terça-feira, 30 de setembro de 2008
De Cochabamba a La Paz
sábado, 27 de setembro de 2008
De Cochabamba a Cochabamba
Cochabamba fica a 2600 metros, num planalto no meio das cordilheiras. É uma cidade cheia de gente na rua, com uma praça tipo das Espanholas, Praça 14 de Setembro, com arcadas à volta, vendedores e passeantes.
A vida tem aqui um custo quase impensável, o que remete para muitas reflexões.
Quanto à situação política, soubemos por um jornal local que uma delegação de 20 Parlamentares da EU chega a La Paz, tal como nós, amanhã, para investigar o massacre de Pando e o conflito dos governadores da "meia lua" face ao Governo.
Sempre chegaremos a La Paz a tempo do congresso! Pela ligeira dor de cabeça de hoje (2600 metros), é dificil imaginar o estado em que vamos chegar a La Paz, a 4000 metros...
De Asunción a Cochabamba
Chegada a
Cochabamba
de avião
A equipa feminina Paraguaia de futebol de salão viajou connosco até S. Cruz, em transito para Madrid... com uma grande claque à despedida no aeroporto. No chão o tal recipiente para teréré que muitos Paraguayos carregam para ir bebendo.
Bus em Asunción (os de Cochabamba são parecidos), cor e criatividade, e apenas anunciam o seu destino.
De Asunción a Asunción V
Dia 25 de Setembro os lideres da política mundial reuniram-se na sede da ONU em Nova Iorque, para avaliar a evolução dos Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD).
A próxima meta, 2015, deverá trazer consigo a redução para metade da pobreza a nível mundial, acabar com a fome em Africa, o controlo da malária e VIH/SIDA, a educação universal, a melhoria da saúde materno-infantil (…). Fica aqui um incentivo forte e um dos desafios de Fernando Lugo.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
De Asunción a Asunción II
Com a Bettina Cuevas na Universidade Americana
Com o Osvaldo Olivera e Eduardo Cáceres na Universidade Católica
Uma das 35 Tapas ( ABC Color) que marcarón época - a morte de "el Che".
Outra das 35 Tapas ( do ABC Color) que marcarón época- a morte de Erico
Surpresas em Asunción
A viagem Campo Grande-Asunción foi um pavor!!
Uma agência terrível (a Nacional Expresso) a querer deixar-nos na fronteira e a deixar-nos 3 horas à espera de uma partida confusa (isto tudo às 5h da manhã), depois... 15 horas sem comer…um desconforto a evitar!
O Paraguai ficou no nosso caminho incidentalmente, 3 dias não previstos, sem expectativas.
Uma boa altura para adiantar a escrita do livro e preparar as apresentações para a Bolívia.
Para ler uns artigos e dar uma olhada nos “resumões” que comprei no Brasil.
Os “resumões” são uma espécie de “sebentas”, versão moderna plastificada. Comprei os de verbos e gramática espanhola (veremos se são úteis, mais o CD Spanish in 30 days que me deu a Catarina nos meus anos). Por graça comprei também o “resumão” de Psicopatologia e fiquei a pensar no jeitão que aquilo daria aos alunos “do 10”… (nem pensar!)
O Paraguai foi um país próspero no inicio do sec XIX que tem tido várias vicissitudes históricas pouco conhecidas pelo geral dos Portugueses, duas ditaduras e entre estas, duas guerras devastadoras. A populaçao tem origem guarani e falam em geral as duas linguas: espanhol e guarani, uma língua muito tónica, que os imigrantes chineses aprendem com facilidade.
Este ano o País põe expectativas no recém eleito Fernando Lugo, Bispo, socialista. Apenas tomou posse este 20 Agosto e ainda não há frutos!
Das duas ditaduras fica o fecho histórico da população ao exterior (também aconteceu em Portugal).
Das duas guerras fica algum ressentimento em relação aos vizinhos Argentina, Uruguai, Brasil e mais recentemente Bolívia, e uma razia na populaçao sobretudo jovens e homens. A longínqua independência face à Espanha foi pacífica e laços de amizade perduram.
Ontem visitamos a parte antiga, que surpreende pela favela ( vila miséria ), mesmo no centro da cidade, entre o centro e o rio, ao lado de um museu (Cabildo), do Palácio do Congresso (“é o estilo latino-americano, os ricos e os pobres partilham o mesmo espaço, embora sejam dois mundos”). Os indios locais vendem por ali artesanao a preços dificeis de calcular. O Guarani, a moeda local conta-se aos milhares.
Tivemos uma sucessão de felizes ocorrências.
Está a decorrer a semana internacional de teatro, em homenagem a Tito Jara Roman, organizada pelo CEPATE (Centro Paraguayo de Teatro). Vimos o KYRE’Y, um misto de artes circenses, música popular, mímica, comédia… foi uma delícia a interacção com o público.
Está também a decorrer o 17º Festival internacional CINE, embora não tivéssemos conseguido assistir, vimos a quantidade de cinema e teatro experimental que por cá se faz (Brasil, Bolívia, Argentina, Colômbia, México, Paraguay).
Outra sorte foi ter comprado ontem numa livraria uma brochura de uma colega local sobre projectos educativos. Vinha com um email para onde eu escrevi e então, hoje, tivemos o Dr Osvaldo Olivera (Osvaldo Olivera), designer da Universidade Americana, e editor do tal livro sobre projectos educativos, que nos levou em visita à Universidade Americana ( Universidade Americana) e à Universidade Católica ( Universidade Católica).
Na Universidade Americana falámos com o Sr. Reitor Prof Andrès Benko e com a Directora do Departamento de Psicologia Prof Bettina Cuevas. Para além da graduação em Psicologia têm cá dois cursos de Pòs-Graduação, um em Princípios e Técnicas Cognitivo-Condutales e outro em Logoterapia y Analisis Existencial. O Departamento de Psicologia pertence à Faculdade de Ciências de la Salud, junto com a Enfermagem, a Psicopedagogia, a Intervenção Materno-Infantil, a fisioterapia (com especialidade em Fisioterapia Desportiva) e a Nutrição.
Conheci uma nova publicação espanhola Psicopatologia Y Salud Mental (Psicopatologia y Salud Mental) e a revista mensal da própria Universidade “American News”
O Dr Osvaldo Olivera trabalha na Faculdade de Comunicacion, Artes y Ciências de la Tecnologia e trouxe-nos um projecto de design, por ocasião dos 40 anos de um jornal nacional (ABC color, o primeiro jornal a cores, há 40 anos), umas pranchas com as 35 primeiras páginas desse jornal que referem acontecimentos que mudaram a história (35 tapas que marcaron epoca). Belíssimas as pranchas e aqui fica, com autorização respectiva uma cópia da manchete onde anunciara, em 1967 a morte de Che Guevara, e outra em memória a um idolo esportivo local- Erico.
