenção Terciária: um internamento hospitalar para adolescentes de ambos os sexos entre os 12 e os 19 anos.
Neste Hospital, a equipa pluridisciplinar (médicos, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, cirurgiões dentistas, nutricionistas, promotores de saúde juvenis) atende todos os adolescentes com excepção de caso de parto e de condições psico-patológicas graves. Esta equipa, nestes últimos anos, tem construído os serviços de atendimento, investigação e extensão à comunidade através de apoios variados e em função dos vários projectos em que a equipa participou. Aqui, uma vez mais, a problemática da violência contra as mulheres e os menores e as questões do abuso sexual são temática que merece destaque e apresenta a maior popularidade nas publicações.
Posso enumerar muitos outros projectos: o”Caras & Bocas” (saúde oral), o PSTA (Programa de saúde do trabalhador adolescente), Projecto H (Saúde de Homens Adolescentes), Projecto Cidadania e Espaço Escolar, Projecto HIPERPAPO (prevenção das doenças cardiovasculares e metabólicas na adolescência), Projecto Fala Jovem (saúde na rádio), Projecto Comunicação e Marketing, Projecto Inter-geracional, Projecto Treinamento e Capacitação. A equipa é pioneira no Trabalho em Rede e na Tele-Medicina. Oferece um programa inovador para profissionais de treino em saúde do adolescente inserido no programa do Ministério da Saúde, inteiramente on-line. O Prof. Dr. José Messias é actualmente o Director do NESA
As dificuldades económicas e as questões relativas à pobreza e à escolarização têm em geral na América Latina muito mais peso do que na Europa. Igualmente as questões relativas aos direitos das crianças (com mais casos de trabalho infantil, analfabetismos, abuso físico e sexual, exploração sexual, menor acesso a cuidados de saúde), e as questões relativas à condição feminina (mais casos de meninas não escolarizadas, violência doméstica e sobre a mulher, abuso sexual, exploração sexual, múltipla gravidez na adolescência).
A nível da formação superior de técnicos, as Universidades estão menos vocacionadas (com excepção do Brasil) para a formação de técnicos a nível de Mestrado e Doutoramento e há, em geral, maiores dificuldades para a investigação seguindo metodologias adequadas e que dê origem a publicações em revistas científicas. No entanto, no que diz respeito às situações sociais, e na área da saúde e da educação, há uma grande quantidade de intervenções no terreno com activação de recursos comunitários e rentabilização de recursos humanos e financeiros que mereceria uma observação cuidada e o registo de boas práticas e de soluções de sucesso.
O texto total acompanhado de endereços web na faixa lateral pode ser lido em http://www.umaventurasocial.blogspot.com/ e está organizado por etiquetas correspondentes aos países. Este blogue foi ”blogue convidado” do Jornal PUBLICO durante o período da viagem.
Aqui ficam notas soltas, por País, junto com um convite a uma visita ao blogue, aos links das Instituições e projectos visitados (na faixa lateral) e, claro, às magnificas fotos dos países. :
BRASIL
Universidade Estadual do Rio de Janeiro- Hospital Pedro Ernesto
Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (NESA)
O NESA é considerado uma referência na América do Sul na área da Saúde Integral do Adolescente. Oferece serviços de Atenção Primária em áreas como a saúde oral, a sexualidade, prevenção da violência, dos consumos, do VIH e ISTs, intervindo em centros comunitários, empresas e em especial na comunidade escolar, com uma equipa pluridisciplinar de médicos, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, cirurgiões dentistas, nutricionistas, promotores de saúde juvenis.
Desenvolve acções de ensino e formação, pesquisa e extensão comunitária. Oferece ainda um Serviço de Atenção Secundária, um atendimento em ambulatório, no NESA, anexo ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, feito por profissionais da especialidade. Tem ainda um Serviço de Atenção Terciária: um internamento hospitalar para adolescentes de ambos os sexos entre os 12 e os 19 anos.
Neste Hospital, a equipa pluridisciplinar (médicos, psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, cirurgiões dentistas, nutricionistas, promotores de saúde juvenis) atende todos os adolescentes com excepção de caso de parto e de condições psico-patológicas graves. Esta equipa, nestes últimos anos, tem construído os serviços de atendimento, investigação e extensão à comunidade através de apoios variados e em função dos vários projectos em que a equipa participou. Aqui, uma vez mais, a problemática da violência contra as mulheres e os menores e as questões do abuso sexual são temática que merece destaque e apresenta a maior popularidade nas publicações.
Posso enumerar muitos outros projectos: o”Caras & Bocas” (saúde oral), o PSTA (Programa de saúde do trabalhador adolescente), Projecto H (Saúde de Homens Adolescentes), Projecto Cidadania e Espaço Escolar, Projecto HIPERPAPO (prevenção das doenças cardiovasculares e metabólicas na adolescência), Projecto Fala Jovem (saúde na rádio), Projecto Comunicação e Marketing, Projecto Inter-geracional, Projecto Treinamento e Capacitação. A equipa é pioneira no Trabalho em Rede e na Tele-Medicina. Oferece um programa inovador para profissionais de treino em saúde do adolescente inserido no programa do Ministério da Saúde, inteiramente on-line. O Prof. Dr. José Messias é actualmente o Director do NESA
FIO Cruz - Fundação Osvaldo Cruz
A Fio Cruz é uma referência Internacional na área da Saúde Pública e da Medicina Tropical. Inclui vários Institutos de investigação e formação, um Hospital para investigação, um laboratório de produção de vacinas, um laboratório farmacêutico, a Escola de Saúde Publica, um Instituto Politécnico de formação de agentes de saúde, uma biblioteca. Esta vasta Universidade tem ainda campus em outras cidades brasileiras. O Instituto Osvaldo Cruz celebrou o seu centenário em 2000 tendo tido honras de uma publicação com o historial da sua génese e História. Um dos editores deste volume memorável é o Prof. Dr. José Rodrigues Coura. Também o Prof. Coura é uma referência mundial na área da Medicina Tropical com largo trabalho clínico e de investigação na Doença de Chagas. Tem neste momento estudos e trabalhos de campo nesta área na Amazónia, onde tenta rentabilizar os recursos humanos da rede de estudo e intervenção na Malária para uma atenção complementar para a Doença de Chagas. Esta metodologia de gestão e rentabilização de recursos humanos para a saúde está neste momento a ser seguida noutros países da América do Sul sob a sua supervisão. Para este tipo de trabalho equacionamos o interesse do trabalho entre pares e do trabalho com jovens mães. A Fio Cruz tem ainda trabalho de formação e treino de técnicos de saúde e de professores, no Brasil e em Africa (CPLP e outros), e supervisão de trabalhos de pós graduação (mestrados e doutoramentos)
A Fio Cruz é uma referência Internacional na área da Saúde Pública e da Medicina Tropical. Inclui vários Institutos de investigação e formação, um Hospital para investigação, um laboratório de produção de vacinas, um laboratório farmacêutico, a Escola de Saúde Publica, um Instituto Politécnico de formação de agentes de saúde, uma biblioteca. Esta vasta Universidade tem ainda campus em outras cidades brasileiras. O Instituto Osvaldo Cruz celebrou o seu centenário em 2000 tendo tido honras de uma publicação com o historial da sua génese e História. Um dos editores deste volume memorável é o Prof. Dr. José Rodrigues Coura. Também o Prof. Coura é uma referência mundial na área da Medicina Tropical com largo trabalho clínico e de investigação na Doença de Chagas. Tem neste momento estudos e trabalhos de campo nesta área na Amazónia, onde tenta rentabilizar os recursos humanos da rede de estudo e intervenção na Malária para uma atenção complementar para a Doença de Chagas. Esta metodologia de gestão e rentabilização de recursos humanos para a saúde está neste momento a ser seguida noutros países da América do Sul sob a sua supervisão. Para este tipo de trabalho equacionamos o interesse do trabalho entre pares e do trabalho com jovens mães. A Fio Cruz tem ainda trabalho de formação e treino de técnicos de saúde e de professores, no Brasil e em Africa (CPLP e outros), e supervisão de trabalhos de pós graduação (mestrados e doutoramentos)
Curitiba-
Universidade Positivo
Na Universidade Positivo à primeira vista, nada falta. Tem uma Clínica de Psicologia, outra de Nutrição e outra de Fisioterapia. A Medicina tem a sua prática num Hospital. O serviço de atendimento de Psicologia é modelar, do ponto de vista do equipamento para atendimento e para formação dos alunos. A Prof. Suzane Lohr é a Coordenadora da Clínica de Psicologia, que aliás é obra sua: idealizou, implementou e mantêm. Foi ainda a Suzane quem iniciou a Licenciatura em Psicologia nesta Universidade. As salas de aula são de um conforto nunca visto. Depois, há a biblioteca, os pavilhões desportivos, as piscinas, os auditórios, o Teatro, o lago com peixes e cisnes, a floresta envolvente… Produz ainda uma revista (RUBS - Revista Universitária de Biologia e Saúde).
O MEDIALAB (Media Laboratório da Universidade) disponibilizou em português o Vídeo Game educativo da ONU Food Force. Esta Universidade tem ainda um projecto cultural-pedagógico. Mensalmente projecta um filme actual no circuito comercial, apresentado e discutido por um Professor para a comunidade estudantil. Enfim uma infra-estrutura perfeita, para uma dinâmica que precisava mais tempo para avaliar. Para já nos ”Tops" da avaliação nacional das universidades.
Na Universidade Positivo à primeira vista, nada falta. Tem uma Clínica de Psicologia, outra de Nutrição e outra de Fisioterapia. A Medicina tem a sua prática num Hospital. O serviço de atendimento de Psicologia é modelar, do ponto de vista do equipamento para atendimento e para formação dos alunos. A Prof. Suzane Lohr é a Coordenadora da Clínica de Psicologia, que aliás é obra sua: idealizou, implementou e mantêm. Foi ainda a Suzane quem iniciou a Licenciatura em Psicologia nesta Universidade. As salas de aula são de um conforto nunca visto. Depois, há a biblioteca, os pavilhões desportivos, as piscinas, os auditórios, o Teatro, o lago com peixes e cisnes, a floresta envolvente… Produz ainda uma revista (RUBS - Revista Universitária de Biologia e Saúde).
O MEDIALAB (Media Laboratório da Universidade) disponibilizou em português o Vídeo Game educativo da ONU Food Force. Esta Universidade tem ainda um projecto cultural-pedagógico. Mensalmente projecta um filme actual no circuito comercial, apresentado e discutido por um Professor para a comunidade estudantil. Enfim uma infra-estrutura perfeita, para uma dinâmica que precisava mais tempo para avaliar. Para já nos ”Tops" da avaliação nacional das universidades.
Universidade Federal do Paraná
A Universidade Federal do Paraná é das Universidades mais antigas do Brasil. Tem como instalações principais um edifício lindíssimo mesmo no centro de Curitiba.
As Instalações têm o drama de todas as antigas Universidades: foram desenhadas para poucos alunos e agora têm instalações imponentes mas disfuncionais para o aumento da população escolar. A UFPR edita uma revista na área da Psicologia ("Interação em Psicologia"), tem ainda uma Clínica de atendimento à População que também serve para efeitos de formação dos alunos, tem vários laboratórios especializados em áreas mais experimentais da Psicologia.
A Prof. Suzane Lohr colabora no Projecto Clínicas-Escola liderado pela Prof. Edwiges Silvares (USP), que pretende listar e estudar os serviços de apoio Psicológico no Brasil e Portugal a partir das Universidades. A Prof. Ruth Meneses da Universidade Fernando Pessoa e eu própria somos as portuguesas representadas neste estudo.
O Departamento de Psicologia, pela mão da Suzane tem uma área forte nos programas de intervenção na área da promoção de competências pessoais e sociais.
A Suzane tem ainda a vice-coordenação do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), que é uma parceria da UFPR com o governo do Estado do Paraná, para capacitação dos professores do ensino básico da rede pública, em uma proposta de educação continuada para aqueles profissionais, numa parceria entre o ensino básico e o ensino superior.
A Universidade Federal do Paraná é das Universidades mais antigas do Brasil. Tem como instalações principais um edifício lindíssimo mesmo no centro de Curitiba.
As Instalações têm o drama de todas as antigas Universidades: foram desenhadas para poucos alunos e agora têm instalações imponentes mas disfuncionais para o aumento da população escolar. A UFPR edita uma revista na área da Psicologia ("Interação em Psicologia"), tem ainda uma Clínica de atendimento à População que também serve para efeitos de formação dos alunos, tem vários laboratórios especializados em áreas mais experimentais da Psicologia.
A Prof. Suzane Lohr colabora no Projecto Clínicas-Escola liderado pela Prof. Edwiges Silvares (USP), que pretende listar e estudar os serviços de apoio Psicológico no Brasil e Portugal a partir das Universidades. A Prof. Ruth Meneses da Universidade Fernando Pessoa e eu própria somos as portuguesas representadas neste estudo.
O Departamento de Psicologia, pela mão da Suzane tem uma área forte nos programas de intervenção na área da promoção de competências pessoais e sociais.
A Suzane tem ainda a vice-coordenação do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), que é uma parceria da UFPR com o governo do Estado do Paraná, para capacitação dos professores do ensino básico da rede pública, em uma proposta de educação continuada para aqueles profissionais, numa parceria entre o ensino básico e o ensino superior.
Universidade e Hospital –Escola de São José do Rio Preto
A Professora Cristina Miyazaki lidera o Laboratório de Psicologia da Faculdade de Medicina São José do Rio Preto Os cursos de graduação da FAMERP são de Medicina e Enfermagem, mas nos cursos de pós-graduação, juntam-se os profissionais de várias áreas (Medicina, Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Terapia Ocupacional).
No Hospital Escola existem cerca de 50 Psicólogos ligados aos vários serviços do Hospital-Escola: Urologia, Pediatria, Pediatria Oncológica, Cirurgia, Obesidade, Neurologia, Genética, Cardiologia e Recursos Humanos, Clínica de apoio psicológico a estudantes. Para além destes, há bolseiros de doutoramento e ”Residentes”, uma figura semelhante aos Internatos da Medicina em Portugal que, aqui, também incluem os Psicólogos em formação. Para além da componente clínica e da docência, esta equipa tem ainda uma grande componente de investigação e trabalho na comunidade.
Os Médicos, Enfermeiros, Psicólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais são treinados juntos na pós-graduação e assim crescem juntos e aprendem juntos a compreender, a respeitar e a saber colaborar uns com os outros, respeitando a diferenciação de competências e as mais-valias desta sinergia.
Os cursos de pós-graduação são de vários tipos, alguns dos quais ”à distância” embora incluam sessões regulares presenciais.
Este serviço é paradigmático do que pode ser o papel do psicólogo nos serviços de saúde e de como se pode processar a criação de uma linguagem comum e uma gestão de esforços entre os vários profissionais, abrindo possibilidade ao trabalho pluridisciplinar.
A Professora Cristina Miyazaki lidera o Laboratório de Psicologia da Faculdade de Medicina São José do Rio Preto Os cursos de graduação da FAMERP são de Medicina e Enfermagem, mas nos cursos de pós-graduação, juntam-se os profissionais de várias áreas (Medicina, Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Terapia Ocupacional).
No Hospital Escola existem cerca de 50 Psicólogos ligados aos vários serviços do Hospital-Escola: Urologia, Pediatria, Pediatria Oncológica, Cirurgia, Obesidade, Neurologia, Genética, Cardiologia e Recursos Humanos, Clínica de apoio psicológico a estudantes. Para além destes, há bolseiros de doutoramento e ”Residentes”, uma figura semelhante aos Internatos da Medicina em Portugal que, aqui, também incluem os Psicólogos em formação. Para além da componente clínica e da docência, esta equipa tem ainda uma grande componente de investigação e trabalho na comunidade.
Os Médicos, Enfermeiros, Psicólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais são treinados juntos na pós-graduação e assim crescem juntos e aprendem juntos a compreender, a respeitar e a saber colaborar uns com os outros, respeitando a diferenciação de competências e as mais-valias desta sinergia.
Os cursos de pós-graduação são de vários tipos, alguns dos quais ”à distância” embora incluam sessões regulares presenciais.
Este serviço é paradigmático do que pode ser o papel do psicólogo nos serviços de saúde e de como se pode processar a criação de uma linguagem comum e uma gestão de esforços entre os vários profissionais, abrindo possibilidade ao trabalho pluridisciplinar.
