Bolívia, desde S. José do Rio Preto
Por entre uma visita extraordinária à Faculdade de Medicina de S.José do Rio Preto, Laboratório de Psicologia e Hospital Escolar, de que falarei em breve, a nossa perturbação actual é o prosseguimento da viagem pela Bolívia.
Tínhamos planeado seguir pelo Pantanal até Corumbá e passar para a Bolívia por Puerto Suárez. Seguia-se uma viagem de comboio-cama até Santa Cruz de la Sierra, uma viagem por estrada para Cochabamba, e chegada a La Paz de avião, daqui seguiríamos para Lima por avião, em dois troços. Tudo já planeado, hotéis, viagens de avião, e uma estada de 5 dias em La Paz a visitar projectos na área da saúde e participação num congresso com 3 conferências e um workshop…
Bem… A fronteira de Puerto Suárez/Corumbá está fechada, não há comboio, a estrada de Santa Cruz para La Paz com passagem por Cochabamba está bloqueada, ocupada pelos opositores a Evo Morales.
Em Cochabamba e em La Paz, seguindo um comentário que me enviaram (ver comentário), não há problemas.
A questão que vamos seguindo pelos jornais e noticiários é que 5 das 9 províncias da Bolívia (as mais ricos) querem que os impostos sobre a produção e comercialização do gás natural revertam apenas para os estados produtores. O Governo Central em La Paz, chefiado por Evo Morales, quer redistribuir estes impostos por toda a Bolívia. Mais, quer utilizá-los para fins de benefícios sociais, nomeadamente um subsídio aos maiores de 60 anos.
Os Bolivianos mais pobres, que são também a maioria, moram na parte ocidental e montanhosa da Bolívia. São estes os apoiantes de Evo Morales e a maioria, daí a sua eleição. As restantes 5 províncias querem então autonomia e revoltam-se nas ruas com apoio dos governantes provinciais.
Tem havido tumultos nas ruas, destruições nas ruas e algumas mortes. Ontem explodiu um gasoduto o que está a perturbar o fornecimento de gás natural ao Brasil. Os noticiários apresentam repetidamente imagens de violência de populares nas ruas das cidades orientais, nomeadamente em Pando (onde se registaram as mortes) Tarija e Santa Cruz de la Sierra.
Ontem Hugo Chavez, que responsabiliza o Governo dos Estados Unidos por tudo isto, expulsou o Embaixador dos Estados Unidos em Caracas, como forma de solidariedade para com Evo Morales e veio à televisão com um discurso inflamado entremeado com um par de palavrões ilustrativos da sua revolta.
Vimos hoje no Público que o Governo Português aconselha os cidadãos Portugueses a que evitem a Bolívia.
Agora o nosso problemazinho particular… evitar a Bolívia em bloco? ou tentar chegar à parte ocidental (Cochabamba ou La Paz)? Como?
Podemos contornar a Bolívia pelo Amazonas a norte, ou entrar no Paraguai até Asuncion e depois apanhar um avião, para Cochabamba, para La Paz, ou para Lima… Para ir para Cochabamba ou la Paz o problema é que os aviões fazem escala em Santa Cruz de la Sierra, e o aeroporto está em risco de encerramento….
Ir directo a Lima… é uma pena. Temos grandes expectativas em relação ao trabalho em La Paz, além disso no caminho de La Paz para Lima tínhamos previsto uma visita a Cusco e Machu Pichu… e assim não há como lá chegar… E depois há um conjunto de despesas irrecuperáveis e 3 semanas de viagem a refazer e a repagar…
Aiaiai…
Vamos seguindo as notícias, cheios de prudência e cheios de vontade de tornar possível, no mínimo, ir pelo Paraguai directamente para La Paz.
Alguma dica?
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
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1 comentário:
Eu cá, que sou uma pessoa que gosta bué de vocês, não estou a achar grande piada a vê-los por terrinhas bolivianas. As noticias, com a devida distãncia que o espectacular da situação exige e as audiências com a sua caracteristica ditatorial que todos sabemos, deixam-me assim meia apreensiva.
Ai, não conseguem fazer a coisa sem a Bolivia? é que dava jeito continuar a ler o blog, mas sem pitadas de perigo pelo meio.
Resolvam a coisa pelo melhor mas cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém (acho que é assim que a minha avó dizia).
E por aqui me fico,
cs
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