terça-feira, 9 de setembro de 2008

De S.Paulo a S.Paulo III















A perfeita entrada de fim de semana!!
Um concerto no magnífico Auditório Ibirapuera, da autoria do Niemeyer, para ver a Orquestra da Universidade de S. Paulo (OSUSP), junto com o Nelson Ayres, a tocar/ cantar Villa-Lobos, Edu Lobo e Chico Buarte.
Admirável este auditório, admirável também a música, e ainda admirável a companhia.
A OSUSP foi criada em 1975 pelo Prof. Orlando Paiva, então Reitor da USP.
Investimentos arrojados e futuristas, no que diz respeito à Cultura e às Artes! …
Fica aqui um repto, às nossas Universidades e ao arrojo dos nossos Reitores.
Depois do concerto o típico programa Paulista “pós-concerto” : Pizza, em Pizzaria repleta, pela noite dentro, em alegre cavaqueira à volta das tão já badaladas diferenças e convergências nas culturas luso-brasileiras.

Sábado de manhã assistimos à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, na sua versão Para–Olímpica, e à chegada da chama Olímpica.
Por aqui vimos o desfile da equipa Brasileira.
Penso que o meu colega e amigo Jorge Vilela estará em Pequim, acompanhando a equipa Portuguesa.
Aqui um voto de excelentes provas a todos os nossos atletas.
A cobertura dos Jogos pela comunicação social foi por aqui parca, ao longo do fim de semana. Será que houve melhor cobertura aí em Portugal?

Embu é uma “aldeia-mercado” de artesanato, na periferia de S Paulo, que visitámos no caminho para “ o sítio” da Vivi.
Por aqui “ um sítio” é uma chácara (quinta) grande (ou talvez uma fazenda pequena).
No sítio da Vivi tivemos aulas de Culinária (peixe na grelha com ervas, farofa, picanha, caipira, sopa de caldo, chimarrão- chá de mate verde, aspirado por uma palhinha, doce de leite condensado, cocada, quebra-queixos- doce de coco com ananás).














Seguiram-se aulas de Botânica e Zoologia, em passeio, no contexto natural da Mata Atlântica, um privilégio!

Aprendemos a observar muita vida animal e vegetal própria da Mata Atlântica: tatus, beija-flor, bem-te-vi, gambá, saúva, isto com respeito à fauna; ipê, palmito, araucária (diferente da de Portugal), morango silvestre, orquídeas várias empoleiradas pelas árvores, fetos luxuriantes a embrulhar troncos, para a flora. E tantos outros que a Vivi e o Otávio nos mostraram, à vista ou ao ouvido, e que não conseguimos memorizar.

Tivemos ainda "aulas" de cultura musical brasileira, sempre ao som de música brasileira, de MPB (Música Popular Brasileira) e Bossa Nova.
O Bossa Nova tem um ritmo impressionante, que se gosta de imediato e que se aprende a gostar cada vez mais.
Este ano os brasileiros celebram os 50 anos do aparecimento do Bossa Nova e o assunto tem vindo a ser debatido. Mas a nossa perplexidade não acaba aqui.
Esta música mágica, de ritmo complexo é considerada uma música genial mas …elitista, conservadora, afastada das preocupações da população.

Lembrei-me do José Duarte nos seus “5 minutos de Jazz”, quando há décadas dizia no seu programa qualquer coisa como “ sempre houve, em todos os tempos, uma elite musical… e em todos os tempos a população em geral necessitou de uma música”…
Enfim, não é simples !
Pois bem, Bossa Nova será conservadora, apelará ao romantismo e à inércia social, terá mesmo justificado da Nara Leão a expressão “ Agora já chega de Bossa Nova!”.
Mas é tão, tão, mas tão envolvente!
Um fim de semana inesquecivel, na melhor companhia!

Saímos no fim do dia de São Paulo e continuamos a nossa viagem para o interior, mais duzentos e tal quilómetros, até S. Carlos.
Para já ainda não vimos nada para além de um jantarinho simples de carne seca à mineira no bar restaurante Trem Bão, que estava cheio de juventude. Delicioso e muito bom preço.

2 comentários:

David Rodrigues disse...

Margarida e João:

Estou de regresso da China onde estive 15 dias 4 dos quais a acompanhar os jogos paralímpicos. Foi uma experiência inesquecível ver 5.000 pessoas a afirmar a sua diferença pelo critério da excelência. Que têm os paralímpicos a ver com a inclusão? Tudo, antes de mais porque sem estes jogos estas pessoas estavam cortadas da prática desportiva. REncontrei com os amigos brasileiros (patrícia. Alberto, Gavião,...) chegfes desta missão de dignidade. O Brasil está entre as 5 maiores delegações. Bem haja!
Ontem tivemos 2 medalhas e todos os dias temos alegrias. Salvé Pequim.

DR

David Rodrigues disse...

E a bossa...
Onde está o povo? Na cidade não há povo? A bossa é urbana e classe média. Inventou um pathos, a harmonia e uma temática. Chegou ao povão e por ele foi adotada. É um movimento muito paradigmático do seu tempo. Elitista? Não me parece. Tem é um berço diferente mas que serviu de ninho a MUITO do que é a grande música brasileira de hoje.
E desfrutem...

DR