Universidade e Hospital-Escola em S. Carlos- Brasil
Em S. Carlos o campus ocupa grande parte da cidade e lá dentro há todo um conjunto de Instituições de apoio ao aluno, ao docente, à docência, à investigação e aos serviços de extensão à comunidade. Há instituições bancárias, restaurantes, livrarias e papelarias, estação de rádio, estação de televisão, orquestra e coro, teatro, hospital-escola, centro de saúde-escola e até uma agência de financiamento à investigação…, tudo dentro da UFSCAR.
O Centro de Saúde-Escola fornece serviço à comunidade bem como apoio à docência e à investigação na área da medicina, fisioterapia, psicologia, enfermagem e terapia ocupacional, tal como o Hospital–Escola. Tem vários gabinetes de consulta, vários ginásios com saída directa para a rua (campo exterior para treino), piscina com vidro para fisioterapia, uma unidade de treino de actividades de vida diária (uma meia casa completamente equipada com vidro unidireccional, para treino de pessoas com deficiência mental, ou pessoas em recuperação de lesão motora), tem ainda uma ala para crianças com ludoteca (que acabou de abrir) e projecta-se um espaço para design e construção de próteses.
A Prof. ª Zilda de Prette e o Prof Almir De Prette, ambos psicólogos, têm provavelmente a melhor equipa Brasileira no trabalho com promoção de competências pessoais e sociais, também a minha área de doutoramento, com vários projectos de renome internacional RIHS além de uma vastíssima obra em língua portuguesa. Coordenam um grupo de pesquisa sobre Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (RIHS) e participam de dois cursos de pós-graduação, para alunos de mestrado e de doutoramento, um em Psicologia e outro em Educação Especial. O grupo produz conhecimento sobre teoria e métodos de avaliação e promoção de competências pessoais e sociais, de promoção da saúde dos alunos em meio escolar e de organização dos serviços na escola.
Em S. Carlos o campus ocupa grande parte da cidade e lá dentro há todo um conjunto de Instituições de apoio ao aluno, ao docente, à docência, à investigação e aos serviços de extensão à comunidade. Há instituições bancárias, restaurantes, livrarias e papelarias, estação de rádio, estação de televisão, orquestra e coro, teatro, hospital-escola, centro de saúde-escola e até uma agência de financiamento à investigação…, tudo dentro da UFSCAR.
O Centro de Saúde-Escola fornece serviço à comunidade bem como apoio à docência e à investigação na área da medicina, fisioterapia, psicologia, enfermagem e terapia ocupacional, tal como o Hospital–Escola. Tem vários gabinetes de consulta, vários ginásios com saída directa para a rua (campo exterior para treino), piscina com vidro para fisioterapia, uma unidade de treino de actividades de vida diária (uma meia casa completamente equipada com vidro unidireccional, para treino de pessoas com deficiência mental, ou pessoas em recuperação de lesão motora), tem ainda uma ala para crianças com ludoteca (que acabou de abrir) e projecta-se um espaço para design e construção de próteses.
A Prof. ª Zilda de Prette e o Prof Almir De Prette, ambos psicólogos, têm provavelmente a melhor equipa Brasileira no trabalho com promoção de competências pessoais e sociais, também a minha área de doutoramento, com vários projectos de renome internacional RIHS além de uma vastíssima obra em língua portuguesa. Coordenam um grupo de pesquisa sobre Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (RIHS) e participam de dois cursos de pós-graduação, para alunos de mestrado e de doutoramento, um em Psicologia e outro em Educação Especial. O grupo produz conhecimento sobre teoria e métodos de avaliação e promoção de competências pessoais e sociais, de promoção da saúde dos alunos em meio escolar e de organização dos serviços na escola.
Universidade e Hospital Universitário de S. Paulo- S. Paulo
A Prof Edwiges Mattos Silvares é daquelas pessoas que ”abriram portas e horizontes” aos seus estudantes por todo o Brasil.
A Universidade de S. Paulo tem mais de 50 000 alunos, mais de 40 Escolas, um campus com uma linha permanente e gratuita de transporte entre escolas. No Instituto de Psicologia contactei os alunos de doutoramento (aqui diz-se ”de doutorado”) e seus projectos, alguns dos quais incluídos no ”Projecto Enurese”, uma linha de pesquisa em que a Edwiges é uma referência a nível mundial. Desenvolveram e têm a patente de uma intervenção terapêutica e um instrumento terapêutico para este problema.
A Profa. Edwiges é ainda a gestora do projecto Luso-Brasileiro” Projecto Serviços-Escola de Psicologia”, a desenvolver on-line.
Os estudantes de pós graduação e estagiários desenvolvem um trabalho piloto no serviço de Pediatria do Hospital Universitário. Alguns psicólogos fazem jogos didácticos com as crianças que esperam consulta de pediatria num cantinho recreativo; outros conversam com os pais, também na sala de espera, ouvindo-os e identificando problemas e recursos familiares. Mais um exemplo a seguir, com muito impacto e baixo custo, uma vez que este serviço conta com a colaboração de estagiários de graduação, supervisionados por dois seniores.
URUGUAI
Faculdade de Medicina da Universidade do Uruguai e Hospital Pereira Rossell - Clínica Ginecotocologica
O Hospital Pereira Rossell é um complexo hospitalar vasto que se deve a um milionário que morreu sem descendência e o doou, com a expressa instrução de que teria de ser para um hospital (assim não pode ser loteado e vendido ”a retalho”)Aqui diz-se ”o Hospital de mulheres e crianças” enquanto que o Hospital das Clínicas é ”o Hospital de adultos”.
O Prof. Dr. Enrique Pons é Professor Catedrático de Ginecologia e Obstetrícia da faculdade de Medicina do Uruguai e dirige a Clínica Ginecotocológica do Hospital Pereira Rossell de Montevideu que é também um Hospital Universitário.
O Hospital tem um internamento onde as jovens parturientes têm os seus bebés e onde se lhes fixa um internamento maior para aproveitar esse tempo para a ”prevenção da segunda gravidez”. Algumas são muito jovens, diria 13-14 anos, e algumas estão acompanhadas dos seus parceiros, muitos também muito jovens (os mesmos 13-14 anos).
As jovens mamãs têm quartos individuais para uma melhor atenção e cuidados individualizados. Segundo o Dr. Pons, quando chegam ali, têm o melhor atendimento durante a gravidez e parto. O problema é a prevenção, da primeira gravidez não planeada e também da segunda. Até porque, muitas vezes, é mesmo planeada. Por exemplo se o parceiro da jovem mãe se afasta no processo da gravidez, o parceiro seguinte muitas vezes clama um filho, podendo depois afastar-se por sua vez.
Assim, vê-se por vezes mães adolescentes com 2-3 filhos de pais diferentes. Entendem que 2-3 filhos na adolescência dificulta a concretização de sonhos de vida individuais, mas a verdade é que muitas vezes não há mesmo sonhos para além de alimentar um envolvimento afectivo pontual. O serviço de atendimento de saúde integral a adolescentes é pluridisciplinar e inclui ginecologistas, pediatras, enfermeiros, psicólogos, trabalhadores sociais, parteiras.
No Uruguai a Ginecologia infanto–juvenil é também uma especialidade própria com formação especifica e uma Associação Nacional (SUGIA), tal como nos outros países da América Latina (e mais recentemente na Europa, quem diria!).
A questão da violência doméstica e abuso sexual também aqui é um assunto de destaque, havendo várias dinamicas para um apoio sócio-economico, cultural e logístico ao ”reporte”.
Em conversa identificámos as necessidades” universais:
- de melhor gestão do existente: recursos materiais e recursos humanos. As soluções ”de cima para baixo” nunca chegam a tempo e frequentemente se perdem nos confins da inércia burocrática. Por outro lado, organizações que se formam para agilizar a acção, muitas vezes perdem-se no balanço entre interesses internos e públicos.
-de avaliação e disseminação de boas e más práticas para que se não parta sempre do zero e se não repitam erros.
- de intervenção precoce para se obtenção de mudanças de mentalidades, uma vez que muitos problemas, como o abuso físico e sexual, se radicam numa tolerância e até incentivo do grupo familiar e social.
-de formação de profissionais para trabalho na prevenção, na detecção, no encaminhamento e na intervenção, não só a nível individual como do grupo familiar e social.
A Prof Edwiges Mattos Silvares é daquelas pessoas que ”abriram portas e horizontes” aos seus estudantes por todo o Brasil.
A Universidade de S. Paulo tem mais de 50 000 alunos, mais de 40 Escolas, um campus com uma linha permanente e gratuita de transporte entre escolas. No Instituto de Psicologia contactei os alunos de doutoramento (aqui diz-se ”de doutorado”) e seus projectos, alguns dos quais incluídos no ”Projecto Enurese”, uma linha de pesquisa em que a Edwiges é uma referência a nível mundial. Desenvolveram e têm a patente de uma intervenção terapêutica e um instrumento terapêutico para este problema.
A Profa. Edwiges é ainda a gestora do projecto Luso-Brasileiro” Projecto Serviços-Escola de Psicologia”, a desenvolver on-line.
Os estudantes de pós graduação e estagiários desenvolvem um trabalho piloto no serviço de Pediatria do Hospital Universitário. Alguns psicólogos fazem jogos didácticos com as crianças que esperam consulta de pediatria num cantinho recreativo; outros conversam com os pais, também na sala de espera, ouvindo-os e identificando problemas e recursos familiares. Mais um exemplo a seguir, com muito impacto e baixo custo, uma vez que este serviço conta com a colaboração de estagiários de graduação, supervisionados por dois seniores.
URUGUAI
Faculdade de Medicina da Universidade do Uruguai e Hospital Pereira Rossell - Clínica Ginecotocologica
O Hospital Pereira Rossell é um complexo hospitalar vasto que se deve a um milionário que morreu sem descendência e o doou, com a expressa instrução de que teria de ser para um hospital (assim não pode ser loteado e vendido ”a retalho”)Aqui diz-se ”o Hospital de mulheres e crianças” enquanto que o Hospital das Clínicas é ”o Hospital de adultos”.
O Prof. Dr. Enrique Pons é Professor Catedrático de Ginecologia e Obstetrícia da faculdade de Medicina do Uruguai e dirige a Clínica Ginecotocológica do Hospital Pereira Rossell de Montevideu que é também um Hospital Universitário.
O Hospital tem um internamento onde as jovens parturientes têm os seus bebés e onde se lhes fixa um internamento maior para aproveitar esse tempo para a ”prevenção da segunda gravidez”. Algumas são muito jovens, diria 13-14 anos, e algumas estão acompanhadas dos seus parceiros, muitos também muito jovens (os mesmos 13-14 anos).
As jovens mamãs têm quartos individuais para uma melhor atenção e cuidados individualizados. Segundo o Dr. Pons, quando chegam ali, têm o melhor atendimento durante a gravidez e parto. O problema é a prevenção, da primeira gravidez não planeada e também da segunda. Até porque, muitas vezes, é mesmo planeada. Por exemplo se o parceiro da jovem mãe se afasta no processo da gravidez, o parceiro seguinte muitas vezes clama um filho, podendo depois afastar-se por sua vez.
Assim, vê-se por vezes mães adolescentes com 2-3 filhos de pais diferentes. Entendem que 2-3 filhos na adolescência dificulta a concretização de sonhos de vida individuais, mas a verdade é que muitas vezes não há mesmo sonhos para além de alimentar um envolvimento afectivo pontual. O serviço de atendimento de saúde integral a adolescentes é pluridisciplinar e inclui ginecologistas, pediatras, enfermeiros, psicólogos, trabalhadores sociais, parteiras.
No Uruguai a Ginecologia infanto–juvenil é também uma especialidade própria com formação especifica e uma Associação Nacional (SUGIA), tal como nos outros países da América Latina (e mais recentemente na Europa, quem diria!).
A questão da violência doméstica e abuso sexual também aqui é um assunto de destaque, havendo várias dinamicas para um apoio sócio-economico, cultural e logístico ao ”reporte”.
Em conversa identificámos as necessidades” universais:
- de melhor gestão do existente: recursos materiais e recursos humanos. As soluções ”de cima para baixo” nunca chegam a tempo e frequentemente se perdem nos confins da inércia burocrática. Por outro lado, organizações que se formam para agilizar a acção, muitas vezes perdem-se no balanço entre interesses internos e públicos.
-de avaliação e disseminação de boas e más práticas para que se não parta sempre do zero e se não repitam erros.
- de intervenção precoce para se obtenção de mudanças de mentalidades, uma vez que muitos problemas, como o abuso físico e sexual, se radicam numa tolerância e até incentivo do grupo familiar e social.
-de formação de profissionais para trabalho na prevenção, na detecção, no encaminhamento e na intervenção, não só a nível individual como do grupo familiar e social.
Escola de Tecnologia Médica da Universidade do Uruguai e Hospital das Clínicas
O Hospital das Clínicas é um Hospital Universitário associado à Universidade da República, à Escola de Medicina, à Escola de Tecnologia Médica e ainda à Faculdade de Psicologia.
Dinamizei aqui um Seminário destinado a Médicos, Psicólogos, Psicomotricistas, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Enfermeiros, Trabalhadores Sociais e Professores sobre a temática ”Educação para a saúde nas escolas: que formação para os técnicos de educação e de saúde: perspectiva Portuguesa e Latino Americana". No debate que se seguiu, apareceram os temas da violência doméstica, violência sobre mulheres, abuso sexual, gravidez não planeada e violência em geral. Os participantes falaram de uma ”cultura machista" que faz com que a violência doméstica seja tolerada, sendo a vítima por vezes criticada pelo seu próprio comportamento que ”terá levado à violência", por vezes pelos seus próprios familiares. E, claro, as questões da confusão ”amor-paixão-violência", as questões da dependência económica, afectiva e social (até aqui igual em todo o lado, pela América Latina quiçá mais frequente). Referiram um programa destinado a alertar as jovens para sinais precoces preditores de violência do homem, ainda durante o namoro, no sentido da ajuda às jovens para que se protejam de futuras relações tóxicas.
Não há intervenções para ajuda às mulheres a afirmar-se na sua individualidade e a encontrar alternativas à esta convivência com cenários de violência, nomeadamente a nível económico, social e de realização pessoal. Não se referiu, por exemplo, trabalho com as famílias e intervenção precoce no sentido de potenciar a comunicação e resolução de problemas inter-géneros e encontrar alternativas futuras (não-violentas) para o convívio no casal, ou alternativas individuais (socio-económicas) para a jovem/mulher.
O problema é por aqui demasiado duro para ser brindado com soluções ”simples" mas, de momento, o que se faz é o incentivo ao reporte da violência e o apoio logístico a curto prazo.
Outro problema, a violência na escola, esbarra com problemas logísticos indescritíveis quando se fala de salas onde os professores podem, em casos especiais, ter 60 alunos por turma e onde 40 alunos por turma, é habitual…
Os Professores do ensino público básico e secundário têm várias lacunas de formação. Por vezes não têm formação superior, o seu papel social e poder económico tem sido desvalorizado e assiste-se a uma grande desvalorização da carreira, grande demissão e absentismo dos Professores.
ARGENTINA
O Hospital das Clínicas é um Hospital Universitário associado à Universidade da República, à Escola de Medicina, à Escola de Tecnologia Médica e ainda à Faculdade de Psicologia.
Dinamizei aqui um Seminário destinado a Médicos, Psicólogos, Psicomotricistas, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Enfermeiros, Trabalhadores Sociais e Professores sobre a temática ”Educação para a saúde nas escolas: que formação para os técnicos de educação e de saúde: perspectiva Portuguesa e Latino Americana". No debate que se seguiu, apareceram os temas da violência doméstica, violência sobre mulheres, abuso sexual, gravidez não planeada e violência em geral. Os participantes falaram de uma ”cultura machista" que faz com que a violência doméstica seja tolerada, sendo a vítima por vezes criticada pelo seu próprio comportamento que ”terá levado à violência", por vezes pelos seus próprios familiares. E, claro, as questões da confusão ”amor-paixão-violência", as questões da dependência económica, afectiva e social (até aqui igual em todo o lado, pela América Latina quiçá mais frequente). Referiram um programa destinado a alertar as jovens para sinais precoces preditores de violência do homem, ainda durante o namoro, no sentido da ajuda às jovens para que se protejam de futuras relações tóxicas.