Na Universidade Católica falámos com o Prof Eduardo Cáceres. De salientar que esta Universidade fornece um diploma doutoral em "Intervenção Psicossocial com populações em risco" … Riscos por aqui: pobreza, iliteracia, consumo de substâncias.
Entramos mais dentro da história e Cultura do Paraguai com o Osvaldo e a mulher Marian.
Foi muito interessante ouvir falar de outras formas de intervenção comunitária a partir de outras áreas do conhecimento, o Osvaldo (que aliás fala um português óptimo), tem projectos de design comunitário com os alunos da Universidade – ajudar a população a “ler” as tabuletas nas ruas, e ainda outro mais antigo de estudar os pictogramas das populações indígenas do Rio Paraguay, a Marian, bailarina e professora de dança clássica tem também um grupo de danças tradicionais Paraguaias.
Gastronomia –
Parrillada, Surubi ( peixe), Chipa ( pão com queijo), Choclo fresco (milho), Sopa Paraguaia (bolo de farinha de milho com queijo), Pie de lemon, Teréré ( Chá frio de mate equivalente ao Chimarrão brasileiro, mas frio).
E estamos a sair para a Bolivia... todos os jornais anunciaram que há tréguas até 16 de Outubro.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
de Asunción a Asunción
Mandaram-me uma foto muito pesada, mas aqui fica em vez, o album do seu recente casamento
SONIA E VITOR
Parabéns!
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Do Pantanal a Asunción
No dia 25 de Agosto de 2008, durante o Governing Council da ISBM, que decorreu em Tóquio - Japão, a SPSC foi aceite, por unanimidade, como full member da ISBM.
Isto significa que a SPSC é agora umas das 25 Sociedades na área do Behavioral Medicine que compõe a Sociedade Internacional – ISBM.
Na sequência do encontro Ibérico que decorreu o ano passado em Madrid , estamos a organizar o “I Congresso de Saúde e Comportamento dos Países de Língua Portuguesa”, que decorrerá na Universidade do Minho nos dias 16, 17 e 18 de Abril de 2009, e que tem como comissão organizadora: Ângela Maia, Graça Pereira, Margarida Gaspar de Matos, Teresa Freire, Eugénia Fernandes, Anabela Pereira, Susana Silva, Ana Elias.
Um abraço amigo
Pela Sociedade Portuguesa,
Ângela Maia
domingo, 21 de setembro de 2008
Do Pantanal ao Pantanal
Ema-macho a servir de "ama-seca", aos 18 filhotes de diversas emas-femêa suas amigas.
Guaratirica na noite do Pantanal!
Natureza fora de horas
Estamos com o relógio biológico todo alterado: acordar pelas 5 horas (da manhã pois!) já a ouvir passarinhos, tomar o café da manhã (aqui “quebra-torto”) pelas 6h, almoçar às 12h, jantar às 18h, deitar às 22h… parece que estamos sempre no contra-tempo… este blog também deve ter o relógio desregulado porque regista datas incorrectas... mas enfim, mantêm a sequência.
A quinta de S. Francisco no Pantanal (Fazenda San Francisco), foi iniciada no principio do século XX por Laucidio Coelho, que tem actualmente numerosa descendência. Conhecemos as bisnetas Carol e Roberta. A quinta tem 15000 hectares, 4000 ha de plantação de arroz (ai os nossos “enormes” campos no Mondego…), 7000 ha de reserva ecológica e 4000 ha de gado.
Na quinta têm vários projectos de preservação de espécies em via de extinção, entre os quais a onça pintada, e muito gosto pela natureza.
À noite fomos numa exploração-focagem com um casal de Ucranianos e duas jovens Portuguesas que vinham numa missão de exploração do potencial turístico para uma agência de viagens em Lisboa. Um grupo bem agradável e consentâneo com o ambiente: lobinho-guárá, capivara (muitas), guaratirica (tipo onça, uma visão parece que rara), cervo pantaneiro, guaxinin, jacaré, coruja buraqueira, tamanduá bandeira, anta.
Foi excelente apesar do frio (há frio no Pantanal 15 dias por ano, e foi ontem…)
Hoje um chilrear de passarinhos vários e papagaios (há 351 espécies de aves aqui) acordou-nos às 5 horas, uma delícia (?)…
E lá fomos em mais uma expedição de manhãzinha, com o bravo Jonas (autodidacta local) a instruir-nos sobre a bicheza que acorda cedo: surucuá, carão, corvo pantaneiro, urubú, caracará, socó, garça grande branca, mutum, galinha pantaneira, tuiuiu, cegonha tabuiauá, mergulhão, gavião negro, jaçanã-cafézinho, ema-macho, com 18 filhotes (é o macho que choca os ovos de várias fêmeas, e se ocupa das crias), ariranha (tipo lontra grande) e iraca (tipo lontra mais pequena), várias capivaras com montões de filhotes bebé, macaquinhos, vários jacarés com montões de filhotes, tucanos, araras, piriquitos, papagaios (muitos destes nomes de origem índia).
Fomos ainda visitar a propriedade a cavalo, mais o Guilherme, outro aficcionado da natureza que ia mostrando com entusiasmo aves, gado, plantas e animais. Excelente qualquer dos dois passeios.
E no regresso atravessámos o Pantanal, o Serrado e a serra de Maracaju com a Carol que por sorte também vinha para Campo Grande, e mais uma lição de conhecimento e amor pelo Pantanal e ecossistema envolvente ("o pantanal (há 10 pantanais identificados) é como um prato fundo com serra à volta, que recebe água de várias fontes").
Gastronomia:
Arroz pantaneiro com carne seca; batata dourada com queijo pantaneiro, carne assada de várias espécies, soufflé de queijo pantaneiro, arroz doce pantaneiro com canela, mel pantaneiro, doce de leite de búfala, saladas várias da quinta.
Bolívia
Aqui não há jornais e ninguém sabe nada da Bolívia…
Vamos então tentar o plano B, via Paraguai, amanhã. Veremos quando vamos ter acesso ao blog!
De Bonito ao Pantanal
À conversa no SKYPE
Dengue em campanha
Folha de registo para eleições
Skype
Como a comunicação cresce com as NTI, apesar das suas vicissitudes. Até o Miguel com um ano já se ri e nos diz adeus, do outro lado do Oceano.
Eleições no Brasil
Na chegada a Miranda, depois de fazer 3 horas de estrada (130km) , ainda eram 9 horas da manhã. Transito?… só mesmo vaquinhas nelore, red e suissa, mas estrada de terra vermelha e pedra com buracos, um verdadeiro desafio.
