segunda-feira, 15 de setembro de 2008

De S. José do Rio Preto a Campo Grande


O interior do Brasil. Vista de uma pequena vila ao nascer do sol, tinta da china sobre grafite sobre papel ( tentativa desesperada num onibus aos solavancos)







Mesma vista, agora ao pôr do sol, adivinhe-se os materiais usados...







Polémica à volta do desenvolvimento e preservação socio-cultural.








Loja Maçônica Oriente Maracaju, em Campo Grande







Saída de São José do Rio Preto pela noitinha e chegada de madrugada a campo Grande no Mato Grosso do Sul.
O Inverno aqui tem oscilado entre 30 e 38 graus, ficando-nos a questão de como será o Verão. Mas hoje durante toda a noite trovejou imenso e a temperatura chegou aos 13 graus, acompanhada de chuvinha à chegada a Campo Grande. Por aqui, para fugir aos roteiros mais tradicionais, o modo de viajar é o onibus-executivo, com lugares largos tipo primeira classe de avião, reclináveis a fazer cama, com “banheiro”… barato e muito repousante…

Estamos agora em Campo Grande, a estudar percursos alternativos para atravessar a Bolívia, e mesmo a ida de avião para La Paz, para não deixar a organização do Congresso "pendurada", mesmo isso se torna cada vez mais remoto…

Num primeiro passeio deparámo-nos com dois pormenores curiosos, um grande outdoor a questionar “Para valorizar as etnias é preciso desacelerar o desenvolvimento?”. Tentámos aprofundar esta questão misteriosa.
Justamente num dos últimos números do jornal “ A Folha de São Paulo” este assunto foi abordado num debate tipo o nosso “ Prós e Contras”.
O Brasil tem tido um enorme crescimento económico, neste ano o PIB aumentou quase 6%.
A questão é se este desenvolvimento acelerado, que terá as suas raízes em vários factores entre os quais a exploração petrolífera, tornará não-sustentável a valorização das minorias étnicas no País. O outro lado da questão é alegadamente a vantagem de manter esta parte da população pobre e iletrada.
Como é costume nestas polémicas polarizadas, ambas as correntes de opinião não conversam procurando convergências, e rebatendo os argumentos da outra parte, por isso, para um outsider como nós até parece que cada parte está a falar de um assunto completamente diferente, ignorando a argumentação opositora!

Depararamos mais tarde com um bonito edifício térreo, que ostentava na fachada um baixo relevo com as palavras “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e um cartaz na porta de entrada onde enunciava ser ali a sede da Loja Maçónica Oriente Maracajú , fundada em 1921 e Juridiscionada à Sereníssima Grande Loja Maçónica do Mato Grosso do Sul.

Em Campo Grande tivemos o privilégio de visitar, mesmo nu último dia a primeira Feira Internacional de Artesanato e Decoração Artesanal, com representações de 19 países e 16 estados Brasileiros (Feira Internacional de Artesanato). Portugal estava representado pelos verdadeiros e tradicionais pastéis de Belém, confeccionados no Brasil desde 1935, mas que não vimos porque estavam esgotados, pastéis de Santa Clara (penso que são os da minha terra natal, Coimbra, mas não reconheci…) e os pastéis de Tentúgal na sua versão original e com sabor a maçã (?).

Ainda o caminho para a Bolívia

No Público que consultámos esta manhã não vimos notícias sobre a Bolívia. No entanto por cá ouvimos esta manhã na televisão, que o exército avançou numa tentativa de controlar a situação.
Os opositores de Evo Morales desbloquearam as estradas, e um dos governadores de uma das províncias revoltosas foi detido, o das províncias revoltosas reuniram-se e falam de “ditadura”. Evo Morales apela à serenidade fala de interesses económicos com o apoio dos Estados Unidos e pede ao Brasil que não deixe entrar na Bolívia milícias brasileiras. Registaram-se mais mortes entre a população.
O Presidente Lula foi hoje aceite por ambas as partes como interlocutor e viajou já para o Chile para iniciar esta missão.

Por cá estamos a ver como sair de Campo Grande para Asunción, e como ir de Asunción para o Peru, mas ainda não perdi a esperança de voar para La Paz dia 28, se as coisas serenarem. Ainda iria a tempo de alguma participação.

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