Não há intervenções para ajuda às mulheres a afirmar-se na sua individualidade e a encontrar alternativas à esta convivência com cenários de violência, nomeadamente a nível económico, social e de realização pessoal. Não se referiu, por exemplo, trabalho com as famílias e intervenção precoce no sentido de potenciar a comunicação e resolução de problemas inter-géneros e encontrar alternativas futuras (não-violentas) para o convívio no casal, ou alternativas individuais (socio-económicas) para a jovem/mulher.
O problema é por aqui demasiado duro para ser brindado com soluções ”simples" mas, de momento, o que se faz é o incentivo ao reporte da violência e o apoio logístico a curto prazo.
Outro problema, a violência na escola, esbarra com problemas logísticos indescritíveis quando se fala de salas onde os professores podem, em casos especiais, ter 60 alunos por turma e onde 40 alunos por turma, é habitual…
Os Professores do ensino público básico e secundário têm várias lacunas de formação. Por vezes não têm formação superior, o seu papel social e poder económico tem sido desvalorizado e assiste-se a uma grande desvalorização da carreira, grande demissão e absentismo dos Professores.
ARGENTINA
Instituto Internacional de Medio Ambiente Y Desarrollo da América Latina
Funciona em Buenos Aires o Instituto Internacional de Medio Ambiente Y Desarrollo da América Latina (iied-al)
A Drª Ana Hardoy, directora do Instituto que recém publicou em co-autoria a obra ”La Inequidad en la salud-hacia un abordaje integral”. O Instituto publica uma revista” Medio Ambiente y Urbanizacion" onde, no próximo número, se falará justamente da infância e juventude.
Foi interessante ver que ”a mão que embala o berço", isto é a origem profissional dos investigadores (saúde, educação, direito, economia, ecologia, urbanismo), determina o ”ponto de partida" mas, na chegada, a análise e avaliação das problemáticas converge.
A falta de saneamento básico, a falta de condições de habitação, o território, o deficiente acesso à saúde e à educação, a deficiente escolaridade, a violência inter-pessoal, o deficiente planeamento familiar com gravidez não desejada e falta de saúde sexual e reprodutiva… tudo isto se associa e perpetua as situações de pobreza e mantem, em movimento de espiral crescente, as desigualdades socio-económicas e o acesso à saúde, à educação e a uma vida com qualidade.
Pelos vistos já todos sabemos isto… Também sabemos que as políticas nacionais e municipais de saúde, educação, justiça, gestão do território, etc. têm que permitir e incentivar medidas para ultrapassagem destes ciclos viciosos e que a sociedade civil tem que servir como impulsionador e catalizador…
Foi interessante a leitura do livro ”La inequidad en la salud: hacia un abordaje integral (de los determinantes sociales y ambientales en el contexto urbano)", editado por Françoise Barten, Walter Flores e Ana Hardoy.
Este livro baseia-se nas comunicações e debate de uma reunião de trabalho ("Taller") que ocorreu em Buenos Aires em Dezembro de 2007 e que reuniu médicos, urbanistas, economistas, psicólogos, sociólogos, geógrafos, trabalhadores sociais e funcionários do governo com responsabilidades neste tema. Esta reunião e a publicação do livro foram um requisito do programa ALCUEH (América Latina, Caraibe & Comunidade Europeia Health). Das apresentações destaco as da Françoise Barten que tive o prazer de conhecer numa reunião do ALCUEH em Lisboa, presidida pelo Prof. Virgílio do Rosário, e em Copenhaga numa conferência preparatória da Conferência Ministerial em Bamako-Mali, que acabou de se realizar. Aqui a Françoise falou de”La urbanización y la problemática de las inequidades en salud:necesidad de enfoques integrales".
Saliento ainda Gabriel Urgoiti,”Consolidando los Derechos de los ninos", que falou da necessidade de participação das crianças/jovens na construção dos seus projectos de vida e na concretização da sua participação social como cidadãos. Apresenta aqui projectos de utilização da rádio e de filmes para a promoção da saúde a partir das crianças, falando da sua experiência na Africa do Sul.
Eu também acredito nestes princípios e a leitura deste capítulo fez-me lembrar o nosso trabalho em Lisboa de ”Video Storytelling", que tanto entusiasmou os alunos do Instituto Padre António de Oliveira pela mão do nosso colaborador Ricardo Machado, e que não pudemos replicar nas comunidades pobres migrantes à volta de Lisboa porque a FCT achou o projecto ”não prioritário" e ”chumbou" o financiamento... (critérios! talvez por isso, temos tanta dificuldade em ser inovadores... a inovação é sempre considerada não prioritária!!!)
Também interessante foi que o que se seguiu às apresentações deste ”Taller", com a participação de um português (o Prof Virgílio do Rosário) e sublinho a intervenção de Gabriel Urgoiti que refere justamente:
"Isto parece conversa velha de 30 anos. Há 30 anos que andamos a dizer estas coisas e depois não se passa nada ou, pior, acabam trabalhos inovadores que já deram frutos, como por exemplo Community-based health, dos anos 70, 80 e 90" (transcrição resumida).
Pois a economia está no controlo total das situações? mas mesmo apenas do ponto de vista económico, os ”community health workers", os ”peer tutors e peer mentors" e os ”community liders" são soluções de baixo custo, porque rentabilizam melhor os (parcos) recursos disponíveis.
Então o que se passa? É mesmo falta de vontade política? ou ignorância política de que este é o caminho melhor e mais barato? ou desleixo político, porque estas populações votam pouco?
Por aqui pela América Latina, quando se fala nisto, a opinião geral é que os países ”param" nos processos eleitorais e que os novos eleitos fazem questão de começar praticamente do ”nada", deixando cair o que foi criado até ali. Talvez por preguiça de ler os longos ”dossiers cinzentos", talvez porque têm que premiar os seus seguidores mais fieis... com secundarização da continuidade e da competência, talvez porque consideram mais importante do que o desenvolvimento do seu país, a desvalorização dos seus opositores...
E assim ficam os (bons) projectos ao sabor da ”sorte" de que o seu dossier seja encontrado (e reconhecido) por alguém do novo Executivo. Aqui dizem-me que é assim! (nos outros lados será igual). Também a mim me parece ”uma conversa velha de anos, mais a sua consequente paralisia"
A Comunidade Europeia tem aqui um ponto focal que contactei com o objectivo de estabelecer protocolos de colaboração financiáveis com as equipas que visitei (ABEST, ver endereço na faixa lateral), mas serão os ”Objectivo do Milénio", com a redução sustentável da pobreza e outras desigualdades, objectivos políticos prioritários?
Funciona em Buenos Aires o Instituto Internacional de Medio Ambiente Y Desarrollo da América Latina (iied-al)
A Drª Ana Hardoy, directora do Instituto que recém publicou em co-autoria a obra ”La Inequidad en la salud-hacia un abordaje integral”. O Instituto publica uma revista” Medio Ambiente y Urbanizacion" onde, no próximo número, se falará justamente da infância e juventude.
Foi interessante ver que ”a mão que embala o berço", isto é a origem profissional dos investigadores (saúde, educação, direito, economia, ecologia, urbanismo), determina o ”ponto de partida" mas, na chegada, a análise e avaliação das problemáticas converge.
A falta de saneamento básico, a falta de condições de habitação, o território, o deficiente acesso à saúde e à educação, a deficiente escolaridade, a violência inter-pessoal, o deficiente planeamento familiar com gravidez não desejada e falta de saúde sexual e reprodutiva… tudo isto se associa e perpetua as situações de pobreza e mantem, em movimento de espiral crescente, as desigualdades socio-económicas e o acesso à saúde, à educação e a uma vida com qualidade.
Pelos vistos já todos sabemos isto… Também sabemos que as políticas nacionais e municipais de saúde, educação, justiça, gestão do território, etc. têm que permitir e incentivar medidas para ultrapassagem destes ciclos viciosos e que a sociedade civil tem que servir como impulsionador e catalizador…
Foi interessante a leitura do livro ”La inequidad en la salud: hacia un abordaje integral (de los determinantes sociales y ambientales en el contexto urbano)", editado por Françoise Barten, Walter Flores e Ana Hardoy.
Este livro baseia-se nas comunicações e debate de uma reunião de trabalho ("Taller") que ocorreu em Buenos Aires em Dezembro de 2007 e que reuniu médicos, urbanistas, economistas, psicólogos, sociólogos, geógrafos, trabalhadores sociais e funcionários do governo com responsabilidades neste tema. Esta reunião e a publicação do livro foram um requisito do programa ALCUEH (América Latina, Caraibe & Comunidade Europeia Health). Das apresentações destaco as da Françoise Barten que tive o prazer de conhecer numa reunião do ALCUEH em Lisboa, presidida pelo Prof. Virgílio do Rosário, e em Copenhaga numa conferência preparatória da Conferência Ministerial em Bamako-Mali, que acabou de se realizar. Aqui a Françoise falou de”La urbanización y la problemática de las inequidades en salud:necesidad de enfoques integrales".
Saliento ainda Gabriel Urgoiti,”Consolidando los Derechos de los ninos", que falou da necessidade de participação das crianças/jovens na construção dos seus projectos de vida e na concretização da sua participação social como cidadãos. Apresenta aqui projectos de utilização da rádio e de filmes para a promoção da saúde a partir das crianças, falando da sua experiência na Africa do Sul.
Eu também acredito nestes princípios e a leitura deste capítulo fez-me lembrar o nosso trabalho em Lisboa de ”Video Storytelling", que tanto entusiasmou os alunos do Instituto Padre António de Oliveira pela mão do nosso colaborador Ricardo Machado, e que não pudemos replicar nas comunidades pobres migrantes à volta de Lisboa porque a FCT achou o projecto ”não prioritário" e ”chumbou" o financiamento... (critérios! talvez por isso, temos tanta dificuldade em ser inovadores... a inovação é sempre considerada não prioritária!!!)
Também interessante foi que o que se seguiu às apresentações deste ”Taller", com a participação de um português (o Prof Virgílio do Rosário) e sublinho a intervenção de Gabriel Urgoiti que refere justamente:
"Isto parece conversa velha de 30 anos. Há 30 anos que andamos a dizer estas coisas e depois não se passa nada ou, pior, acabam trabalhos inovadores que já deram frutos, como por exemplo Community-based health, dos anos 70, 80 e 90" (transcrição resumida).
Pois a economia está no controlo total das situações? mas mesmo apenas do ponto de vista económico, os ”community health workers", os ”peer tutors e peer mentors" e os ”community liders" são soluções de baixo custo, porque rentabilizam melhor os (parcos) recursos disponíveis.
Então o que se passa? É mesmo falta de vontade política? ou ignorância política de que este é o caminho melhor e mais barato? ou desleixo político, porque estas populações votam pouco?
Por aqui pela América Latina, quando se fala nisto, a opinião geral é que os países ”param" nos processos eleitorais e que os novos eleitos fazem questão de começar praticamente do ”nada", deixando cair o que foi criado até ali. Talvez por preguiça de ler os longos ”dossiers cinzentos", talvez porque têm que premiar os seus seguidores mais fieis... com secundarização da continuidade e da competência, talvez porque consideram mais importante do que o desenvolvimento do seu país, a desvalorização dos seus opositores...
E assim ficam os (bons) projectos ao sabor da ”sorte" de que o seu dossier seja encontrado (e reconhecido) por alguém do novo Executivo. Aqui dizem-me que é assim! (nos outros lados será igual). Também a mim me parece ”uma conversa velha de anos, mais a sua consequente paralisia"
A Comunidade Europeia tem aqui um ponto focal que contactei com o objectivo de estabelecer protocolos de colaboração financiáveis com as equipas que visitei (ABEST, ver endereço na faixa lateral), mas serão os ”Objectivo do Milénio", com a redução sustentável da pobreza e outras desigualdades, objectivos políticos prioritários?
Hospital Teodoro Alvarez e Associação Argentina de Saúde Mental
No Hospital Teodoro Alvarez, dirigido por Diana Galimberti participei de uma reunião sobre as especificidades das problemáticas da saúde mental, toxicodependência, violência familiar, abuso sexual na Argentina. Uma vez mais a violência sobre menores, sobre mulheres e sobre idosos aparece aqui com destaque.
Sílvia Raggi e Alberto Trimboli trabalham mais na área da prevenção e tratamento da toxicodependência, mas estas problemáticas aparecem muito associadas. Susana Levy, da mesma equipa, é trabalhadora social, mediadora familiar, escolar e social e trabalha nesta equipa na implementação de um modelo de prevenção da violência que relata no livro ”Patriarcado y violência familiar”.
No Centro de Dia para crianças com perturbações na área da Saúde Mental, dirigido por Eduardo Grande, pedopsiquiatra e presidente da Associação Argentina de Saúde Mental, onde se encontram em regime de hospital de dia 11 crianças. A Associação Argentina de Saúde Mental promove anualmente um importante Congresso de técnicos de saúde mental. Os temas dos últimos congressos incidiram sobre ”O mal estar no quotidiano” e ”Modernidade, Tecnologia y Sintomas Contemporâneos” de que se publicaram duas obras com os trabalhos apresentados
Os Livros editados pela AASM (Associação Argentina de Saúde Mental) foram compilados a partir de uma selecção de apresentações. O Congresso de 2007 teve como Tema ”O mal-estar do quotidiano” e o de 2008 ”Modernidade, Tecnologia e Sintomas Contemporâneos”, em síntese:
Drogas, álcool e…
Fala-se da cyberdependência e de realidades virtuais, considerando-se os actuais adolescentes ”nativos digitais”. Este facto seria até vantajoso para a sua sobrevivência, não fora levar a um problema de falta de figuras de referência no mundo dos adultos, tidos como incompetentes e inúteis e, claro, o excesso que os limita em termos de tempo e motivação para outras actividades.
Parta além da cyberdependência, há outras dependências ”sem substância”, chamadas ”sócio-dependências” (jogos de azar, sexo, trabalho, medicamentos, exercício físico, etc. ).
Um foco especial para o consumo de substâncias nos espaços ”pré-boliche” (antes da ida para a discoteca) onde se consome mais barato. Estes consumos são apresentados como uma ”produção emocional” que, tal como a ”produção física”, ajusta o estado de ânimo para a noite, condição ”sine qua non” para que a diversão ocorra. Fala-se de cultura adolescente ”cool”, indiferente e sem desejos.
Adolescentes
No fundo, cada época nos mostra os seus mal-estares e a pós-modernidade diz-se habitualmente caracterizada pelo individualismo, pelo excesso, pela perca da perspectiva do passado e do futuro com uma concentração de energia no futuro imediato e, exactamente, pela indiferença.
Os adolescentes pós-modernos são vistos como dotados de um ”não-desejo”, de uma indiferença.
Mas, curiosamente, a juventude é um espelho onde cada sociedade descobre as suas falhas (como que caricaturadas pela vulnerabilidade deste grupo, socialmente menos experiente, na sua pré-entrada na vida adulta...). Se estamos numa sociedade que apela ao individualismo e onde há uma erosão do sentimento de pertença e uma centração no presente, que faz perder o sentido da continuidade histórica, dificilmente podemos ” produzir" adolescentes solidários, enraizados e com um sentido de percurso de vida. Fala-se agora de ”cidades à escala humana”, de ”comunidades à escala humana” e da necessidade de que escola e hospital encontrem ”o seu factor humano”.
Os nossos adolescentes serão, como em todas as outras épocas históricas, o produto do seu (nosso) tempo!
A saúde e a educação dos profissionais
Curiosamente, falou-se muito ”dos tratadores e educadores”: da saúde e da saúde mental dos profissionais de saúde e de educação que, sujeitos a um stress relacional na interacção em situações adversas com os doentes ou com os alunos, apresentam frequentes sintomas de ”burn-out” como impaciência, agressividade, irritabilidade, insónia, absentismo, depressão, abuso de medicamentos psicotrópicos, somatizações, consumo de drogas e de álcool. Pelo efeito devastador que tem nos profissionais e na sua população alvo, sugere-se uma prevenção na formação, grupos de supervisão ou de monitorização tipo ”Coaching” ou ”Balint”.
Lembrei-me que, quando do 11 de Março em Madrid, uma equipa de psicólogos de intervenção em crise trabalhava com vítimas e pessoas afectadas pela catástrofe e, à noite, as equipas de psicólogos tinham por sua vez ajuda psicológica para gestão do stress situacional.