Num breve passeio em Miranda, em busca de um café, encontramos um simulador de mesa de voto electrónico, com uma menina a treinar a população. Num teclado marca-se o número, aparece a foto e confirma-se. Voto branco carrega branco, voto nulo não parece possível: a electrónicaa não dá erro.
A moça distribuía uns folhetos onde se explicava que os Brasileiros vão às urnas dia 5 de Outubro votar para vereador e para perfeito, e onde se sugeria que os cidadãos levassem o número dos seus candidatos escrito num papel. Pergunto-me se esta estratégia não pode parecer amedrontadora,e alguns se sintam pressionados ao se apresentar nas urnas com um papelinho já preenchido… pelo menos evocará potencialmente receios de não anonimato… ou não!
Mosquitos
A campanha do dengue anda por aqui.
Malária parece que não há. Está também muito frio por isso deixámos a profilaxia para quando chegarmos a Chiclayo-Norte do Peru. Apesar do repelente (que não se pode usar nas zonas ecológicas), estamos cheios de picadas.
O poeta-pantaneiro
Fomos para a fazenda de taxi. O Sô Grémio Moura veio a recitar um longo poema que fez em homenagem a um veado que viu morto à beira da estrada ("Pantanal é sítio de bicho") . Fica uma estrofe, mas vem aí um livro de poemas em breve:
Se vir um animal na rodovia
Deixa ele passar
Você está fora de sítio
Ele está no seu lugar (…)
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
De Bonito a Bonito
Aqui porventura mantêm-se a afabilidade, o gosto e a consideração pela natureza, mas o formato não está tão estereotipado e é quanto a nós muito mais agradável.
Bontito é uma localidade com 7 ruas paralelas, três de cada lado da rua “das lojas” e dos restaurantes. O nosso Hotel foi uma boa escolha (Gira Sol ).
E gerido por um casal que apenas conhecemos no dia da chegada, mas estivemos perfeitamente “em casa”.
O último passeio, na Fazenda do Rio da Prata, com flutuação rio abaixo com máscara, a ver fauna (piraputangas, dourados, curimbas, pacús, pintados, piáus), incluiu ainda como incidentes mais aguerridos a descida (a nado) de um rápido e uma trilha de floresta a ver a flora e fauna terrestre. Vamos ver se conseguimos por fotos, foram tiradas com máquina estanque e são muito pesadas…
Carne - capivara (aqueles animais gordos que vimos em São José do Rio Preto, comem-se, confesso que me deu alguma náusea só a ideia, mas finalmente é bom…), queixada (espécie de porco selvagem) e jacaré.
Peixe- pacú, lambaris, pintado,
Fruta - guariva, acerola, jabuticaba
Doces- doce de leite… sempre…, cocadas, doce de abacaxi, de mamão, de maracujá…
De Campo Grande a Bonito
Da Bolívia já não se fala, mas vamos aguardar uns dias.
Estamos mais confiantes da nossa ida a La Paz, pelo menos a tempo do Congresso.
Entretanto preparamo-nos para um fim de semana em Bonito (o Paraíso das Águas) com mergulho e passeios pela natureza, e no Pantanal, antes da ida segunda feira para o Paraguai.
Até lá lê-se, e aqui vai a apresentação de publicações recentes dos colegas que já visitei.
Leituras à espera de solução para a travessia da Bolívia:
Vencendo o Pânico
Bernard Rangé e Angélica Borges
RJ (2008)
Terapia que os autores chamam integrativa, largamente baseada na teoria e prática da Terapia Cognitiva Comportamental enriquecida pela experiência clínica dos autores
O livro tem duas partes uma para clientes e outra para terapeutas com análise de situações e exercícios práticos.
Atendimento Psicológico em Clínicas-Escola
Edwiges Mattos Silvares (org) ,
Ed Alínea, SP (2008)
Questões relacionadas com o atendimento Psicológico com crianças, adolescentes e adultos.
Na sequência deste livro temos a investigação do IP da USP sobre as actividades das Clínicas-Escolas no Brasil e em Portugal ( um dos nossos projectos conjuntos).
Adoro Odiar o meu professor
António Zuin
Autores Associados SP (2008)
O alunos entre a ironia e o sarcasmo pedagógico
Reacções sarcásticas dos alunos, ou como eles aprenderam muito bem a lição dos seus mestres. “O ressentimento dos alunos em relação aos seus mestres que os “educam” pelo sarcasmo não se reduz a um momento isolado”.
Psicologia das habilidades Sociais na Infância e na Adolescência
Zilda e Almir del Prette
Ed Vozes, Petrópolis (2006)
Numa Psicologia do Desenvolvimento em algumas áreas formatada pelo modelo adulto, aqui temos competências especificas do desenvolvimento da criança e adolescente: auto-controlo e expressão emocional, civilidade empatia, assertividade, solução de Problemas interpessoais, Fazer amigos, Competências sociais académicas
A representação do Eu na vida Cotidiana
Erving Goffman
Editora Vozes 8 ed (1975, ed original 1959) (encontrado num SEBO em S.Paulo, velhinho mesmo!)
Cenário e a Fachada: aparência e modo relacional (“invólucro externo”)
Regiões e comportamento regional
Comunicação imprópria
A arte de manipular a Impressão
Psicologia da Saúde: Pesquisa e Prática
Maria Cistina Miyazaki, Neide Micelli Domingos, Nelsom Valério
( 2006) THS Abrantes , SP
Reflexões sobre as modalidades, as vantagens, as experiências, as dificuldades do trabalho pluridisciplinar na clínica Hospitalar e na prestação de serviços à comunidade, com especial foco no trabalho do Psicólogo numa equipa de saúde. Oferecem interessantes contributos na área do aconselhamento pré-operatório (com um manualzinho para crianças “eu vou ser operado!”, diabetes, cancro, epilepsia, ACV, AVC, obesidade infantil, VIH, crianças infectadas com VIH, transplantes, stress em estudantes de Medicina (estudo de consequências como abuso de substâncias, dificuldades na relação interpessoal, depressão, suicídio).
Abigail e as mulheres " sem voz"!
Encontrei o catalogo de uma exposição de pintura que vimos ainda do Rio. Uns quadros de cores e formas agradáveis (uns mais bem conseguidos do que outros), todos num estilo consistente.
Figuras de mulher, ao estilo anos 20, chiques mas inexpressivas.
A pintora, de nome próprio Abigail (a evocar o árabe, não fora os restantes nomes, entre o indiano e o alemão).