Violência entre pares, na família e de género
Falou-se do acosso laboral, da provocação entre-pares (“Bullying”), da violência familiar em especial sobre menores e sobre as mulheres e do abuso sexual. Para todas estas formas de violência sugere-se processos de detecção/identificação das situações, a capacitação das vítimas e a mudança das culturas institucionais ou da cultura da comunidade próxima.
A violência e o abuso na família remetem por vezes a 3 e 4 gerações anteriores pondo em causa tudo o que se diz sobre vinculação, modelação, monitorização, desenvolvimento pessoal! Justificam programas de prevenção da ”violência no namoro” onde se trabalham sinais precoces que poderão levar a violência em fases posteriores.
Mas os recursos pessoais são muitas vezes insuficientes face a realidades tão complexas e torna-se necessário pensar mudanças culturais e legais.
Conversas ”velhas de 30 anos"
Para atender a necessidades locais, como conhecedores próximos da população alvo, aparecem aqui figuras como ”Acompanhante terapêutico” e ”Agente comunitários de saúde" que podem ser pais, mentores, lideres comunitários, profissionais com curso profissionalizante (“amigos qualificados”). Mas, Aqui, como tenho vindo a dizer, voltam as ”conversas velhas de 30 anos”: então não eram estes os agentes da ”Community-based health”? dos ”mentores”? “da Educação entre-pares”?
Uma vez mais se insiste nas Políticas Municipais como revitalizador (ou complemento) das Politicas Nacionais e na importância do trabalho de inovação a partir de pequenos grupos empenhados. E também do perigo de desgaste a que estão sujeitos grupos de intervenção que trabalham sem condições e da necessidade de políticas sustentadas.
Novas”dependências”?
Uma referência à protecção da saúde e à prática da actividade física, com uma ressalva que tem a ver com a emergente ameaça de uma dependência do exercício, outra ressalva com o facto de que as politicas de promoção da Actividade Física para adolescentes se baseiam em modelos infantis ou adultos não entendendo o papel da actividade física para um adolescente em fase de elaboração formal do pensamento.
Uma vez mais, o risco de que os ”promotores de saúde” apareçam com efeitos contra-producentes, gerando demasiada obsessão à volta de temas de saúde (o exemplo claro são os excessos de zelo nos comportamentos a promover: actividade física e hábitos alimentares). Enfim, como dizia alguém, algum bom senso tentando encontrar ”a saúde dos valores médios e culturalmente relevantes"
Sublinha-se também que, para o estudo e promoção do exercício (ou de hábitos alimentares saudáveis?), se deve ter em conta factores físicos, psicológicos, sociais, políticos, técnicos e tácticos (e não só um destes factores, o que tende forçosamente a acontecer se a equipa não é pluridisciplinar).
Escola e família
Muito foco no trabalho nas escolas. Em espanhol a palavra ”taller”(oficina) é interessante porque dá a ideia de um espaço fecundo mas participativo. ”Talleres” então com pais, alunos e professores pedindo participação na criação e manutenção de ”espaços saudáveis” na escola e na família. ”Talleres de projectos pessoais”
Fala-se de Educação para a saúde, formação de agentes multiplicadores de saúde e de programas de promoção da mudança a nível individual e institucional. Porque educar é influir e promover a auto-motivação, a auto-monitorização, a auto-mudança (não é, apenas, ensinar).
Fala-se de programas baseados na epidemiologia e no estudo de determinantes e na avaliação de programas, defendendo-se a ligação da investigação à intervenção.
Na Argentina a Educação Sexual Integrada é já obrigatória, com carácter de transição nos próximos anos… Tenho vindo a escrever sobre a frequência da gravidez na adolescência, da violência no casal, do abuso sexual a exigir estas medidas sem atraso. A educação para a saúde incluirá a sexualidade, a prevenção da violência e dos consumos e os direitos cívicos, cidadania e participação social.
Muito foco também no trabalho com famílias, tanto do ponto de vista de ”ponte para chegar aos filhos” como da criação de ambientes saudáveis e contentores, como ainda do ponto de vista do apoio aos pais no seu papel paterno. Em síntese, ajudar a ser pessoalmente competentes e a mudar envolvimentos.
Pobreza e miséria
Falou-se muito da patologias da pobreza, não só no acesso à saúde e à educação, como na valorização da saúde e da educação face a necessidades mais prementes de subsistência mas ainda de factos que podem perpetuar a pobreza: a gravidez na adolescência, o abandono escolar e a desnutrição (com as suas consequências na saúde e no desenvolvimento cognitivo).
Os vírus maus ”que vêm de fora”!
Curiosamente, na área da prevenção do VIH, as crenças negativas e a discriminação no seio da população mexicana, está por vezes associada ao migrante que regressa depois de um período no estrangeiro (Estado Unidos).
Numa comunicação chamada ”O vírus que veio do Norte” revi uma realidade que já tinha percebido em Angola onde o VIH, diz a ”crença”, também veio de fora, desta feita do Congo.
Este atribuição ao ”out-group” de características negativas e perigosas tem o efeito de securizar o ”in-group” contra o perigo.
Estamos a adivinhar o perigo deste teorização da Psicologia Social, quando se trata da prevenção do VIH…
Pluridisciplinaridade
Num pais fortemente dominado pela Psicanálise, vejo aqui um claro apelo ao alargamento de grelhas de análise e estabelecimento de diálogo com uma perspectiva sócio-cognitiva, humanista, inter-pessoal e cognitivo-comportamental. Há ainda um forte apelo à formação, investigação e avaliação. Finalmente, melhor ainda, na Argentina a saúde mental foi eleita como ”O” conceito abrangente englobando diversas especialidades enquanto ”pares”.
Hospital Dr Cosme Argerich
O Hospital Dr Cosme Argerich, em Buenos Aires, é um Hospital de Agudos que tem um serviço integrado de atendimento ao adolescente, pioneiro na Argentina. O serviço teve já um prémio de boas práticas/qualidade e é considerado um modelo na área da saúde integrada do adolescente.
O Dr. Enrique Berner, pediatra e chefe do serviço tem um modelo de como operacionalizar um ”serviço de saúde amigo dos adolescentes". Este modelo (digo eu) facilmente poderia ser utilizado noutros países e mesmo noutros cenários (p. e. ”escolas amigas dos adolescentes", “clubes desportivos amigos dos adolescentes", “apoio jurídico amigo dos adolescentes").
Há um link feito especialmente para adolescentes ("Crescer juntos")[1] elaborado por esta equipa. Há uma consulta específica para perturbações do comportamento alimentar, uma consulta de ginecologia infanto-juvenil, uma consulta de pediatria/medicina do adolescente, uma consulta de psicologia. Os profissionais vão enviando os jovens para consultas mais específicas em função da problemática. Têm, aqui também, uma grande dificuldade no trabalho com os pais, porque não vêm ao hospital ou, pelo contrário, porque são demasiado intrusivos na vida dos filhos (abusos incluídos!). Tenta-se neste serviço uma animação de ”sala de espera": os técnicos que fazem a animação de sala de espera (no corredor do hospital, idealmente todos os dias e enquanto decorrem as consultas) têm uma formação no próprio serviço e são orientados nas sessões por uma ginecologista aposentada, agora voluntária no hospital. Durante as sessões debatem-se temas de saúde com os jovens e suas famílias, enquanto se espera a consulta e dá-se informação sobre saúde sexual. Na Argentina, a Ginecologia Infanto-Juvenil é uma especialidade na Medicina.
Na Argentina, a saúde sexual e reprodutiva é um direito dos jovens que não necessitam da autorização da família para obter consulta ou acesso a contraceptivos. A gravidez não planeada em adolescentes é frequente e, muita das vezes, resultado de abuso sexual intra-familiar. As consequências são conhecidas, as mais graves serão provavelmente o cancelamento de um projecto de vida, a perturbação psico-socio-emocional e a continuidade da pobreza e da fraca escolaridade. Achei admirável como neste serviço a prevenção da gravidez não desejada e a prevenção de uma segunda gravidez não desejada são consideradas uma prioridade na saúde sexual das jovens consultantes, sem hipocrisias ou duplos-moralismos despropositados.
O tema ”pílula do dia seguinte" sempre considerado um ”último recurso" é aqui claramente apresentado. Acompanhei ainda o trabalho relacionado com questões médico-jurídicas na violência doméstica, abuso físico e sexual. A equipa já trabalha em conjunto há muitos anos, com excepção dos ”residentes" e da psicóloga e reune diariamente à volta de casos ou para sessões de debate ou formação. Numa outra sessão de formação, a equipa solicitou os serviços de uma equipa de ”coach ontologia" e iniciou uma formação vivencial para potenciar a comunicação e a colaboração entre os vários elementos, analisando as entropias e procurando soluções criativas. Não sei qual será a eficácia, mas foi muito divertido e com apelos sérios à reflexão.
No Hospital Teodoro Alvarez, dirigido por Diana Galimberti participei de uma reunião sobre as especificidades das problemáticas da saúde mental, toxicodependência, violência familiar, abuso sexual na Argentina. Uma vez mais a violência sobre menores, sobre mulheres e sobre idosos aparece aqui com destaque.
Sílvia Raggi e Alberto Trimboli trabalham mais na área da prevenção e tratamento da toxicodependência, mas estas problemáticas aparecem muito associadas. Susana Levy, da mesma equipa, é trabalhadora social, mediadora familiar, escolar e social e trabalha nesta equipa na implementação de um modelo de prevenção da violência que relata no livro ”Patriarcado y violência familiar”.
No Centro de Dia para crianças com perturbações na área da Saúde Mental, dirigido por Eduardo Grande, pedopsiquiatra e presidente da Associação Argentina de Saúde Mental, onde se encontram em regime de hospital de dia 11 crianças. A Associação Argentina de Saúde Mental promove anualmente um importante Congresso de técnicos de saúde mental. Os temas dos últimos congressos incidiram sobre ”O mal estar no quotidiano” e ”Modernidade, Tecnologia y Sintomas Contemporâneos” de que se publicaram duas obras com os trabalhos apresentados
Os Livros editados pela AASM (Associação Argentina de Saúde Mental) foram compilados a partir de uma selecção de apresentações. O Congresso de 2007 teve como Tema ”O mal-estar do quotidiano” e o de 2008 ”Modernidade, Tecnologia e Sintomas Contemporâneos”, em síntese:
Drogas, álcool e…
Fala-se da cyberdependência e de realidades virtuais, considerando-se os actuais adolescentes ”nativos digitais”. Este facto seria até vantajoso para a sua sobrevivência, não fora levar a um problema de falta de figuras de referência no mundo dos adultos, tidos como incompetentes e inúteis e, claro, o excesso que os limita em termos de tempo e motivação para outras actividades.
Parta além da cyberdependência, há outras dependências ”sem substância”, chamadas ”sócio-dependências” (jogos de azar, sexo, trabalho, medicamentos, exercício físico, etc. ).
Um foco especial para o consumo de substâncias nos espaços ”pré-boliche” (antes da ida para a discoteca) onde se consome mais barato. Estes consumos são apresentados como uma ”produção emocional” que, tal como a ”produção física”, ajusta o estado de ânimo para a noite, condição ”sine qua non” para que a diversão ocorra. Fala-se de cultura adolescente ”cool”, indiferente e sem desejos.
Adolescentes
No fundo, cada época nos mostra os seus mal-estares e a pós-modernidade diz-se habitualmente caracterizada pelo individualismo, pelo excesso, pela perca da perspectiva do passado e do futuro com uma concentração de energia no futuro imediato e, exactamente, pela indiferença.
Os adolescentes pós-modernos são vistos como dotados de um ”não-desejo”, de uma indiferença.
Mas, curiosamente, a juventude é um espelho onde cada sociedade descobre as suas falhas (como que caricaturadas pela vulnerabilidade deste grupo, socialmente menos experiente, na sua pré-entrada na vida adulta...). Se estamos numa sociedade que apela ao individualismo e onde há uma erosão do sentimento de pertença e uma centração no presente, que faz perder o sentido da continuidade histórica, dificilmente podemos ” produzir" adolescentes solidários, enraizados e com um sentido de percurso de vida. Fala-se agora de ”cidades à escala humana”, de ”comunidades à escala humana” e da necessidade de que escola e hospital encontrem ”o seu factor humano”.
Os nossos adolescentes serão, como em todas as outras épocas históricas, o produto do seu (nosso) tempo!
A saúde e a educação dos profissionais
Curiosamente, falou-se muito ”dos tratadores e educadores”: da saúde e da saúde mental dos profissionais de saúde e de educação que, sujeitos a um stress relacional na interacção em situações adversas com os doentes ou com os alunos, apresentam frequentes sintomas de ”burn-out” como impaciência, agressividade, irritabilidade, insónia, absentismo, depressão, abuso de medicamentos psicotrópicos, somatizações, consumo de drogas e de álcool. Pelo efeito devastador que tem nos profissionais e na sua população alvo, sugere-se uma prevenção na formação, grupos de supervisão ou de monitorização tipo ”Coaching” ou ”Balint”.
Lembrei-me que, quando do 11 de Março em Madrid, uma equipa de psicólogos de intervenção em crise trabalhava com vítimas e pessoas afectadas pela catástrofe e, à noite, as equipas de psicólogos tinham por sua vez ajuda psicológica para gestão do stress situacional.
Violência entre pares, na família e de género
Falou-se do acosso laboral, da provocação entre-pares (“Bullying”), da violência familiar em especial sobre menores e sobre as mulheres e do abuso sexual. Para todas estas formas de violência sugere-se processos de detecção/identificação das situações, a capacitação das vítimas e a mudança das culturas institucionais ou da cultura da comunidade próxima.
A violência e o abuso na família remetem por vezes a 3 e 4 gerações anteriores pondo em causa tudo o que se diz sobre vinculação, modelação, monitorização, desenvolvimento pessoal! Justificam programas de prevenção da ”violência no namoro” onde se trabalham sinais precoces que poderão levar a violência em fases posteriores.
Mas os recursos pessoais são muitas vezes insuficientes face a realidades tão complexas e torna-se necessário pensar mudanças culturais e legais.
Conversas ”velhas de 30 anos"
Para atender a necessidades locais, como conhecedores próximos da população alvo, aparecem aqui figuras como ”Acompanhante terapêutico” e ”Agente comunitários de saúde" que podem ser pais, mentores, lideres comunitários, profissionais com curso profissionalizante (“amigos qualificados”). Mas, Aqui, como tenho vindo a dizer, voltam as ”conversas velhas de 30 anos”: então não eram estes os agentes da ”Community-based health”? dos ”mentores”? “da Educação entre-pares”?
Uma vez mais se insiste nas Políticas Municipais como revitalizador (ou complemento) das Politicas Nacionais e na importância do trabalho de inovação a partir de pequenos grupos empenhados. E também do perigo de desgaste a que estão sujeitos grupos de intervenção que trabalham sem condições e da necessidade de políticas sustentadas.
Novas”dependências”?
Uma referência à protecção da saúde e à prática da actividade física, com uma ressalva que tem a ver com a emergente ameaça de uma dependência do exercício, outra ressalva com o facto de que as politicas de promoção da Actividade Física para adolescentes se baseiam em modelos infantis ou adultos não entendendo o papel da actividade física para um adolescente em fase de elaboração formal do pensamento.
Uma vez mais, o risco de que os ”promotores de saúde” apareçam com efeitos contra-producentes, gerando demasiada obsessão à volta de temas de saúde (o exemplo claro são os excessos de zelo nos comportamentos a promover: actividade física e hábitos alimentares). Enfim, como dizia alguém, algum bom senso tentando encontrar ”a saúde dos valores médios e culturalmente relevantes"
Sublinha-se também que, para o estudo e promoção do exercício (ou de hábitos alimentares saudáveis?), se deve ter em conta factores físicos, psicológicos, sociais, políticos, técnicos e tácticos (e não só um destes factores, o que tende forçosamente a acontecer se a equipa não é pluridisciplinar).
Escola e família
Muito foco no trabalho nas escolas. Em espanhol a palavra ”taller”(oficina) é interessante porque dá a ideia de um espaço fecundo mas participativo. ”Talleres” então com pais, alunos e professores pedindo participação na criação e manutenção de ”espaços saudáveis” na escola e na família. ”Talleres de projectos pessoais”
Fala-se de Educação para a saúde, formação de agentes multiplicadores de saúde e de programas de promoção da mudança a nível individual e institucional. Porque educar é influir e promover a auto-motivação, a auto-monitorização, a auto-mudança (não é, apenas, ensinar).