O folheto que acompanha esta exposição de pintura, traz um texto, esse sim assustador, a transparecer problemáticas que gostaríamos de julgar extintas.
O silêncio – Abigail Vasthi Schlemm, 2008
“(…) Nunca pretendi interferir, nem remotamente nos destinos da humanidade. Com a minha arte somente procuro a beleza e a poesia possíveis.
Minhas personagens, às vezes, se confundem comigo. São concentradas, quietas, caladas, fora do ar e do tempo, como quem já não espera. Quase sempre estão de costas para o mundo. Seu universo é pessoal.
Mas elas são instigantes, envolvem, provocam, seduzem. seu silêncio é profundo, patético e profético. Seu silêncio é o silêncio que denuncia a ausência das mulheres na história da humanidade”
Esta descrição corresponde exactamente ao oposto do que se advoga para a promoção da igualdade de género e do bem-estar interpessoal: estas mulheres silenciosas e passivas, quiçá manipuladoras!
De Campo Grande a Campo Grande III
Os meus comentários são inumeráveis mas gostava de regressar a uma conversa que tive com um amigo meu antes de partir.
Em síntese ele perguntava-me “ o que é que uma competição que se passa só entre pessoas com deficiência ( e destas só com algumas deficiências dado que as pessoas com deficiência auditiva ou intelectual não participam) tem a ver com o movimento da Inclusão”? . (….)
Trata-se aqui não de valorizar só a performance humana (um corpo como uma magnífica máquina) mas de valorizar o que é possível fazer face a uma circunstância. Assim, o desporto Paralímpico abre novas perspectivas sobre as possibilidades humanas. Talvez antes desta organização existir não soubéssemos que se pode nadar sem braços ou sem pernas ou mesmo sem uns e outros. (…)
terça-feira, 16 de setembro de 2008
De Campo Grande a Campo Grande
Os Jogos Para-Olímpicos acabaram . Faltam-nos informações sobre a equipa Portuguesa. Deixamos aqui os parabéns à equipa Brasileira, 9 º lugar, 18 medalhas de ouro, 47 medalhas no total. Aqui (finalmente) deu meia página de um jornal, e várias noticias na Televisão.
Morreu Richard Wright dos Pink Floyd e de repente recordo mentalmente o Dark Side of the Moon, que havia lá em casa em versão LP (claro!), e as discussões com o meu irmão que clamava ser ele o proprietário (a propósito “Wish you were here”!)
Era deles a canção que dava como finda a noitada de uma das discotecas muito em voga em Lisboa nos anos 80 (seria o “Jamaica” ou o “Bolero”?), e a visão do Tita, ao rubro, a esbracejar e a gritar “teachers! leave the kids alone!”
O caminho para a Bolívia
A presidente do Chile, Michele Bachelet convocou os chefes de estado da UNASUL / OEA (União das Nações Sul Americanas e Organização dos Estados Americanos) para uma reunião em La Moneda (Santiago do Chile) para debater alternativas e evitar a crise na Bolívia.
Evo Morales foi explicar a situação e obteve completo apoio internacional, na América Latina.
Por aqui ninguém quer uma guerra. Ninguém quer um país dividido.
Hoje com o regresso de Evo Morales à Bolívia esperamos o desenrolar dos acontecimentos.
Quanto a nós, encontrámos uma solução. Vamos tentar atrasar a ida para La Paz, até à última data, correspondente à ida ao Congresso.
Para isso vamos oferecer-nos uns dias de férias no Pantanal e depois vamos pelo Sul, para Asunción no Paraguai (16 horas de onibus!), em vez de entrar directamente na Bolívia.
Dia 26 resolvemos: ou vamos de avião para Cochabamba, já na parte ocidental, e daí para La Paz, ou desistimos de vez e vamos directos para o Peru.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Notícias de Tombowa
Voámos para o sul, para Namibe (antiga cidade de Moçamedes), e depois atravessámos o deserto, em Hiace, que demora 1.30 mns, até Tombwa (antigo Porto Alexandre).
Em Tombwa estivemos 2 semanas, das quais, os primeiros dias foram de choque. As pessoas vivem em casas feitas de adobe, capim e lata, com um compartimento, que serve de cozinha, sala, quarto das famílias e não são de 2 ou 3 pessoas, mas de muitas mais!!! Dormem no chão e na melhor das hipóteses em esteiras. Muitos nem um cobertor têm. E se está frio!!! Casa de banho, não existe! A água, têm que ir buscar longe.
Se alguém fica doente, fica ali mesmo, no chão, no mesmo compartimento, à espera que termine a sua passagem por aqui…Uma das fontes demográficas refere serem 90 mil pessoas a viver em Tombwa, mas não se sabe se é fidedigno.
No grupo com que estive, éramos 8 pessoas, 3 galegas, 3 portuguesas, 1 alemão e 1 inglês. Estes dois últimos deram aulas de inglês, uma moça deu formação de informática, as outras duas de higiene e saúde.
A minha tarefa foi relacionada com os projectos de apadrinhamentos e o de micro créditos.
O projecto de apadrinhamentos, de que vos quero falar, desenvolve-se , até agora, em Espanha e é dirigido a duas povoações angolanas, Tômbua e Lubango.
Consiste em apoiar crianças através de uma contribuição mensal de 18 €.
O dinheiro é transferido para Tombwa e Lubango e aqui as Irmãs que pertencem à Promaica (Organização para a Promoção da Mulher na Igreja Católica), a nossa contra-parte ali, compram comida (fuba, arroz, feijões, sabão, óleo) e pagam a matrícula, o material escolar e a bata das crianças.
Este dinheiro ajuda a criança apadrinhada mas indirectamente também a família na medida em que a alimentação acaba por ser para todos.
Apesar de achar revoltante, sendo Angola um país tão rico, ser necessário recorrer a medidas deste tipo, sei que aquelas pessoas, em concreto, sem ajuda, sofrem muito e terão muita dificuldade em sair daquele ciclo de desgraça.
Por outro lado, a ajuda que damos (18 € por mês) é uma ajuda significativa porque permite, no imediato, não passar fome e alfabetizar crianças.
Talvez algumas delas possam, no futuro, contribuir para a melhoria da sociedade Angolana. A minha avaliação foi de que o projecto é positivo.
Claro que o que está ao nosso alcance é muito pouco e que as questões políticas são determinantes mas não tenho dúvidas que seria muito bom se houvesse muitas mais crianças apadrinhadas.
Portanto, se quiserem participar de alguma maneira, ou conhecerem alguém que queira contribuir com 18 € mensais para uma criança contactem-me e explicar-vos-ei melhor como tudo funciona.
Com alguns de vocês já partilhei muito mais, espero que haja oportunidade de conversar com todos.