Fala-se de programas baseados na epidemiologia e no estudo de determinantes e na avaliação de programas, defendendo-se a ligação da investigação à intervenção.
Na Argentina a Educação Sexual Integrada é já obrigatória, com carácter de transição nos próximos anos… Tenho vindo a escrever sobre a frequência da gravidez na adolescência, da violência no casal, do abuso sexual a exigir estas medidas sem atraso. A educação para a saúde incluirá a sexualidade, a prevenção da violência e dos consumos e os direitos cívicos, cidadania e participação social.
Muito foco também no trabalho com famílias, tanto do ponto de vista de ”ponte para chegar aos filhos” como da criação de ambientes saudáveis e contentores, como ainda do ponto de vista do apoio aos pais no seu papel paterno. Em síntese, ajudar a ser pessoalmente competentes e a mudar envolvimentos.
Pobreza e miséria
Falou-se muito da patologias da pobreza, não só no acesso à saúde e à educação, como na valorização da saúde e da educação face a necessidades mais prementes de subsistência mas ainda de factos que podem perpetuar a pobreza: a gravidez na adolescência, o abandono escolar e a desnutrição (com as suas consequências na saúde e no desenvolvimento cognitivo).
Os vírus maus ”que vêm de fora”!
Curiosamente, na área da prevenção do VIH, as crenças negativas e a discriminação no seio da população mexicana, está por vezes associada ao migrante que regressa depois de um período no estrangeiro (Estado Unidos).
Numa comunicação chamada ”O vírus que veio do Norte” revi uma realidade que já tinha percebido em Angola onde o VIH, diz a ”crença”, também veio de fora, desta feita do Congo.
Este atribuição ao ”out-group” de características negativas e perigosas tem o efeito de securizar o ”in-group” contra o perigo.
Estamos a adivinhar o perigo deste teorização da Psicologia Social, quando se trata da prevenção do VIH…
Pluridisciplinaridade
Num pais fortemente dominado pela Psicanálise, vejo aqui um claro apelo ao alargamento de grelhas de análise e estabelecimento de diálogo com uma perspectiva sócio-cognitiva, humanista, inter-pessoal e cognitivo-comportamental. Há ainda um forte apelo à formação, investigação e avaliação. Finalmente, melhor ainda, na Argentina a saúde mental foi eleita como ”O” conceito abrangente englobando diversas especialidades enquanto ”pares”.
Hospital Dr Cosme Argerich
O Hospital Dr Cosme Argerich, em Buenos Aires, é um Hospital de Agudos que tem um serviço integrado de atendimento ao adolescente, pioneiro na Argentina. O serviço teve já um prémio de boas práticas/qualidade e é considerado um modelo na área da saúde integrada do adolescente.
O Dr. Enrique Berner, pediatra e chefe do serviço tem um modelo de como operacionalizar um ”serviço de saúde amigo dos adolescentes". Este modelo (digo eu) facilmente poderia ser utilizado noutros países e mesmo noutros cenários (p. e. ”escolas amigas dos adolescentes", “clubes desportivos amigos dos adolescentes", “apoio jurídico amigo dos adolescentes").
Há um link feito especialmente para adolescentes ("Crescer juntos")[1] elaborado por esta equipa. Há uma consulta específica para perturbações do comportamento alimentar, uma consulta de ginecologia infanto-juvenil, uma consulta de pediatria/medicina do adolescente, uma consulta de psicologia. Os profissionais vão enviando os jovens para consultas mais específicas em função da problemática. Têm, aqui também, uma grande dificuldade no trabalho com os pais, porque não vêm ao hospital ou, pelo contrário, porque são demasiado intrusivos na vida dos filhos (abusos incluídos!). Tenta-se neste serviço uma animação de ”sala de espera": os técnicos que fazem a animação de sala de espera (no corredor do hospital, idealmente todos os dias e enquanto decorrem as consultas) têm uma formação no próprio serviço e são orientados nas sessões por uma ginecologista aposentada, agora voluntária no hospital. Durante as sessões debatem-se temas de saúde com os jovens e suas famílias, enquanto se espera a consulta e dá-se informação sobre saúde sexual. Na Argentina, a Ginecologia Infanto-Juvenil é uma especialidade na Medicina.
Na Argentina, a saúde sexual e reprodutiva é um direito dos jovens que não necessitam da autorização da família para obter consulta ou acesso a contraceptivos. A gravidez não planeada em adolescentes é frequente e, muita das vezes, resultado de abuso sexual intra-familiar. As consequências são conhecidas, as mais graves serão provavelmente o cancelamento de um projecto de vida, a perturbação psico-socio-emocional e a continuidade da pobreza e da fraca escolaridade. Achei admirável como neste serviço a prevenção da gravidez não desejada e a prevenção de uma segunda gravidez não desejada são consideradas uma prioridade na saúde sexual das jovens consultantes, sem hipocrisias ou duplos-moralismos despropositados.
O tema ”pílula do dia seguinte" sempre considerado um ”último recurso" é aqui claramente apresentado. Acompanhei ainda o trabalho relacionado com questões médico-jurídicas na violência doméstica, abuso físico e sexual. A equipa já trabalha em conjunto há muitos anos, com excepção dos ”residentes" e da psicóloga e reune diariamente à volta de casos ou para sessões de debate ou formação. Numa outra sessão de formação, a equipa solicitou os serviços de uma equipa de ”coach ontologia" e iniciou uma formação vivencial para potenciar a comunicação e a colaboração entre os vários elementos, analisando as entropias e procurando soluções criativas. Não sei qual será a eficácia, mas foi muito divertido e com apelos sérios à reflexão.
XV Congresso Argentino de Ginecologia Infanto Juvenil, com o sugestivo tema: ”... y manana serán mujeres".
Fui a convite da Dra Sandra Vazquez ao XV Congresso Argentino de Ginecologia Infanto Juvenil, com o sugestivo tema ”... y manana serán mujeres". A Dra Inés Martinez apresentou a conferência ”Tienen los adolescentes acceso a los programas de salud sexual?". Uma vez mais apareceram as questões de igualdade de género, de igualdade de acesso aos serviços de saúde, de igualdade no acesso à educação e da dificuldade, por parte dos técnicos de saúde e de educação, para a implementação e manutenção de programas sustentados de saúde sem apoio político. Dos dados apresentados surge uma vez mais a frequência da gravidez não planeada em jovens, o abuso sexual e a combinação ”sexo desprotegido-abuso de álcool".
O abuso sexual Infanto-juvenil é, por aqui, uma realidade com tal peso que justificou um protocolo da Direcção Nacional de Salud Materno Infantil para técnicos de saúde. A Sociedade Argentina de Ginecologia Infanto-Juvenil tem um curso à distância (on-line) para formação específica nesta área (ver endereço na faixa lateral do blogue em SAGIJ)
Fui a convite da Dra Sandra Vazquez ao XV Congresso Argentino de Ginecologia Infanto Juvenil, com o sugestivo tema ”... y manana serán mujeres". A Dra Inés Martinez apresentou a conferência ”Tienen los adolescentes acceso a los programas de salud sexual?". Uma vez mais apareceram as questões de igualdade de género, de igualdade de acesso aos serviços de saúde, de igualdade no acesso à educação e da dificuldade, por parte dos técnicos de saúde e de educação, para a implementação e manutenção de programas sustentados de saúde sem apoio político. Dos dados apresentados surge uma vez mais a frequência da gravidez não planeada em jovens, o abuso sexual e a combinação ”sexo desprotegido-abuso de álcool".
O abuso sexual Infanto-juvenil é, por aqui, uma realidade com tal peso que justificou um protocolo da Direcção Nacional de Salud Materno Infantil para técnicos de saúde. A Sociedade Argentina de Ginecologia Infanto-Juvenil tem um curso à distância (on-line) para formação específica nesta área (ver endereço na faixa lateral do blogue em SAGIJ)
Escola de Medicina del Comahue – El Bolson
"Capacitação" para professores em El Bolson com a equipa da Drª.Mónica Borile. Mais de 200 professores e muito interesse por parte da comunicação social.
Fizemos juntos uma reflexão sobre os problemas mais prementes na juventude daqui: a gravidez não desejada, o abuso de álcool, a desesperança, a falta de comunicação inter-geracional, os pais e a sua falta de monitorização e estruturação da vida dos filhos, o abuso físico e sexual na família, a violência entre-pares, o suicídio…Falou-se de adolescentes e de crianças ”sós”, isto é acompanhadas de pais ”castigadores, autoritários, super protectores, invasivos, negligentes, passivos, ausentes ou abusadores". Reflectiu-se sobre a promoção da comunicação e convívio inter-geracional com afecto e sobre a definição de regras e de papeis, respeito e consideração mútuos e sobre o trabalho com pais sem ”competição” nem confusão de papéis…
Estes futuros ”orientadores sexuais” já com uma formação e conceptualização bastante complexa, reflectiram sobre ”afinal de que se fala quando se fala de sexo”?: amor, procriação, recreação, exploração? Este assunto é complexo, sobretudo se pensarmos que um dos problemas aqui emergente é justamente o abuso sexual de menores (por familiares), a gravidez na adolescência e o consumo de álcool (70% das primeiras relações sexuais ocorreram após abuso de álcool)
Discutiu-se a dificuldade sentida pelos formadores na abordagem de temas relacionados com a sexualidade: falar dos órgãos reprodutores, da prevenção de HIV, de contracepção da gravidez na adolescência parece bem mais simples do que falar de prazer, de IVG e de abuso sexual. Falou-se do ”olhar (adulto) que mancha” e sua influência na reputação, expectativas de futuro e qualidade de vida dos adolescentes que de algum modo apresentam (temporariamente) comportamentos ”marginais”. Em meios pequenos estes comportamentos são facilmente identificáveis e dificilmente esquecidos.
Os adolescentes queixam-se dos adultos e dos seus ”boatos”, dos adultos que ”não lhes dão crédito" e por outro lado dos adultos que ”querem ser como eles". Propôs-se uma abordagem centrada por um lado no apoio aos projectos dos jovens e por outro lado na mudança da atitude dos adultos.
Aqui, (como talvez por todo o lado!) empenho, inovação e qualidade raramente são apoiados pelo poder político, traduzindo-se em dificuldades escusadas e adicionais no trabalho e prejuízo para os jovens e suas famílias….
Falei-lhes ainda dos ”Cables a Tierra”, este grupo que esteve connosco em El Bolson - 2 estudantes de medicina e uma de psicologia, estudantes com uma enorme energia, competência, empenho (e sucesso) no contacto com alunos, tanto em grandes grupos em sessões de sensibilização, como em pequenos grupos, na formação de novos ”Cables”. (“Cable a tierra” - liga-te à terra para crescer melhor!)
"Capacitação" para professores em El Bolson com a equipa da Drª.Mónica Borile. Mais de 200 professores e muito interesse por parte da comunicação social.
Fizemos juntos uma reflexão sobre os problemas mais prementes na juventude daqui: a gravidez não desejada, o abuso de álcool, a desesperança, a falta de comunicação inter-geracional, os pais e a sua falta de monitorização e estruturação da vida dos filhos, o abuso físico e sexual na família, a violência entre-pares, o suicídio…Falou-se de adolescentes e de crianças ”sós”, isto é acompanhadas de pais ”castigadores, autoritários, super protectores, invasivos, negligentes, passivos, ausentes ou abusadores". Reflectiu-se sobre a promoção da comunicação e convívio inter-geracional com afecto e sobre a definição de regras e de papeis, respeito e consideração mútuos e sobre o trabalho com pais sem ”competição” nem confusão de papéis…
Estes futuros ”orientadores sexuais” já com uma formação e conceptualização bastante complexa, reflectiram sobre ”afinal de que se fala quando se fala de sexo”?: amor, procriação, recreação, exploração? Este assunto é complexo, sobretudo se pensarmos que um dos problemas aqui emergente é justamente o abuso sexual de menores (por familiares), a gravidez na adolescência e o consumo de álcool (70% das primeiras relações sexuais ocorreram após abuso de álcool)
Discutiu-se a dificuldade sentida pelos formadores na abordagem de temas relacionados com a sexualidade: falar dos órgãos reprodutores, da prevenção de HIV, de contracepção da gravidez na adolescência parece bem mais simples do que falar de prazer, de IVG e de abuso sexual. Falou-se do ”olhar (adulto) que mancha” e sua influência na reputação, expectativas de futuro e qualidade de vida dos adolescentes que de algum modo apresentam (temporariamente) comportamentos ”marginais”. Em meios pequenos estes comportamentos são facilmente identificáveis e dificilmente esquecidos.
Os adolescentes queixam-se dos adultos e dos seus ”boatos”, dos adultos que ”não lhes dão crédito" e por outro lado dos adultos que ”querem ser como eles". Propôs-se uma abordagem centrada por um lado no apoio aos projectos dos jovens e por outro lado na mudança da atitude dos adultos.
Aqui, (como talvez por todo o lado!) empenho, inovação e qualidade raramente são apoiados pelo poder político, traduzindo-se em dificuldades escusadas e adicionais no trabalho e prejuízo para os jovens e suas famílias….
Falei-lhes ainda dos ”Cables a Tierra”, este grupo que esteve connosco em El Bolson - 2 estudantes de medicina e uma de psicologia, estudantes com uma enorme energia, competência, empenho (e sucesso) no contacto com alunos, tanto em grandes grupos em sessões de sensibilização, como em pequenos grupos, na formação de novos ”Cables”. (“Cable a tierra” - liga-te à terra para crescer melhor!)
Intervenciones en la primera infancia
Letícia Lopez especialista em relações familiares escreve no livro ”Intervenciones en la primera infância”, sobre a tradução neurobiológica da privação.
A intervenção precoce (não confundir com estimulação precoce) é uma área que integra um grande conhecimento bio-psico-social e necessita de um vasto conhecimento e experiência da Psicologia do bebé, das relações familiares e da interacção mãe-bebé.
A editora, Marcela Pereira, escreve um capítulo interessantíssimo sobre intervenções com mães e crianças com menos de 3 anos.
Fico sempre agradavelmente surpreendida aqui na América Latina: mesmo os investigadores mais vocacionados para a clínica não descuram os contextos sócio-culturais, a importância da História, da Cultura e da Política.
Preconiza-se, para a intervenção precoce, o trabalho através da família, devendo a mãe ser ajudada a observar e interagir com a criança (e não ser substituída pelo técnico nesta interacção).
Nestes primeiros anos, onde se fala de bebés com vinculação (mais ou menos) segura, os pais são o principal interlocutor/actor do seu bebé. O técnico de saúde ou de educação está ali para ajudar.
Letícia Lopez especialista em relações familiares escreve no livro ”Intervenciones en la primera infância”, sobre a tradução neurobiológica da privação.
A intervenção precoce (não confundir com estimulação precoce) é uma área que integra um grande conhecimento bio-psico-social e necessita de um vasto conhecimento e experiência da Psicologia do bebé, das relações familiares e da interacção mãe-bebé.
A editora, Marcela Pereira, escreve um capítulo interessantíssimo sobre intervenções com mães e crianças com menos de 3 anos.
Fico sempre agradavelmente surpreendida aqui na América Latina: mesmo os investigadores mais vocacionados para a clínica não descuram os contextos sócio-culturais, a importância da História, da Cultura e da Política.
Preconiza-se, para a intervenção precoce, o trabalho através da família, devendo a mãe ser ajudada a observar e interagir com a criança (e não ser substituída pelo técnico nesta interacção).
Nestes primeiros anos, onde se fala de bebés com vinculação (mais ou menos) segura, os pais são o principal interlocutor/actor do seu bebé. O técnico de saúde ou de educação está ali para ajudar.
Ministério da Educação e projecto de promoção da saúde em Norquinco
Norquinco é uma escola no fim de tudo, integrada num projecto de intervenção prioritária do Ministério da Educação que tem uma residência para jovens.
Para lá chegar, terra de gravilha durante 2 horas, ventos patagónios a empurrar o carro e as pessoas.