Beijinhos, beijinhos, boa semana,
Catarina:)))
De S. José do Rio Preto a Campo Grande
O interior do Brasil. Vista de uma pequena vila ao nascer do sol, tinta da china sobre grafite sobre papel ( tentativa desesperada num onibus aos solavancos)
Mesma vista, agora ao pôr do sol, adivinhe-se os materiais usados...
Polémica à volta do desenvolvimento e preservação socio-cultural.
Loja Maçônica Oriente Maracaju, em Campo Grande
Saída de São José do Rio Preto pela noitinha e chegada de madrugada a campo Grande no Mato Grosso do Sul.
O Inverno aqui tem oscilado entre 30 e 38 graus, ficando-nos a questão de como será o Verão. Mas hoje durante toda a noite trovejou imenso e a temperatura chegou aos 13 graus, acompanhada de chuvinha à chegada a Campo Grande. Por aqui, para fugir aos roteiros mais tradicionais, o modo de viajar é o onibus-executivo, com lugares largos tipo primeira classe de avião, reclináveis a fazer cama, com “banheiro”… barato e muito repousante…
Estamos agora em Campo Grande, a estudar percursos alternativos para atravessar a Bolívia, e mesmo a ida de avião para La Paz, para não deixar a organização do Congresso "pendurada", mesmo isso se torna cada vez mais remoto…
Num primeiro passeio deparámo-nos com dois pormenores curiosos, um grande outdoor a questionar “Para valorizar as etnias é preciso desacelerar o desenvolvimento?”. Tentámos aprofundar esta questão misteriosa.
Justamente num dos últimos números do jornal “ A Folha de São Paulo” este assunto foi abordado num debate tipo o nosso “ Prós e Contras”.
O Brasil tem tido um enorme crescimento económico, neste ano o PIB aumentou quase 6%.
A questão é se este desenvolvimento acelerado, que terá as suas raízes em vários factores entre os quais a exploração petrolífera, tornará não-sustentável a valorização das minorias étnicas no País. O outro lado da questão é alegadamente a vantagem de manter esta parte da população pobre e iletrada.
Como é costume nestas polémicas polarizadas, ambas as correntes de opinião não conversam procurando convergências, e rebatendo os argumentos da outra parte, por isso, para um outsider como nós até parece que cada parte está a falar de um assunto completamente diferente, ignorando a argumentação opositora!
Depararamos mais tarde com um bonito edifício térreo, que ostentava na fachada um baixo relevo com as palavras “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e um cartaz na porta de entrada onde enunciava ser ali a sede da Loja Maçónica Oriente Maracajú , fundada em 1921 e Juridiscionada à Sereníssima Grande Loja Maçónica do Mato Grosso do Sul.
Em Campo Grande tivemos o privilégio de visitar, mesmo nu último dia a primeira Feira Internacional de Artesanato e Decoração Artesanal, com representações de 19 países e 16 estados Brasileiros (Feira Internacional de Artesanato). Portugal estava representado pelos verdadeiros e tradicionais pastéis de Belém, confeccionados no Brasil desde 1935, mas que não vimos porque estavam esgotados, pastéis de Santa Clara (penso que são os da minha terra natal, Coimbra, mas não reconheci…) e os pastéis de Tentúgal na sua versão original e com sabor a maçã (?).
Ainda o caminho para a Bolívia
No Público que consultámos esta manhã não vimos notícias sobre a Bolívia. No entanto por cá ouvimos esta manhã na televisão, que o exército avançou numa tentativa de controlar a situação.
Os opositores de Evo Morales desbloquearam as estradas, e um dos governadores de uma das províncias revoltosas foi detido, o das províncias revoltosas reuniram-se e falam de “ditadura”. Evo Morales apela à serenidade fala de interesses económicos com o apoio dos Estados Unidos e pede ao Brasil que não deixe entrar na Bolívia milícias brasileiras. Registaram-se mais mortes entre a população.
O Presidente Lula foi hoje aceite por ambas as partes como interlocutor e viajou já para o Chile para iniciar esta missão.
Por cá estamos a ver como sair de Campo Grande para Asunción, e como ir de Asunción para o Peru, mas ainda não perdi a esperança de voar para La Paz dia 28, se as coisas serenarem. Ainda iria a tempo de alguma participação.
domingo, 14 de setembro de 2008
De S.José do Rio Preto a S.José do Rio Preto
Em passeio com a Cristina e Neide,
fomos surpreendidos por estas Capivaras, à beira do Rio Preto.
Estranho convívio o deste animal insólito com a população, ali mesmo ao lado, quase no centro da cidade.
Psicologia da Saúde em São José do Rio Preto
A Professora Cristina Miyazaki é uma profissional de renome que regularmente apresenta o seu trabalho pelo mundo, em Congressos na área da Psicoterapia Cognitiva e Comportamental, Medicina do Comportamento e Psicologia da Saúde. Lidera o Laboratório de Psicologia da Faculdade de Medicina São José do Rio Preto (Faculdade de Medicina de S.José do Rio Preto) .
Conheci também a Prof Neide Micelli (Psicóloga) e a Prof Maysa Bianchin (Terapeuta Ocupacional) e falei ainda com vários profissionais e estudantes de pós graduação.
Os cursos de graduação da FAMERP são de Medicina e Enfermagem, mas nos cursos de pós-graduação, juntam-se os profissionais de várias áreas (Medicina,Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Terapia Ocupacional). Nesta reunião visitei ainda o Hospital Escola (Hospital Escola de S.José do Rio Preto)
Aqui, existem cerca de 50 Psicólogos ligados aos vários serviços do Hospital-Escola: Urologia; Pediatria; Pediatria Oncológica; Cirurgia; Obesidade; Neurologia; Genética; Cardiologia; Organizacional e Recursos Humanos, Clínica de apoio psicológico a estudantes.
Para além destes há bolseiros de doutoramento e “Residentes”, uma figura semelhante aos Internatos da Medicina em Portugal, que aqui também incluem os Psicólogos em formação.
Para além da componente clínica e da docência, esta equipa tem ainda uma grande componente de investigação e trabalho na comunidade.
Os Médicos, Enfermeiros, Psicólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais são treinados juntos na pós graduação e assim crescem juntos e aprendem juntos a compreender, respeitar e saber colaborar uns com os outros, respeitando a diferenciação de competências e as mais-valias desta sinergia.
Para a Cristina Miyazaki este é um “ingrediente básico” na boa relação e colaboração entre estes profissionais com formação–base diferente.
A equipa tem várias publicações, entre as quais um livro publicado em 2006 onde se relata esta experiência (Cristina Miyazaki, Neide Micelli Domingos e Nelson Valério (org), Psicologia da Saúde: Pesquisa e Prática, (2006), THS Arantes).
Os cursos de pós-graduação são de vários tipos, alguns dos quais “à distância” embora incluam sessões regulares presenciais.
Tal como em S. Carlos e S.Paulo, vamos desenvolver esforços para o estabelecimento de um convénio de colaboração e partilha de investigação e intercâmbio de estudantes, entre as nossas Instituições.
A Cristina é uma mulher “de armas”, uma pessoa que resolve problemas, e é efectivamente espantosa a organização do serviço que ela lidera aqui em S. José do Rio Preto, e que considerei paradigmática do que pode ser o papel do psicólogo nos serviços de saúde e de como se pode processar a criação de uma linguagem comum e uma gestão de esforços entre os vários profissionais, abrindo possibilidade ao trabalho pluridisciplinar.
Passeamos também em S. José do Rio Preto:
- Boa gastronomia, bom convívio e algumas notas turísticas: à beira rio, a “visão” de um bando de uma vintena de Capivaras, eu diria que adultas, do tamanho de um borrego pequeno mas gorducho, que vivem em perfeito convívio com a população, na margem do Rio Preto.
- As Ipês, árvores lindíssimas da mata atlântica, com flores de cores várias, a mais frequente o amarelo, aqui são brancas (a cor mais rara) e ficam belíssimas a lembrar as amendoeiras em flor, ou árvores com neve, nestes 37 graus…
- Já de táxi para o onibus, conhecemos (ouvimos no taxi) um cantor nascido, criado e falecido em S. José do Rio Preto, o "Tião Carreira" que se celebrizou por cantar cantigas populares com letras críticas à política de Vargas, que tomavam a forma de metáforas para melhor fugir à censura (ouvimos do taxista, enquanto nos mostrava o botequim onde ele passava muito tempo, à beira da estação rodoviária ).
O caminho para a Bolívia
Hoje devemos ter notícias sobre a intervenção militar nas zonas orientais da Bolívia e sobre a evolução do conflito. Fontes bem informadas contactaram-nos no sentido de nos sugerir uma alternativa à travessia da Bolívia neste momento.
Estamos a trabalhar numa alternativa que é seguir para o Paraguai e apanhar voo directo para La Paz, ou, se na próxima semana as coisas não se compuserem, para Cusco no Peru abandonando a passagem pela Bolívia.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
De S.José do Rio Preto a S.José do Rio Preto
Por entre uma visita extraordinária à Faculdade de Medicina de S.José do Rio Preto, Laboratório de Psicologia e Hospital Escolar, de que falarei em breve, a nossa perturbação actual é o prosseguimento da viagem pela Bolívia.
Tínhamos planeado seguir pelo Pantanal até Corumbá e passar para a Bolívia por Puerto Suárez. Seguia-se uma viagem de comboio-cama até Santa Cruz de la Sierra, uma viagem por estrada para Cochabamba, e chegada a La Paz de avião, daqui seguiríamos para Lima por avião, em dois troços. Tudo já planeado, hotéis, viagens de avião, e uma estada de 5 dias em La Paz a visitar projectos na área da saúde e participação num congresso com 3 conferências e um workshop…
Bem… A fronteira de Puerto Suárez/Corumbá está fechada, não há comboio, a estrada de Santa Cruz para La Paz com passagem por Cochabamba está bloqueada, ocupada pelos opositores a Evo Morales.
Em Cochabamba e em La Paz, seguindo um comentário que me enviaram (ver comentário), não há problemas.
A questão que vamos seguindo pelos jornais e noticiários é que 5 das 9 províncias da Bolívia (as mais ricos) querem que os impostos sobre a produção e comercialização do gás natural revertam apenas para os estados produtores. O Governo Central em La Paz, chefiado por Evo Morales, quer redistribuir estes impostos por toda a Bolívia. Mais, quer utilizá-los para fins de benefícios sociais, nomeadamente um subsídio aos maiores de 60 anos.
Os Bolivianos mais pobres, que são também a maioria, moram na parte ocidental e montanhosa da Bolívia. São estes os apoiantes de Evo Morales e a maioria, daí a sua eleição. As restantes 5 províncias querem então autonomia e revoltam-se nas ruas com apoio dos governantes provinciais.
Tem havido tumultos nas ruas, destruições nas ruas e algumas mortes. Ontem explodiu um gasoduto o que está a perturbar o fornecimento de gás natural ao Brasil. Os noticiários apresentam repetidamente imagens de violência de populares nas ruas das cidades orientais, nomeadamente em Pando (onde se registaram as mortes) Tarija e Santa Cruz de la Sierra.
Ontem Hugo Chavez, que responsabiliza o Governo dos Estados Unidos por tudo isto, expulsou o Embaixador dos Estados Unidos em Caracas, como forma de solidariedade para com Evo Morales e veio à televisão com um discurso inflamado entremeado com um par de palavrões ilustrativos da sua revolta.
Vimos hoje no Público que o Governo Português aconselha os cidadãos Portugueses a que evitem a Bolívia.
Agora o nosso problemazinho particular… evitar a Bolívia em bloco? ou tentar chegar à parte ocidental (Cochabamba ou La Paz)? Como?
Podemos contornar a Bolívia pelo Amazonas a norte, ou entrar no Paraguai até Asuncion e depois apanhar um avião, para Cochabamba, para La Paz, ou para Lima… Para ir para Cochabamba ou la Paz o problema é que os aviões fazem escala em Santa Cruz de la Sierra, e o aeroporto está em risco de encerramento….
Ir directo a Lima… é uma pena. Temos grandes expectativas em relação ao trabalho em La Paz, além disso no caminho de La Paz para Lima tínhamos previsto uma visita a Cusco e Machu Pichu… e assim não há como lá chegar… E depois há um conjunto de despesas irrecuperáveis e 3 semanas de viagem a refazer e a repagar…
Aiaiai…
Vamos seguindo as notícias, cheios de prudência e cheios de vontade de tornar possível, no mínimo, ir pelo Paraguai directamente para La Paz.
Alguma dica?
De S. Carlos a S.José do Rio Preto
Temos saudades suas e das suas travessuras!
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
De S.Carlos a S.Carlos III
Aqui o campus ocupa grande parte da cidade e lá dentro há todo um conjunto de Instituições de apoio ao aluno, ao docente, à docência, à investigação e aos serviços de extensão à comunidade. Há instituições bancárias, restaurantes, livrarias e papelarias, uma estação de rádio, uma estação de televisão, uma orquestra e um coro, um teatro, um hospital-escola, um centro de saúde-escola e até uma agência de financiamento à investigação…, tudo dentro da UFSCAR.