Na escola estava combinada uma sessão com os professores onde falei de ”Risco e protecção na infância e na adolescência" e os ”Cables” fizeram uma sessão com os alunos para recrutar um grupo de futuros pares, para formar e supervisionar no trabalho de promoção da saúde dos colegas.
Da sessão com os professores fica claro que o principal problema daqueles miúdos(as) é a desesperança e falta de expectativas para o futuro.
O grupo dos professores, uma vintena, incluía um grupo de cépticos, um grupo de alheados e um pequeno grupo ”negativista/perverso” a tentar deitar tudo abaixo (a começar pela formação que haviam pedido) e claro, um grupo empenhadíssimo quase desesperado com estas barreiras.
É mais fácil trabalhar com os alunos: os professores incluem quase sempre entre eles, um grupo de vistas negativo ou imóvel, que bloqueia ou deprime os seus próprios colegas e dificulta o trabalho com os alunos...
Com os alunos a coisa correu bem, os maiores problemas identificados são a falta de crédito os adultos lhes conferem, os adultos que os tentam imitar (e que perdem o crédito?) os boatos que se geram na população e entre adultos na escola, que lhes arruínam a reputação e o futuro…
Na residência vivem 19 crianças. As crianças vivem durante a semana nas escolas, porque a região é grande, as estradas más e as famílias habitam longe. O mais novito, Sebastian, tinha feito 7 anos há dias e estava contente porque ia ver os pais no fim-de-semana.
Norquinco é uma escola no fim de tudo, integrada num projecto de intervenção prioritária do Ministério da Educação que tem uma residência para jovens.
Para lá chegar, terra de gravilha durante 2 horas, ventos patagónios a empurrar o carro e as pessoas.
Na escola estava combinada uma sessão com os professores onde falei de ”Risco e protecção na infância e na adolescência" e os ”Cables” fizeram uma sessão com os alunos para recrutar um grupo de futuros pares, para formar e supervisionar no trabalho de promoção da saúde dos colegas.
Da sessão com os professores fica claro que o principal problema daqueles miúdos(as) é a desesperança e falta de expectativas para o futuro.
O grupo dos professores, uma vintena, incluía um grupo de cépticos, um grupo de alheados e um pequeno grupo ”negativista/perverso” a tentar deitar tudo abaixo (a começar pela formação que haviam pedido) e claro, um grupo empenhadíssimo quase desesperado com estas barreiras.
É mais fácil trabalhar com os alunos: os professores incluem quase sempre entre eles, um grupo de vistas negativo ou imóvel, que bloqueia ou deprime os seus próprios colegas e dificulta o trabalho com os alunos...
Com os alunos a coisa correu bem, os maiores problemas identificados são a falta de crédito os adultos lhes conferem, os adultos que os tentam imitar (e que perdem o crédito?) os boatos que se geram na população e entre adultos na escola, que lhes arruínam a reputação e o futuro…
Na residência vivem 19 crianças. As crianças vivem durante a semana nas escolas, porque a região é grande, as estradas más e as famílias habitam longe. O mais novito, Sebastian, tinha feito 7 anos há dias e estava contente porque ia ver os pais no fim-de-semana.
O Curso de Pós-Graduação da Escola de Medicina da Universidade Nacional de Comahue – Cipolletti
A Mónica Borile é uma referência na Abordagem Integral da Saúde do Adolescente, na América Latina.
Muitas das Pediatras da Adolescência que fui encontrando aqui na América Latina, passaram-lhe pelas mãos quer dizer, frequentaram os seus cursos de ”capacitação", e seguem-lhe o modelo de abordagem integral à saúde do adolescente.
O Curso de Pós-Graduação da Escola de Medicina da Universidade Nacional de Comahue (um ano) é frequentado por centenas de médicos, psicólogos, obsetrícias (parteiras), trabalhadores sociais e professores de toda a Argentina e de vários países da América do Sul.
Aliás, só não tem mais alunos porque privilegia um ensino personalizado e porque os custos das deslocações são sempre elevados para os alunos, apesar de parte desta Pós-Graduação se passar on-line e de a inscrição ser de apenas 600 dólares.
Há ainda o (enorme) grupo dos alunos do 1º e 2º anos de Medicina que fazem o seu crédito prático em Promoção da Saúde e que, depois da formação, fazem sessões regulares nas escolas para alunos, professores e pais. Estes estudantes de medicina formam também alunos do ensino primário e secundário, que assim passam a actuar nas escolas ”entre-pares", com supervisão. Segundo estes alunos, muitos deles caloiros, o maior benefício é para si próprio, pela formação e apoio que recebem, pelo apoio que dão uns aos outros, pelo entusiasmo com que são recebidos pelos alunos mais novos e pelo modo como se sentem úteis.
"Cable a Tierra" chamou Mónica a estes jovens, inspirada numa canção conhecida por aqui. ”Cable a tierra" são então jovens, um pouco mais velhos, que servem de figura de referência, apoiando os mais novos na busca de ”uma âncora", um ”cable a tierra"!
A Mónica Borile é uma referência na Abordagem Integral da Saúde do Adolescente, na América Latina.
Muitas das Pediatras da Adolescência que fui encontrando aqui na América Latina, passaram-lhe pelas mãos quer dizer, frequentaram os seus cursos de ”capacitação", e seguem-lhe o modelo de abordagem integral à saúde do adolescente.
O Curso de Pós-Graduação da Escola de Medicina da Universidade Nacional de Comahue (um ano) é frequentado por centenas de médicos, psicólogos, obsetrícias (parteiras), trabalhadores sociais e professores de toda a Argentina e de vários países da América do Sul.
Aliás, só não tem mais alunos porque privilegia um ensino personalizado e porque os custos das deslocações são sempre elevados para os alunos, apesar de parte desta Pós-Graduação se passar on-line e de a inscrição ser de apenas 600 dólares.
Há ainda o (enorme) grupo dos alunos do 1º e 2º anos de Medicina que fazem o seu crédito prático em Promoção da Saúde e que, depois da formação, fazem sessões regulares nas escolas para alunos, professores e pais. Estes estudantes de medicina formam também alunos do ensino primário e secundário, que assim passam a actuar nas escolas ”entre-pares", com supervisão. Segundo estes alunos, muitos deles caloiros, o maior benefício é para si próprio, pela formação e apoio que recebem, pelo apoio que dão uns aos outros, pelo entusiasmo com que são recebidos pelos alunos mais novos e pelo modo como se sentem úteis.
"Cable a Tierra" chamou Mónica a estes jovens, inspirada numa canção conhecida por aqui. ”Cable a tierra" são então jovens, um pouco mais velhos, que servem de figura de referência, apoiando os mais novos na busca de ”uma âncora", um ”cable a tierra"!
“XIX Congreso Latinoamericano de Obstetricia y Ginecología- Mendoza
Um Simpósio foi sobre” La Salud Reprodutiva en la Adolescencia”
O Simpósio foi interessante com 3 apresentações ”direitas ao assunto”: contracepção na adolescência (José Alcione, Brasil), o aborto na adolescência (Jorge Pelaez, Cuba) e o HPV (Ruth Graciela, Panamá).
Este simpósio teve um formato curioso, o debate público foi substituído pelo comentário de especialistas convidados, de elevado mérito tiveram 5 minutos cada um para comentários às apresentações. Foi com entusiasmo que vi como em 5 minutos se pode dizer o essencial (para recordar o ”massacre” de algumas reuniões de trabalho intermináveis onde se passam horas a patinar no gelo e de onde saímos tal como entrámos, apenas um pouco mais irritados!).
Assim o Dr. Ramiro Molina da CEMERA (que visitei em Santiago do Chile) e actual Presidente da FIGIJ (Federação Internacional de Ginecologia Infanto-Juvenil) e o Dr. Enrique Pons (Uruguai).
Dos comentários sublinho:
(1) a necessidade de estudos internacionais para conhecimento do perfil dos(as) adolescentes nos problemas, mas também no dia-a-dia, conhecimento da sua percepção de saúde, de bem-estar, de qualidade de vida.
(2) a necessidade de uma educação sexual atempada: em geral a adolescente apenas recorre aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, após a primeira relação sexual, expondo-se assim a riscos escusados
(3) a necessidade de inclusão urgente dos jovens pais nas intervenções na área da gravidez na adolescência (pais ”grávidos”)
(4) a discrepância entre os países da América Latina em matéria de legislação na área do aborto
(5) a falta de eficácia, mesmo das medidas autorizadas pelas leis dos países em matéria de Interrupção Voluntária de Gravidez, que ocorre por questões logísticas ou de recursos humanos
(6) a vacina HPV não deve ocasionar a eliminação dos habituais testes de rastreio
(7)a necessidade de evitar que o HPV seja o novo vírus do ”controlo” da sexualidade.
CHILE
Hospital Roberto de lo Rio- Santiago do Chile
O Serviço de Saúde Infanto-Juvenil do Hospital Roberto de lo Rio, em Santiago, é o único Hospital com internamento de pedo-psiquiatria do Pais. Tem 17 camas para internamento e segue crianças até aos 17 anos e 11 meses. Os internamentos são de curta e média duração. As crianças têm apoio de uma equipa pluridisciplinar (pediatra, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro) e têm apoio de voluntárias do Hospital para os tempos livres.
Fica sempre a tristeza de ver tanta dor psicossocial, uma dor que adoece a mente (aparentemente) para que o corpo não sofra tanto. Quando se trata de crianças é confrangedor ver tão pouca idade associada a tanto sofrimento. Sim, porque aqui como em Portugal, uma boa parte dos casos têm a ver justamente com situações psicossociais de infortúnio. O exemplo mais flagrante são, claro, os casos de negligência e maus tratos, abusos físicos e sexuais nas famílias ou com a cumplicidade das famílias. Uma vez mais, durante a discussão, surgiu, entre outros temas, a questão dos direitos da criança (até chamada tecnicamente ”Menor", e o seu Tribunal chamado tecnicamente ”Tribunal de Família").
Mas que direitos têm a criança quando a família é o principal agente abusador? se se lhe retira a família, que alternativas lhe restam? e que miséria humana leva os progenitores a aniquilar a sua descendência ou a usá-la para benefícios económicos ou sociais. Preferimos acreditar que a família já não sofre apenas porque já ”nem tem por onde sofrer", mas uma vez mais é a criança que fica esfacelada física e psicologicamente, e sem horizontes de remediação, quanto mais de um desenvolvimento pessoal e social.
Um Simpósio foi sobre” La Salud Reprodutiva en la Adolescencia”
O Simpósio foi interessante com 3 apresentações ”direitas ao assunto”: contracepção na adolescência (José Alcione, Brasil), o aborto na adolescência (Jorge Pelaez, Cuba) e o HPV (Ruth Graciela, Panamá).
Este simpósio teve um formato curioso, o debate público foi substituído pelo comentário de especialistas convidados, de elevado mérito tiveram 5 minutos cada um para comentários às apresentações. Foi com entusiasmo que vi como em 5 minutos se pode dizer o essencial (para recordar o ”massacre” de algumas reuniões de trabalho intermináveis onde se passam horas a patinar no gelo e de onde saímos tal como entrámos, apenas um pouco mais irritados!).
Assim o Dr. Ramiro Molina da CEMERA (que visitei em Santiago do Chile) e actual Presidente da FIGIJ (Federação Internacional de Ginecologia Infanto-Juvenil) e o Dr. Enrique Pons (Uruguai).
Dos comentários sublinho:
(1) a necessidade de estudos internacionais para conhecimento do perfil dos(as) adolescentes nos problemas, mas também no dia-a-dia, conhecimento da sua percepção de saúde, de bem-estar, de qualidade de vida.
(2) a necessidade de uma educação sexual atempada: em geral a adolescente apenas recorre aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, após a primeira relação sexual, expondo-se assim a riscos escusados
(3) a necessidade de inclusão urgente dos jovens pais nas intervenções na área da gravidez na adolescência (pais ”grávidos”)
(4) a discrepância entre os países da América Latina em matéria de legislação na área do aborto
(5) a falta de eficácia, mesmo das medidas autorizadas pelas leis dos países em matéria de Interrupção Voluntária de Gravidez, que ocorre por questões logísticas ou de recursos humanos
(6) a vacina HPV não deve ocasionar a eliminação dos habituais testes de rastreio
(7)a necessidade de evitar que o HPV seja o novo vírus do ”controlo” da sexualidade.
CHILE
Hospital Roberto de lo Rio- Santiago do Chile
O Serviço de Saúde Infanto-Juvenil do Hospital Roberto de lo Rio, em Santiago, é o único Hospital com internamento de pedo-psiquiatria do Pais. Tem 17 camas para internamento e segue crianças até aos 17 anos e 11 meses. Os internamentos são de curta e média duração. As crianças têm apoio de uma equipa pluridisciplinar (pediatra, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro) e têm apoio de voluntárias do Hospital para os tempos livres.
Fica sempre a tristeza de ver tanta dor psicossocial, uma dor que adoece a mente (aparentemente) para que o corpo não sofra tanto. Quando se trata de crianças é confrangedor ver tão pouca idade associada a tanto sofrimento. Sim, porque aqui como em Portugal, uma boa parte dos casos têm a ver justamente com situações psicossociais de infortúnio. O exemplo mais flagrante são, claro, os casos de negligência e maus tratos, abusos físicos e sexuais nas famílias ou com a cumplicidade das famílias. Uma vez mais, durante a discussão, surgiu, entre outros temas, a questão dos direitos da criança (até chamada tecnicamente ”Menor", e o seu Tribunal chamado tecnicamente ”Tribunal de Família").
Mas que direitos têm a criança quando a família é o principal agente abusador? se se lhe retira a família, que alternativas lhe restam? e que miséria humana leva os progenitores a aniquilar a sua descendência ou a usá-la para benefícios económicos ou sociais. Preferimos acreditar que a família já não sofre apenas porque já ”nem tem por onde sofrer", mas uma vez mais é a criança que fica esfacelada física e psicologicamente, e sem horizontes de remediação, quanto mais de um desenvolvimento pessoal e social.
CEMERA
Prof. Electra Gonzalez, da CEMERA, Hospital Roberto del Rio, trabalha na área da saúde sexual e reprodutiva e uma das suas investigações sobre diferenças de género, foi recentemente publicada pela Revista Médica do Chile.
Foi muito interessante a semelhança de experiências, problemas, reflexões e soluções, incluindo a Educação para a Saúde e Sexualidade, nomeadamente em meio escolar...
Pelo Chile, os mesmo problemas: o conservadorismo de alguns pais e encarregados de educação (muito assustados e com os tais receios infundados de que a educação sexual antecipe a idade do começo das relações sexuais dos seus filhos, p. e. ); a dificuldade de estruturação de políticas de continuidade com os professores; a necessidade da formação de professores (essa sei que está a continuar em Portugal); a dificuldade de políticas coerentes e sustentadas; a dificuldade de articulação dos timings políticos com os timings educativos, os da saúde, os científicos…
Está mais que visto, o que é necessário não são mais recursos, são usos mais racionais e atempados dos recursos e das motivações… Uma velha história que tarda a concretizar-se de modo consistente e sustentado, para desgaste da opinião pública, dos técnicos, dos pais, e sobretudo em prejuízo dos jovens e da sua saúde.
Aqui, como em Portugal…um grande ponto de interrogação no que diz respeito a causas e dinâmicas subjacentes a estas procrastinações e lentidões processual, associada a uma clara evidência quanto às consequências negativas para a saúde…
Prof. Electra Gonzalez, da CEMERA, Hospital Roberto del Rio, trabalha na área da saúde sexual e reprodutiva e uma das suas investigações sobre diferenças de género, foi recentemente publicada pela Revista Médica do Chile.
Foi muito interessante a semelhança de experiências, problemas, reflexões e soluções, incluindo a Educação para a Saúde e Sexualidade, nomeadamente em meio escolar...
Pelo Chile, os mesmo problemas: o conservadorismo de alguns pais e encarregados de educação (muito assustados e com os tais receios infundados de que a educação sexual antecipe a idade do começo das relações sexuais dos seus filhos, p. e. ); a dificuldade de estruturação de políticas de continuidade com os professores; a necessidade da formação de professores (essa sei que está a continuar em Portugal); a dificuldade de políticas coerentes e sustentadas; a dificuldade de articulação dos timings políticos com os timings educativos, os da saúde, os científicos…
Está mais que visto, o que é necessário não são mais recursos, são usos mais racionais e atempados dos recursos e das motivações… Uma velha história que tarda a concretizar-se de modo consistente e sustentado, para desgaste da opinião pública, dos técnicos, dos pais, e sobretudo em prejuízo dos jovens e da sua saúde.