Muitos alunos de outras partes do Brasil vivem em residências universitárias, até à graduação. Para os outros há Repúblicas, tal como as conhecemos da cultura Coimbrã. Tal como lá, há um culto corporativo dos alunos que passaram pelas Repúblicas, alunos de Minas Gerais, do Mato Grosso…
Tal como a nossa equipa Aventura Social em Lisboa, a equipa da Zilda e do Almir tem cerca de uma dúzia de alunas de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento, todos com bolsas de investigação. TodOs não, todAs: são na verdade alunas no feminino, apenas um jovem. A nossa equipa em Lisboa tem a mesma proporção. Por onde andam os alunos-investigadores, aqui como aí?
Ontem jantámos juntos!
Radio USFCAR Escute Diferente
Hoje fui requisitada para fazer uma entrevista para a rádio local ( Radio USFCAR- Escute Diferente).
Vamos ter o link directo para a entrevista que vai passar em vários programas, na proxima semana.
Aceitei, um pouco para ser coerente com a minha politica de divulgação do conhecimento, mas francamente tinha-me parecido uma coisa longa (uma hora). Mas os meus entrevistadores, dois jornalistas, eram muito animados e descontraídos e tinham feito um trabalho de pesquisa notável sobre a minha vida e o meu trabalho. Diverti-me imenso “à conversa” ao longo daquela curta hora…
Em passeio com a Zilda descobrimos que a cidade se estende bem para além da rua que já conhecemos e inclui mesmo uma vasta zona verde com laguinhos a pedir longos e saudáveis passeios. A Zilda conta-nos que é uma cidade que permite uma excelente qualidade de vida, sem poluição, sem criminalidade, sem trânsito… Tem também uns excelente “picolés” (gelados de pauzinho, excelentes, directamente da fábrica).
Visitamos o Centro de Saúde–Escola, que fornece serviço à comunidade bem como apoio à docência e à investigação na área da medicina, fisioterapia, psicologia, enfermagem e terapia ocupacional, tal como o Hospital–Escola. Tem vários gabinetes de consulta, vários ginásios com saída directa para a rua (campo exterior para treino), piscina com vidro para fisioterapia, uma unidade de treino de actividades de vida diária (uma meia casa completamente equipada com vidro unidireccional, para treino de pessoas com deficiência mental, ou pessoas em recuperação de lesão motora), tem ainda uma ala para crianças com ludoteca que acabou de abrir, e projecta-se um espaço para design e construção de próteses.
Um “lanche de presunto”, é mesmo uma sandes de fiambre… o pedido “ Um chopp fresquinho”, leva o garçon ao máximo da estupefação “ Um chopp quê? não entendo o que a senhora quer!” e depois aliviado “ ah.. quer um chopp bem geladinho?”.
Não admira que às vezes alguns insistam em falar connosco inglês…
Justamente no fim da tarde num café passava um jogo de futebol no plasma. O garçon meteu conversa gesticulando : “ É Portugal- Dinamarca, está 1-0”. Metemos conversa de volta "Portugal tem também uma famosa selecção de futebol”.
No fim da noite vínhamos de jantar para o hotel e passamos à porta do mesmo café.
O garçon veio a correr para a rua ter connosco a gritar “ 3-2, 3-2, puxa vocês saindo e a Dinamarca pôs-se a marcar, foram 4 golos em 7 minutos, vocês haviam de ver…incrível, o Luizão já está fazendo aquela falta, é mesmo isso”.
O café estava agora cheio e perguntamos que jogo era agora “O Brasil-Bolivia”.
O garçon olhou para nós sorridente “ Os senhores estão mesmo há quanto tempo no Brasil? , "Há 3 semanas”.
“Ó! Puxa gente… imagina …para quem está no Brasil há 3 semanas, vocês falam Português bem para caramba!”.
Enfim é "gostozinho", no Brasil estamos sempre a receber elogios.
Temos uma semana para decidir se cancelamos mesmo a passagem pela Bolívia e se vamos directos ao Peru, se voamos para La Paz directo de Brasilia e evitamos o caminho por terra.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
De S.Carlos a S.Carlos II
Para além das leituras em formato electrónico, trouxe de Lisboa uns livros de papel.
Um dos livros foi "A Matemática das Coisas" do Nuno Crato. Não conheço pessoalmente o Nuno Crato e fiquei a saber, apenas na capa deste livro, que ele trabalha na mesma Universidade do que eu…
Há tempos tinha lido uma crónica do autor, em que ele dissertava sobre os (re)conhecidos males da Educação em Portugal…
Para falar com franqueza, pareceu-me na altura um texto inteligente e denotando um elevado sentido de humor, mas achei-o também uma critica contundente, mas demasiado fácil e demasiado pouco acompanhada de propostas concretas de mudança (tenho para mim, que críticas, na idade adulta, só mesmo acompanhadas de propostas; senão é mesmo só agitar brasas…).
Muita tinta tem corrido sobre a razão do insucesso e (des)gosto dos alunos Portugueses pela Matemática. Ainda hoje li no Público on-line mais achegas a este assunto.
Mas as coisas na Educação não estão todas mal, e uma generalização abusiva só leva a um estado de pânico e insegurança dos pais, desalento dos professores, desinteresse dos alunos e descrédito da população em geral. Há sem dúvida “nichos” péssimos que até poderão azedar tudo à volta, e que têm de ser identificados e debelados, mas o resto (as boas partes), também têm que ser identificadas, reconhecidas e divulgadas.
O Nuno Crato explica com um entusiasmo transbordante, fenómenos matemáticos complexos. O seu livro tem uma leitura muito agradável e simples, com utilidade imediata na análise e compreensão de problemas do quotidiano.
Quando era adolescente, eu tinha um grande fascínio pela matemática e, se o Nuno Crato tem sido meu professor, ele teria sem dúvida mudado o meu futuro.
Passando agora a propostas concretas, o Nuno Crato podia ser encarregado de analisar e fazer propostas para o ensino da Matemática nas escolas Portuguesas. Identificar o que está mal, propor mudanças, e tornar a breve trecho os nossos alunos adeptos fervorosos e entusiastas desta maravilhosa ciência dos padrões, “os padrões matemáticos são afinal padrões necessários da natureza” (NC, pag 192).
Já agora, corroboro um apelo seu, embora não seja um tema central neste livro: a palavra "grama" tem género MASCULINO. Quando se lê “a grama” parece uma desafinação linguística, ou então que estamos a falar de botânica.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
De S. Carlos a S. Carlos
São Carlos foi criada em 1857 por um jovem político e seus irmãos, realizando um desejo antigo de seu pai de estabelecer uma cidade na sua sesmaria. S. Carlos foi o padroeiro.