Aqui, como em Portugal…um grande ponto de interrogação no que diz respeito a causas e dinâmicas subjacentes a estas procrastinações e lentidões processual, associada a uma clara evidência quanto às consequências negativas para a saúde…
Sociedade Chilena de Ginecologia - Santiago do Chile
Fui convidada para apresentar uma conferência sobre educação sexual e saúde sexual e reprodutiva. Na audiência, várias pediatras, endocrinologistas-pediátricas, ginecologistas, psicólogas. (Aqui todas mulheres mas, explicaram-me, não é característica da medicina de aqui, mas destas especialidades…)
Foi uma conversa bem agradável que durou quase duas horas em vez da ”encomenda” de 30 minutos. Várias coordenadoras de Centros de Saúde Integrada do(a) adolescente: Clínica Alemã, Hospital Roberto del Rio, Hospital Luís Calvo Mackenna, uma endocrinologista cuja actividade clínica e de investigação a levou às adolescentes.
Falei também um pouco do trabalho do GTES e da política de Educação para a Saúde em Portugal, do projecto dos Espaços de Apoio e Orientação aos Alunos na Escola, do Despacho da SEE sobre a Educação para a Saúde em Julho 2008, apresentado durante o Encontro Nacional de Professores, da segunda avaliação nacional, prevista para Janeiro 2009 com base em inquéritos aos Conselhos Executivos; da avaliação nacional, com base nas opiniões dos alunos prevista para Outubro 2009.
Fui convidada para apresentar uma conferência sobre educação sexual e saúde sexual e reprodutiva. Na audiência, várias pediatras, endocrinologistas-pediátricas, ginecologistas, psicólogas. (Aqui todas mulheres mas, explicaram-me, não é característica da medicina de aqui, mas destas especialidades…)
Foi uma conversa bem agradável que durou quase duas horas em vez da ”encomenda” de 30 minutos. Várias coordenadoras de Centros de Saúde Integrada do(a) adolescente: Clínica Alemã, Hospital Roberto del Rio, Hospital Luís Calvo Mackenna, uma endocrinologista cuja actividade clínica e de investigação a levou às adolescentes.
Falei também um pouco do trabalho do GTES e da política de Educação para a Saúde em Portugal, do projecto dos Espaços de Apoio e Orientação aos Alunos na Escola, do Despacho da SEE sobre a Educação para a Saúde em Julho 2008, apresentado durante o Encontro Nacional de Professores, da segunda avaliação nacional, prevista para Janeiro 2009 com base em inquéritos aos Conselhos Executivos; da avaliação nacional, com base nas opiniões dos alunos prevista para Outubro 2009.
Universidade ARCIS e a formação de psicólogos
A Universidade ARCIS é uma Universidade com um modelo e uma história interessantes. Vários académicos refugiados políticos em outros países durante a ditadura foram regressando ao Chile mas sem posto de trabalho. Fundaram então a ARCIS (Universidade de Artes e Ciências Sociais, claramente uma Universidade de vanguarda, uma elite intelectual associada à Esquerda Chilena).
Deste historial podemos imaginar a conversa interessante que tivemos sobre ”ideologias", sobre o que é ser de ”direita” e de ”esquerda” no Chile (e em Portugal) na modernidade e, já que quase todos éramos psicólogos, sobre o que é ser Psicodinâmico/Psicanalista, ou Sócio-Cognitivo ou Cognitivo-Comportamental, na Psicologia Moderna e, claro, qual o papel do psicólogo na compreensão e na acção para a mudança social.
Aqui a Faculdade de Psicologia tem uma forte componente na intervenção comunitária e em politicas sociais, com uma licenciatura em Psicologia, um Mestrado em Psicologia com menção em Análise Institucional e de Grupos e ainda um Doutoramento em Processos Sociais e Políticos na América Latina.
O edifício da Universidade, que também acolhe cursos de literatura e artes, tem uma arquitectura muito bonita e vanguardista em consonância com este ambiente de grande inquietude e reflexão sobre o papel social da Universidade, e sobre o papel da Psicologia e das Artes na cidadania e na mudança social.
Na Europa temos Bolonha e um montão de alegadas vantagens desse modelo. A ARCIS deu-me uma verdadeira nostalgia dos meus tempos de universidade, em que a inquietação e o gosto pela discussão centrada na vida, na ciência e na sociedade, fazia tanto sentido. Agora é fácil sentirmo-nos perdidos no meio da contagem e dos somatório dos ”impact factors” necessários para as sinuosas subidas nas carreiras académicas (e eu posso falar à vontade, no que diz respeito a publicações, ao contrário de alguns ”opositores" cujo verdadeiro argumento se deve apenas à sua falta de publicações... )
Durante a minha visita, falei com dois jovens docentes que pelos vistos ainda estão a concluir o seu doutoramento. Eu, se tivera que avaliar a complexidade do seu discurso, a qualidade da sua argumentação e dos seus conhecimentos sobre as dinâmicas sociais do seu país, os seus conhecimento técnico-científicos sobre o racional das intervenções psicossociais que propõem, a sua contribuição internacional em redes de estudo na área da Psicologia, teria acreditado que ambos seriam no mínimo doutores, com uma carreira dedicada à reflexão.
Eu conheço bem os argumentos ”de Bolonha", mas fiquei a pensar! Em que altura teremos que parar para pensar aqui pela Europa?
A formação de estudantes que estamos a fazer, ensina a pensar? a reflectir sobre dinâmicas complexas e a resolver problemas originais? ou queremos ensinar aos estudantes soluções ”básicas" e ”pronto-a-vestir" para um número finito de problemas já pré-estabelecido? e então a inovação e a renovação?
E um Professor Universitário, é suposto ser ”o melhor aluno” da sua disciplina? Ou é alguém que construiu um saber original sobre ela?
A Universidade ARCIS é uma Universidade com um modelo e uma história interessantes. Vários académicos refugiados políticos em outros países durante a ditadura foram regressando ao Chile mas sem posto de trabalho. Fundaram então a ARCIS (Universidade de Artes e Ciências Sociais, claramente uma Universidade de vanguarda, uma elite intelectual associada à Esquerda Chilena).
Deste historial podemos imaginar a conversa interessante que tivemos sobre ”ideologias", sobre o que é ser de ”direita” e de ”esquerda” no Chile (e em Portugal) na modernidade e, já que quase todos éramos psicólogos, sobre o que é ser Psicodinâmico/Psicanalista, ou Sócio-Cognitivo ou Cognitivo-Comportamental, na Psicologia Moderna e, claro, qual o papel do psicólogo na compreensão e na acção para a mudança social.
Aqui a Faculdade de Psicologia tem uma forte componente na intervenção comunitária e em politicas sociais, com uma licenciatura em Psicologia, um Mestrado em Psicologia com menção em Análise Institucional e de Grupos e ainda um Doutoramento em Processos Sociais e Políticos na América Latina.
O edifício da Universidade, que também acolhe cursos de literatura e artes, tem uma arquitectura muito bonita e vanguardista em consonância com este ambiente de grande inquietude e reflexão sobre o papel social da Universidade, e sobre o papel da Psicologia e das Artes na cidadania e na mudança social.
Na Europa temos Bolonha e um montão de alegadas vantagens desse modelo. A ARCIS deu-me uma verdadeira nostalgia dos meus tempos de universidade, em que a inquietação e o gosto pela discussão centrada na vida, na ciência e na sociedade, fazia tanto sentido. Agora é fácil sentirmo-nos perdidos no meio da contagem e dos somatório dos ”impact factors” necessários para as sinuosas subidas nas carreiras académicas (e eu posso falar à vontade, no que diz respeito a publicações, ao contrário de alguns ”opositores" cujo verdadeiro argumento se deve apenas à sua falta de publicações... )
Durante a minha visita, falei com dois jovens docentes que pelos vistos ainda estão a concluir o seu doutoramento. Eu, se tivera que avaliar a complexidade do seu discurso, a qualidade da sua argumentação e dos seus conhecimentos sobre as dinâmicas sociais do seu país, os seus conhecimento técnico-científicos sobre o racional das intervenções psicossociais que propõem, a sua contribuição internacional em redes de estudo na área da Psicologia, teria acreditado que ambos seriam no mínimo doutores, com uma carreira dedicada à reflexão.
Eu conheço bem os argumentos ”de Bolonha", mas fiquei a pensar! Em que altura teremos que parar para pensar aqui pela Europa?
A formação de estudantes que estamos a fazer, ensina a pensar? a reflectir sobre dinâmicas complexas e a resolver problemas originais? ou queremos ensinar aos estudantes soluções ”básicas" e ”pronto-a-vestir" para um número finito de problemas já pré-estabelecido? e então a inovação e a renovação?
E um Professor Universitário, é suposto ser ”o melhor aluno” da sua disciplina? Ou é alguém que construiu um saber original sobre ela?
Formação de Psicólogos ” Problemas Centrales para a formación académica y el entrenamiento profesional del psicólogo en las Americas"
Foi publicado pela Sociedade Interamericana de Psicologia de que o Marcelo Urra é o actual presidente. Inclui capítulos sobre a situação na Argentina, na Bolívia, no Brasil, no Chile, na Colombia, nos Estados Unidos, em Puerto Rico e na Venuzuela
Um especial foco para o capítulo de Amalio Blanco, da Universidade Autónoma de Madrid ”Proyecto para la armonización de los curricula de psicologia en las universidade latinoamericanas".
Sugeriu-me várias considerações:
Em Janeiro de 1994 a Conferência Ministerial da União Europeia encarregou a Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, Ciência e Cultura (OIE) da elaboração de um projecto de harmonização dos curricula das Universidades Latinoamericanas para ”a melhoria da qualidade da educação universitária actuando sobre os conteúdos e adequando-os à nova situação socioeconómica e aos requerimentos da competitividade internacional". Formaram-se dois grupos de especialistas: Ciências Básicas e Engenharia e Ciências Sociais.
Na área da Psicologia utilizou-se um método Delphi que basicamente é uma metodologia de trabalho em grupo em que pouco a pouco se vão conseguindo sistematizar consensos e limando divergências de opinião não fracturantes e identificando opiniões fracturantes no grupo de participantes. Participaram 66 especialistas, 16 da União Europeia, 18 espanhóis, 18 de Centro-America e Caraibe e 18 do Sul da América do Sul (não consegui apurar se haveria algum português).
A importância deste trabalho tem a ver com a consolidação das convergências e a identificação e análise das divergências em temas como a estrutura curricular, o perfil do candidato a futuro psicólogo e as saídas profissionais. O interessante neste processo é que inclui, toma em conta e debate opiniões de 66 especialistas, representativos das zonas geográficas.
Não se pode debater estruturas curriculares, perfis de candidatos e saídas profissionais, a partir de um grupo ”incestuoso" de profissionais de uma única faculdade que, não tendo massa crítica nem contenção da sociedade científica ”externa", podem divagar sem controlo nem qualidade sobre ”quem", “deve aprender o quê", “para fazer o què?", “para quem?".
A questão, claro, é ”para quê?"
Um grupo familiar que se reúne em privado para deliberar o produto que vai propor, num processo autofágico que não admite confronto com ideias externas, perde tempo e manda dinheiro pela janela. O que saí dali é sem dúvida um produto caseiro para consumo doméstico, sem controlo de qualidade.
PERU
A Universidade de Chiclayo homenageou-me com um Doutoramento Honoris Causa em Psicologia. Este evento surge na sequência do estabelecimento de um protocolo de colaboração no âmbito da investigação, publicações e mobilidade de estudantes e vem pelos ”elevados serviços prestados à psicologia”
Durante a cerimónia do Doutoramento Honoris Causa, houve uma grande formalidade, com discursos e actos administrativos-académicos, sempre misturada com um grande orgulho e sentimento de pertença por parte de Professores e Alunos, e também com uma grande ternura. Canta-se o hino da Universidade, o hino da Cidade. No fim dos discursos e da oferta da toga, chapéu e diploma, toda a imensa audiência recebe um copo de vinho doce para o brinde e uns bolinhos para acompanhar.
Esta inusitada partilha de pão e vinho no próprio plenário de eventos científicos e académicos, fica magnífica e apela ao verdadeiro sentido da comunhão. Depois a ”ponência” da praxe: fiz depois uma conferência sobre a ”Saúde dos adolescentes em Portugal e na Europa, nos últimos 8 anos”.
Foi publicado pela Sociedade Interamericana de Psicologia de que o Marcelo Urra é o actual presidente. Inclui capítulos sobre a situação na Argentina, na Bolívia, no Brasil, no Chile, na Colombia, nos Estados Unidos, em Puerto Rico e na Venuzuela
Um especial foco para o capítulo de Amalio Blanco, da Universidade Autónoma de Madrid ”Proyecto para la armonización de los curricula de psicologia en las universidade latinoamericanas".
Sugeriu-me várias considerações:
Em Janeiro de 1994 a Conferência Ministerial da União Europeia encarregou a Organização de Estados Iberoamericanos para a Educação, Ciência e Cultura (OIE) da elaboração de um projecto de harmonização dos curricula das Universidades Latinoamericanas para ”a melhoria da qualidade da educação universitária actuando sobre os conteúdos e adequando-os à nova situação socioeconómica e aos requerimentos da competitividade internacional". Formaram-se dois grupos de especialistas: Ciências Básicas e Engenharia e Ciências Sociais.
Na área da Psicologia utilizou-se um método Delphi que basicamente é uma metodologia de trabalho em grupo em que pouco a pouco se vão conseguindo sistematizar consensos e limando divergências de opinião não fracturantes e identificando opiniões fracturantes no grupo de participantes. Participaram 66 especialistas, 16 da União Europeia, 18 espanhóis, 18 de Centro-America e Caraibe e 18 do Sul da América do Sul (não consegui apurar se haveria algum português).
A importância deste trabalho tem a ver com a consolidação das convergências e a identificação e análise das divergências em temas como a estrutura curricular, o perfil do candidato a futuro psicólogo e as saídas profissionais. O interessante neste processo é que inclui, toma em conta e debate opiniões de 66 especialistas, representativos das zonas geográficas.
Não se pode debater estruturas curriculares, perfis de candidatos e saídas profissionais, a partir de um grupo ”incestuoso" de profissionais de uma única faculdade que, não tendo massa crítica nem contenção da sociedade científica ”externa", podem divagar sem controlo nem qualidade sobre ”quem", “deve aprender o quê", “para fazer o què?", “para quem?".
A questão, claro, é ”para quê?"
Um grupo familiar que se reúne em privado para deliberar o produto que vai propor, num processo autofágico que não admite confronto com ideias externas, perde tempo e manda dinheiro pela janela. O que saí dali é sem dúvida um produto caseiro para consumo doméstico, sem controlo de qualidade.
PERU
A Universidade de Chiclayo homenageou-me com um Doutoramento Honoris Causa em Psicologia. Este evento surge na sequência do estabelecimento de um protocolo de colaboração no âmbito da investigação, publicações e mobilidade de estudantes e vem pelos ”elevados serviços prestados à psicologia”
Durante a cerimónia do Doutoramento Honoris Causa, houve uma grande formalidade, com discursos e actos administrativos-académicos, sempre misturada com um grande orgulho e sentimento de pertença por parte de Professores e Alunos, e também com uma grande ternura. Canta-se o hino da Universidade, o hino da Cidade. No fim dos discursos e da oferta da toga, chapéu e diploma, toda a imensa audiência recebe um copo de vinho doce para o brinde e uns bolinhos para acompanhar.
Esta inusitada partilha de pão e vinho no próprio plenário de eventos científicos e académicos, fica magnífica e apela ao verdadeiro sentido da comunhão. Depois a ”ponência” da praxe: fiz depois uma conferência sobre a ”Saúde dos adolescentes em Portugal e na Europa, nos últimos 8 anos”.
Universidade Mayor de San Marcos em Lima
Na Universidade Mayor de San Marcos reuni com alunos de Mestrado de Psicologia Clínica e da Saúde. A Faculdade de Psicologia tem uma forte preocupação com a Psicometria.