E uma cidade que, salvo erro, tem uma rua grande, sem encantos de maior e algumas ramificações do mesmo género.
Mas aqui as "pegadas" são de várias espécies. Os exemplos são variados e há uma legenda com a foto correspondente ao exemplar que deixou a "pegada". Deixo aqui dois exemplos, o segundo dos quais achei curioso.
Gresham e Matos
É com prazer que o Grupo RIHS/UFSCar está promovendo um conjunto de atividades sobre Habilidades Sociais para a comunidade acadêmica em agosto e setembro de 2008. Essas atividades incluem a vinda do Prof. Dr. Frank M. Gresham da Universidade de Louisiana ao Brasil e a vinda da Prof. Dra. Margarida Gaspar de Matos da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal.
O Grupo RIHS/UFSCar agradece os apoios recebidos da FAPESP , PPGEEs/UFSCar, PPGPsi/UFSCar e da ABPMC.
Prof. Dr. Frank Gresham
E-mail: gresham@lsu.edu
Profa. Dra. Margarida Gaspar de Matos
Duas grandes Universidades dominam a cidade, uma das quais, a Universidade Federal de S. Carlos ( Universidade Federal de S. Carlos) é a segunda melhor Universidade do Estado de S.Paulo, segundo o ranking hoje publicados no jornal O Estado de S.Paulo.
Meus colegas de já longa data no Departamento de Psicologia e Departamento de Educação Especial desta universidade, a Prof ª Zilda de Prette e o Prof Almir De Prette
Zilda e Almir ambos psicólogos, têm provavelmente a melhor equipa Brasileira no trabalho com promoção de competências pessoais e sociais, também a minha área de doutoramento, com vários projectos de renome internacional RIHS além de uma vastíssima obra em língua portuguesa, que é pena não se encontrarem nas nossas livrarias em Portugal Publicações.
A minha rotina aqui foi ministrar um curso de pós graduação, para alunos de mestrado e de doutoramento em Psicologia e em Educação Especial, na aplicação das metodologias de promoção de competências pessoais e sociais, na promoção da saúde dos alunos, em meio escolar, e organização dos serviços na escola.
Pós Graduação em Psicologia
Pós Graduação em Educação Especial
Para além disto conversei com alunos de doutoramento e discutimos o convénio de colaboração entre a UFSCAR, e a FMH/UTL e o CMDTla. Os alunos de Pós Graduação são muito diferenciados e experientes, e vêm um pouco de todo o Pais para este curso, que teve aqui, antes de mim, o Prof . Graham, uma referência mundial na área.
De S.Paulo a S.Paulo III
A perfeita entrada de fim de semana!!
Um concerto no magnífico Auditório Ibirapuera, da autoria do Niemeyer, para ver a Orquestra da Universidade de S. Paulo (OSUSP), junto com o Nelson Ayres, a tocar/ cantar Villa-Lobos, Edu Lobo e Chico Buarte.
Admirável este auditório, admirável também a música, e ainda admirável a companhia.
A OSUSP foi criada em 1975 pelo Prof. Orlando Paiva, então Reitor da USP.
Investimentos arrojados e futuristas, no que diz respeito à Cultura e às Artes! …
Fica aqui um repto, às nossas Universidades e ao arrojo dos nossos Reitores.
Depois do concerto o típico programa Paulista “pós-concerto” : Pizza, em Pizzaria repleta, pela noite dentro, em alegre cavaqueira à volta das tão já badaladas diferenças e convergências nas culturas luso-brasileiras.
Sábado de manhã assistimos à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, na sua versão Para–Olímpica, e à chegada da chama Olímpica.
Por aqui vimos o desfile da equipa Brasileira.
Penso que o meu colega e amigo Jorge Vilela estará em Pequim, acompanhando a equipa Portuguesa.
Aqui um voto de excelentes provas a todos os nossos atletas.
A cobertura dos Jogos pela comunicação social foi por aqui parca, ao longo do fim de semana. Será que houve melhor cobertura aí em Portugal?
Embu é uma “aldeia-mercado” de artesanato, na periferia de S Paulo, que visitámos no caminho para “ o sítio” da Vivi.
Por aqui “ um sítio” é uma chácara (quinta) grande (ou talvez uma fazenda pequena).
No sítio da Vivi tivemos aulas de Culinária (peixe na grelha com ervas, farofa, picanha, caipira, sopa de caldo, chimarrão- chá de mate verde, aspirado por uma palhinha, doce de leite condensado, cocada, quebra-queixos- doce de coco com ananás).
Seguiram-se aulas de Botânica e Zoologia, em passeio, no contexto natural da Mata Atlântica, um privilégio!
Aprendemos a observar muita vida animal e vegetal própria da Mata Atlântica: tatus, beija-flor, bem-te-vi, gambá, saúva, isto com respeito à fauna; ipê, palmito, araucária (diferente da de Portugal), morango silvestre, orquídeas várias empoleiradas pelas árvores, fetos luxuriantes a embrulhar troncos, para a flora. E tantos outros que a Vivi e o Otávio nos mostraram, à vista ou ao ouvido, e que não conseguimos memorizar.
Tivemos ainda "aulas" de cultura musical brasileira, sempre ao som de música brasileira, de MPB (Música Popular Brasileira) e Bossa Nova.
O Bossa Nova tem um ritmo impressionante, que se gosta de imediato e que se aprende a gostar cada vez mais.
Este ano os brasileiros celebram os 50 anos do aparecimento do Bossa Nova e o assunto tem vindo a ser debatido. Mas a nossa perplexidade não acaba aqui.
Esta música mágica, de ritmo complexo é considerada uma música genial mas …elitista, conservadora, afastada das preocupações da população.
Lembrei-me do José Duarte nos seus “5 minutos de Jazz”, quando há décadas dizia no seu programa qualquer coisa como “ sempre houve, em todos os tempos, uma elite musical… e em todos os tempos a população em geral necessitou de uma música”…
Enfim, não é simples !
Pois bem, Bossa Nova será conservadora, apelará ao romantismo e à inércia social, terá mesmo justificado da Nara Leão a expressão “ Agora já chega de Bossa Nova!”.
Mas é tão, tão, mas tão envolvente!
Um fim de semana inesquecivel, na melhor companhia!
Saímos no fim do dia de São Paulo e continuamos a nossa viagem para o interior, mais duzentos e tal quilómetros, até S. Carlos.
Para já ainda não vimos nada para além de um jantarinho simples de carne seca à mineira no bar restaurante Trem Bão, que estava cheio de juventude. Delicioso e muito bom preço.