Há uma Clínica de apoio Psicológico da responsabilidade dos docentes da Faculdade de Psicologia, aberta aos estudantes tal em Portugal, mas aqui também aberta à população. Os preços são módicos mas permitem um serviço à comunidade, uma oportunidade de aprendizagem para os alunos, uma oportunidade para a investigação e alguns fundos para os projectos em curso.
Há ainda Brigadas de Emergência Psicológica, com envolvimento dos alunos nas catástrofes nacionais.
Na Universidade Mayor de San Marcos reuni com alunos de Mestrado de Psicologia Clínica e da Saúde. A Faculdade de Psicologia tem uma forte preocupação com a Psicometria.
Há uma Clínica de apoio Psicológico da responsabilidade dos docentes da Faculdade de Psicologia, aberta aos estudantes tal em Portugal, mas aqui também aberta à população. Os preços são módicos mas permitem um serviço à comunidade, uma oportunidade de aprendizagem para os alunos, uma oportunidade para a investigação e alguns fundos para os projectos em curso.
Há ainda Brigadas de Emergência Psicológica, com envolvimento dos alunos nas catástrofes nacionais.
Universidade Autónoma do Peru, em Lima.
A Universidade Autónoma do Peru homenageou-me com a distinção de Professora Honorária da Universidade Autónoma do Peru.
Este evento surge na sequência do estabelecimento de um protocolo de colaboração no âmbito da investigação, publicações e mobilidade de estudantes. Apresentei aqui uma conferência ” Saúde e comportamentos de risco nos adolescentes portugueses, evolução nos últimos 8 anos".
No Peru, muita boa vontade mas sequelas ainda frescas de um passado recente de uma política nebulosa e paralisante da acção na área da investigação, saúde e educação. Ainda se nota muito o receio, a dificuldade de afirmação pessoal, a falta de infra-estruturas, as tensões hierárquicas, as inequidades sociais, as economias paralelas. Sequelas históricas até quando?
BOLIVIA
Comité de Adolescência de la Sociedad Pacena de Pediatria
O Curso Internacional ”Enfoque psicossocial en niños, niñas y adolescentes” em La Paz organizado pelo Colégio Médico Regional de El Alto, Sociedade de Pediatria em El Alto, Comité de Adolescência de la Sociedad Pacena de Pediatria incluiu para alem da minha colaboração, a presença de pediatras Bolivianas que trabalham com adolescentes e foi um espaço admirável de aprendizagem inter-cultural.
A Drª. Rosário Indeburri falou dos circuitos de detecção e denúncia de maus tratos e abuso sexual de menores e mulheres. A Rosário trabalha no Hospital Boliviano Holandês, é pediatra e tem uma especialização em Medicina Forense. Fala dos seus casos com vivacidade e uma visão abrangente de ”maus tratos”. Referiu também questões culturais, uma das arrepiantes é a estigmatização dos gémeos (um dos quais é literalmente abandonado até morrer).
Vi fotos de meninos de uns 7 anos a ajudar os pais nas minas, com capacete com luz e tudo. Da audiência alguém falou de uma manifestação de crianças pelo ”direito ao trabalho” que houve em La Paz alegando que assim ajudam as suas famílias que de outro modo não têm como viver.
Cada mãe ”paceña” (de La Paz) tem em média 8 filhos, a média Boliviana é de 4 filhos por mulher e começam cedo, no início da adolescência. As questões discutidas foram as infâncias perdidas, para a aprendizagem e para a brincadeira, das crianças que cedo ficam adultas e responsáveis por trabalho.
A Drª Inge Von Alvensleben é alemã, também pediatra e também se referiu aos maus tratos e abuso sexual, de menores e mulheres. Trabalha numa cadeia de homens e noutra cadeia de mulheres. As cadeias na Bolívia são ”como cidades”, os familiares próximos (companheiros, esposos ou filhos) do(a) detido(a) vivem dentro da cadeia, cozinham, há escola, creche e mesmo pediatra.
A Drª Gina Bejarano, também pediatra que falou sobre a família e o seu efeito protector. A Drª Gina trabalha com adolescentes e tem uma página web ”Jeans y Pantalones” feito para adolescentes com apoio de adolescentes.
Ouvi Drª Marlene Bérrios, gestora de projectos, que falou de dois projectos com adolescentes, um o Lanzarte, onde os jovens desenvolvem actividades como teatro, música, vídeo (videostorytelling como fazemos na nossa equipa, “livros animados”, fotografia, dança, na localidade de Huanuni, em plena zona mineira. Ofereceram-me diversos materiais multimédia, possível graças à AOS. O outro um projecto consiste em concursos para jovens com ideias para ajudar o seu município na construção e reforço da democracia. Os melhores projectos são apoiados e desenvolvidos. Ambos os projectos têm o apoio da AOS (Aliança Suiça Obreira).
Ouvi a Dr. Roxana Moliendo, odontologista que fundou há uns anos, com ajuda da Save the Children, um Centro de Jovens onde forma voluntários para trabalho entre pares. Há neste Centro (Centro de Saúde Alto Miraflores) também uma psicóloga, uma nutricionista e uma assistente social. Os jovens aderem a projectos de participação comunitária ”jovem a jovem" na área que mais lhe interessa: saúde oral, medicina, ecologia... Há ainda um serviço específico para jovens mães e jovens casais que aprendem, por exemplo, a tratar da saúde oral do seu bebé.
Os jovens voluntários (são já 130) na sua área de formação, fazem materiais de apoio, apoiam os profissionais nos serviços de saúde integrados fornecidos pelo Centro, incentivam as mães ao cumprimento do plano de vacinação com os seus filhos e fazem aconselhamento, por exemplo, na área dos piercings e tatuagens, para evitar más escolhas na sua localização.
Por fim a Drª Ingrid Rocabado Michel, especialista em Saúde Pública que faz estudos epidemiológicos com adolescentes.
A Presidente do Comité da Adolescência da Sociedade Paceña de Pediatria é a Drª Cecília Uribe, pediatra, uma das organizadoras do Curso Internacional e a minha principal interlocutora.
A Universidade Autónoma do Peru homenageou-me com a distinção de Professora Honorária da Universidade Autónoma do Peru.
Este evento surge na sequência do estabelecimento de um protocolo de colaboração no âmbito da investigação, publicações e mobilidade de estudantes. Apresentei aqui uma conferência ” Saúde e comportamentos de risco nos adolescentes portugueses, evolução nos últimos 8 anos".
No Peru, muita boa vontade mas sequelas ainda frescas de um passado recente de uma política nebulosa e paralisante da acção na área da investigação, saúde e educação. Ainda se nota muito o receio, a dificuldade de afirmação pessoal, a falta de infra-estruturas, as tensões hierárquicas, as inequidades sociais, as economias paralelas. Sequelas históricas até quando?
BOLIVIA
Comité de Adolescência de la Sociedad Pacena de Pediatria
O Curso Internacional ”Enfoque psicossocial en niños, niñas y adolescentes” em La Paz organizado pelo Colégio Médico Regional de El Alto, Sociedade de Pediatria em El Alto, Comité de Adolescência de la Sociedad Pacena de Pediatria incluiu para alem da minha colaboração, a presença de pediatras Bolivianas que trabalham com adolescentes e foi um espaço admirável de aprendizagem inter-cultural.
A Drª. Rosário Indeburri falou dos circuitos de detecção e denúncia de maus tratos e abuso sexual de menores e mulheres. A Rosário trabalha no Hospital Boliviano Holandês, é pediatra e tem uma especialização em Medicina Forense. Fala dos seus casos com vivacidade e uma visão abrangente de ”maus tratos”. Referiu também questões culturais, uma das arrepiantes é a estigmatização dos gémeos (um dos quais é literalmente abandonado até morrer).
Vi fotos de meninos de uns 7 anos a ajudar os pais nas minas, com capacete com luz e tudo. Da audiência alguém falou de uma manifestação de crianças pelo ”direito ao trabalho” que houve em La Paz alegando que assim ajudam as suas famílias que de outro modo não têm como viver.
Cada mãe ”paceña” (de La Paz) tem em média 8 filhos, a média Boliviana é de 4 filhos por mulher e começam cedo, no início da adolescência. As questões discutidas foram as infâncias perdidas, para a aprendizagem e para a brincadeira, das crianças que cedo ficam adultas e responsáveis por trabalho.
A Drª Inge Von Alvensleben é alemã, também pediatra e também se referiu aos maus tratos e abuso sexual, de menores e mulheres. Trabalha numa cadeia de homens e noutra cadeia de mulheres. As cadeias na Bolívia são ”como cidades”, os familiares próximos (companheiros, esposos ou filhos) do(a) detido(a) vivem dentro da cadeia, cozinham, há escola, creche e mesmo pediatra.
A Drª Gina Bejarano, também pediatra que falou sobre a família e o seu efeito protector. A Drª Gina trabalha com adolescentes e tem uma página web ”Jeans y Pantalones” feito para adolescentes com apoio de adolescentes.
Ouvi Drª Marlene Bérrios, gestora de projectos, que falou de dois projectos com adolescentes, um o Lanzarte, onde os jovens desenvolvem actividades como teatro, música, vídeo (videostorytelling como fazemos na nossa equipa, “livros animados”, fotografia, dança, na localidade de Huanuni, em plena zona mineira. Ofereceram-me diversos materiais multimédia, possível graças à AOS. O outro um projecto consiste em concursos para jovens com ideias para ajudar o seu município na construção e reforço da democracia. Os melhores projectos são apoiados e desenvolvidos. Ambos os projectos têm o apoio da AOS (Aliança Suiça Obreira).
Ouvi a Dr. Roxana Moliendo, odontologista que fundou há uns anos, com ajuda da Save the Children, um Centro de Jovens onde forma voluntários para trabalho entre pares. Há neste Centro (Centro de Saúde Alto Miraflores) também uma psicóloga, uma nutricionista e uma assistente social. Os jovens aderem a projectos de participação comunitária ”jovem a jovem" na área que mais lhe interessa: saúde oral, medicina, ecologia... Há ainda um serviço específico para jovens mães e jovens casais que aprendem, por exemplo, a tratar da saúde oral do seu bebé.
Os jovens voluntários (são já 130) na sua área de formação, fazem materiais de apoio, apoiam os profissionais nos serviços de saúde integrados fornecidos pelo Centro, incentivam as mães ao cumprimento do plano de vacinação com os seus filhos e fazem aconselhamento, por exemplo, na área dos piercings e tatuagens, para evitar más escolhas na sua localização.
Por fim a Drª Ingrid Rocabado Michel, especialista em Saúde Pública que faz estudos epidemiológicos com adolescentes.
A Presidente do Comité da Adolescência da Sociedade Paceña de Pediatria é a Drª Cecília Uribe, pediatra, uma das organizadoras do Curso Internacional e a minha principal interlocutora.
Hospital Boliviano Holandês e Hospital Andino - El Alto
Com a Drª Cecília Uribe visitei o serviço de Pediatria e de Obstetrícia do Hospital Boliviano Holandês, construído com o apoio da Cooperação Holandesa e o Serviço de Pediatria do Hospital Andino, ambos em El Alto, cidade (ainda) mais alta que La Paz, nos arredores, a 20 km de distância e mais 500 m de altitude do que La Paz. No Hospital Andino há um serviço para adolescentes, da responsabilidade da Drª Cecília, que, um dia por semana, ainda dinamiza uma reunião de mães dos 10 aos 16 anos de idade.
Em breve, esta dinâmica será ampliada com a ajuda da cooperação Belga e a expectativa é que haja um serviço apenas para adolescentes.
A saúde na Bolívia é gratuita para crianças até aos 5 anos, mulheres em idade fértil com especial atendimento a grávidas.
Muito levo daqui do que pode ser feito com dedicação e empenho mas com tanta falta de condições. É incrível pensar que as colegas do Comité da Adolescência se cotizam mensalmente, do seu dinheiro pessoal, para ter dinheiro para os seus projectos e acções. É ainda incrível como se organizam para, com um salário de 400 dólares mensais, conseguir apresentar-se em congressos internacionais.
Não há mesmo falta de trabalhos de qualidade a merecer divulgação, o que há mesmo é falta de apoios.
Foi uma troca de experiências de grande qualidade, a provar uma vez mais que muito se faz em língua ”não inglesa", mas que fica desconhecido do mundo em virtude deste acordo tácito na comunidade científica que usa preferencialmente aquele idioma.
Com a Drª Cecília Uribe visitei o serviço de Pediatria e de Obstetrícia do Hospital Boliviano Holandês, construído com o apoio da Cooperação Holandesa e o Serviço de Pediatria do Hospital Andino, ambos em El Alto, cidade (ainda) mais alta que La Paz, nos arredores, a 20 km de distância e mais 500 m de altitude do que La Paz. No Hospital Andino há um serviço para adolescentes, da responsabilidade da Drª Cecília, que, um dia por semana, ainda dinamiza uma reunião de mães dos 10 aos 16 anos de idade.
Em breve, esta dinâmica será ampliada com a ajuda da cooperação Belga e a expectativa é que haja um serviço apenas para adolescentes.
A saúde na Bolívia é gratuita para crianças até aos 5 anos, mulheres em idade fértil com especial atendimento a grávidas.
Muito levo daqui do que pode ser feito com dedicação e empenho mas com tanta falta de condições. É incrível pensar que as colegas do Comité da Adolescência se cotizam mensalmente, do seu dinheiro pessoal, para ter dinheiro para os seus projectos e acções. É ainda incrível como se organizam para, com um salário de 400 dólares mensais, conseguir apresentar-se em congressos internacionais.
Não há mesmo falta de trabalhos de qualidade a merecer divulgação, o que há mesmo é falta de apoios.
Foi uma troca de experiências de grande qualidade, a provar uma vez mais que muito se faz em língua ”não inglesa", mas que fica desconhecido do mundo em virtude deste acordo tácito na comunidade científica que usa preferencialmente aquele idioma.
PARAGUAI
Universidade Americana em Asuncion
A visita ao Paraguai foi breve e não planeada, provocada pelo fecho da fronteira entre o Brasil e a Bolívia. No entanto foi possível contactar a Directora do Departamento de Psicologia, a Prof Bettina Cuevas. Para além da graduação em Psicologia, ministram-se ali dois cursos de Pòs-Graduação, um em Princípios e Técnicas Cognitivo-Condutales e outro em Logoterapia y Analisis Existencial.
O Departamento de Psicologia pertence à Faculdade de Ciências de la Salud, junto com a Enfermagem, a Psicopedagogia, a Intervenção Materno-Infantil, a fisioterapia (com especialidade em Fisioterapia Desportiva) e a Nutrição. Tem uma revista mensal da própria Universidade ”American News” (American é “da América”, não “dos Estados Unidos”).
A Universidade Católica fornece um diploma doutoral em ”Intervenção Psicossocial com populações em risco"… Riscos por aqui: pobreza, iliteracia, consumo de substâncias.
[1] estes links podem ser consultados no sidebar (faixa lateral) do blogue em http://www.umaventurasocial.blogspot.com/
Universidade Americana em Asuncion
A visita ao Paraguai foi breve e não planeada, provocada pelo fecho da fronteira entre o Brasil e a Bolívia. No entanto foi possível contactar a Directora do Departamento de Psicologia, a Prof Bettina Cuevas. Para além da graduação em Psicologia, ministram-se ali dois cursos de Pòs-Graduação, um em Princípios e Técnicas Cognitivo-Condutales e outro em Logoterapia y Analisis Existencial.
O Departamento de Psicologia pertence à Faculdade de Ciências de la Salud, junto com a Enfermagem, a Psicopedagogia, a Intervenção Materno-Infantil, a fisioterapia (com especialidade em Fisioterapia Desportiva) e a Nutrição. Tem uma revista mensal da própria Universidade ”American News” (American é “da América”, não “dos Estados Unidos”).
A Universidade Católica fornece um diploma doutoral em ”Intervenção Psicossocial com populações em risco"… Riscos por aqui: pobreza, iliteracia, consumo de substâncias.
[1] estes links podem ser consultados no sidebar (faixa lateral) do blogue em http://www.umaventurasocial.blogspot.com/
1 comentário:
Margarida, te felicito por el blog y este resumen, es un gran testimonio sobre el quehacer de personas e instituciones en el ambito de la salud mental en diferentes paises de america del sur.
Creo que puede ser de gran utilidad como nodo para posibles intercambios, asi como una vision muy aguda sobre nuestras instituciones en nuestra region, felicitaciones y muchas gracias!
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